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Tinha que ser você

Tinha que ser vocêHá argumentos em que é necessário coragem para explorar aquilo que a história pede de fato. Tinha que ser você é um desses filmes, uma pena que o diretor e roteirista Joel Hopkins não teve a mesma coragem de Richard Linklater (Antes do Amanhecer e Depois do Pôr do Sol). A história se resume no encontro de duas pessoas, sua troca de experiências, diálogos, desfecho. Simples assim. Ainda mais tendo nas mãos dois grandes atores como Dustin Hoffman e Emma Thompson. Nada mais era preciso para um filme fenomenal. O problema é que Hopkins acha que isso não é o suficiente e acaba construindo uma montagem que insiste em sair desse enquadramento, explorando subtramas sem graça, fazendo ceninhas clichês de troca de roupa, a la Uma linda mulher, e passeios no parque com trilha sonora cafona.

Harvey e Kate são duas pessoas maduras e frustradas. Ele, um músico de jazz frustrado que trabalha criando jingles. Ela, uma funcionária de um centro de pesquisas de um aeroporto em Londres. Separado, Harvey vai a capital inglesa para o casamento de sua filha, mas descobre lá que não faz mais parte da família, a ponto da moça preferir que o padrasto a conduza ao altar. Solteirona, Kate tem que atender ao telefone de dois em dois minutos para consolar a mãe igualmente solitária e superprotetora, além de suportar suas colegas de trabalho tentando lhe conseguir um namorado a todo custo.

Dustin Hoffman e Emma Thompson

A primeira parte do filme é a apresentação desses dois personagens e seus dramas, em uma montagem em paralelo até interessante, mas clássica demais. Fico imaginando se não seria melhor ir direto ao ponto. Se o filme começasse naquele bar do aeroporto, onde o casal se conhece e começa o flerte. A partir da conversa e gestos, iríamos conhecendo suas histórias e nos apaixonando junto com eles. Porque a melhor coisa do filme é quando os dois estão juntos permitindo que Hoffman e Thompson possam expor todo o seu talento, nos encantando com cada frame.

O problema é que depois que eles se encontram, não podemos ficar ali, observando o desenlace da história. A toda hora somos interrompidos por exemplo por uma mãe "chata" com medo de seu vizinho churrasqueiro. Ou por um incidente sem muito nexo do protagonista que só aumenta o clichê. Ou pior ainda, pela sequência insana de Kate experimentando roupas esdrúxulas para ir ao casamento da filha de Harvey. Fiquei até esperando o fundo musical com os acordes iniciais de "Pretty Woman". Sinceramente, não dá para entender aquilo. Da mesma forma que não dá para entender a cena em que os dois saem da festa para ele tocar piano. Sim, eles precisavam ter momentos de intimidade. Só que Hopkins tinha 90 minutos para isso e preferiu privilegiar outras bobagens, ali ficou deslocado, forçado mesmo.

No geral, Tinha que ser você é um filme que poderia ter sido. Ainda assim, é muito bom de assistir pela interpretação dos dois atores e pela força do argumento. A gente se apaixona sem nem perceber o porquê. E é tão bom ver Emma Thompson em um papel digno de seu talento que todo o resto vira supérfluo.

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