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Aula com O Discurso do Rei

O Discurso do ReiLevei meus alunos do sétimo semestre do curso de Publicidade e Propaganda da IBES para uma sessão de O Discurso do Rei. A idéia era apresentar o filme com maior número de indicações ao Oscar e um dos favoritos ao título, para esquentar o início do semestre. Não quis emitir muita opinião sobre o filme antes, nem depois da sessão para não influenciá-los. Como tarefa de casa, pedi que cada um escrevesse uma resenha sobre o que achou do filme, era uma forma de sentir o feedback da turma e poder trabalhar melhor com eles. Os textos foram bem variados, alguns seguiram pelo caminho esperado de resumir a história e analisar apenas a narrativa, mas alguns procuraram fazer um exercício de linguagem, citando movimentos de câmera, enquadramento, direção de arte e figurino. A interpretação dos atores, claro, foi bastante citada também. Dois alunos fizeram uma crítica mais embasada, nitidamente com uma bagagem cinematográfica maior.

Achei interessante que, no geral, a turma concordou ser um ótimo filme e até mesmo motivador. Um deles deixou claro não gostar do gênero e um aluno detalhou melhor seu incômodo que encontra coro na maioria das críticas negativas a obra de Tom Hooper. Ele destacou a ausência da simpatia por Hitler de Edward, que chegou a visitar o líder nazista com sua esposa, chamando esse detalhe de covardia, assim como apontou, a meu ver acertadamente a interpretação equivocada de Timothy Spall que dá um ar caricato a uma das figuras mais importantes da Segunda Guerra Mundial: Winston Churchill. O personagem ficou uma sombra do que seria o futuro primeiro ministro. Agora, não sei se esses pontos chegam a ser um erro absoluto de construção fílmica, mas uma escolha. Tom Hooper e David Seidler escolheram focar seu filme na questão da gagueira. A questão histórica, então, ficou totalmente em segundo plano. Este seria o verdadeiro incômodo de quem aponta os problemas do filmes, pois ele nos envolve neste fato, desviando nossa atenção de situações mais importantes que aconteciam naquela época. Mas, era para ser um filme sobre o problema e o discurso do rei, ponto. E neste ponto, ele é perfeitamente bem sucedido. Se a gente gosta ou não, é outro caso.

Para prestigiar meus alunos que encararam com bom humor uma sessão de cinema e uma resenha no primeiro dia de aula, deixo aqui um trecho de cada texto, para vocês verem um pouco de suas opiniões. Deixando claro que todos autorizaram a publicação e que algumas coisas foram editadas pela falta de espaço.

"Em uma época de exaltação aos efeitos especiais, técnicas 3D e aos roteiros com cronologia desconstruída, o filme O Discurso do Rei vem com um ar dos velhos clássicos Hollywoodianos, porém prendendo a atenção do público mesmo que com roteiro simples e previsível. (...) Outro ponto é a surpreendente virada na carreira da atriz Helena Bonham Carter, que nos deixou acostumados a vê-la em papéis sempre um tanto quanto excêntricos. Agora aparece em um papel simples, maduro e épico, como uma boa mãe, esposa e mulher (…) Com certeza, o resultado deste filme se deve a um conjunto de fatores minimalistas que possibilitaram a sensação de surpresa mesmo se sabendo bem o final” - Martoni Costa
Fotos por Camila Oliveira, Espaço Z
Foto por Camila Oliveira, Espaço Z

“É uma produção bastante complicada, pelo ambiente, figurino, pós-produção, através disso, seu contexto histórico se apresenta rico e ainda mais em conjunto com 'A Rainha' uma continuação respeitável que fala da vida de sua filha Elizabeth... enredo que não deixa o espectador cansado, memorável, bonito e sem apelos.” - Gleidson Moreira dos Santos

"A força de vontade, determinação e superação são características que o filme transmite através do seu ator principal (o rei) para o seu público, fazendo com que o público fique na expectativa para saber de qual maneira ele irá conseguir superar suas dificuldades...com excelente atuação mostra também como é importante ter uma boa comunicação para que se divulguem suas idéias e sendo assim, serem entendidos pelo seu público" – Everton Suzart

"O filme é muito interessante, uma história de superação e autoconfiança, o ato de amizade que o terapeuta da fala com métodos pouco ortodoxos e sem treinamento formal tem com o George fez com que a autoconfiança dele fosse exposta, ele mesmo não acreditava que poderia conseguir falar. Isso na minha opinião foi o fator determinante para o sucesso da terapia." - Lucas Neves

"Filmes de época nunca foram os meus favoritos. Nunca me interessei muito, na verdade, por achar que embora com todos os recursos e arquivos nunca conseguiriam reproduzir uma época ou momento. (...) Mas, isso não diminui o meu respeito pelo filme, achei bom até, embora demasiado parado em certas partes. (...) Gostei da forma como o filme trata o rádio como veículo para as massas e a necessidade que se criou de fazer os discursos por via do aparelho. Uma parte que gostei muito foi como o rei se impressiona não com o perigo que representa Hitler, mas com a sua capacidade de discursar tão bem." - Neidson Cruz

"O Discurso do Rei é um filme que retrata com dramaticidade o lado mais humano da realeza. (...) Um filme indicado a vários prêmios, prende o espectador também por cenas com muito bons enquadramentos e closes em detalhes (...) sem mencionar a história em si que mostra amizade, cumplicidade e superação." - Adla Santana Santos

Fotos por Camila Oliveira, Espaço Z
Foto por Camila Oliveira, Espaço Z

"O filme retrata a diferença entre as classes sociais, além do cotidiano de um indivíduo da realeza. Mostra que, como todo mundo, ele pode ter problemas comuns, problemas na fala, problemas na relação com sua família, além da desestrutura psicológica." - João Carlos

"Esse filme é uma lição de vida, provando que quando a gente vai em busca dos nossos objetivos o resultado é muito satisfatório, também reforça a importância da boa comunicação em qualquer época. Assim, entendo que O Discurso do Rei é uma ótima opção para toda a família." - Ronieli Mendes

"O filme mostra a amizade que cresceu repentinamento entre o especialista e o duque de York, e que com muita paciência conseguiu amenizar o problema do duque fazendo com que o mesmo conseguisse falar em público com mais firmeza perante o país." - Naira de Jesus Santana

“É interessante que O discurso do rei e A Rede Social tenham muito mais em comum do que seu favoritismo ao Oscar deste ano. Estão tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes um do outro. Próximos por que ambos tratam de figuras reais que tiveram suas vidas alteradas significativamente por um meio de comunicação, o rádio e a internet respectivamente. E distante assim como o tempo que separa as duas eras, pois O Discurso do Rei parece preso à época em que sua história se passa, sendo que A rede social é ambiciosamente contemporâneo, não só no tema, mas na maneira como é dirigido. (...) Como não gostar de um filme com produção tão caprichada, atuações louváveis e uma história de superação que é de total certeza que o público vá se identificar? É difícil errar numa produção dessas. Talvez aí justamente resida o meu problema com o filme. Nem todos os atributos podem tornar um, novamente bom filme, numa grande obra memorável. (...) É fórmula demais, receita e bolo. (...) Colocar protagonista no canto do quadro a toda hora? Seguir os personagens enquanto conversam para dar agilidade à cena? Não convence. (...) Enfim, acho que filmes como este (e não me refiro ao tema ou nacionalidade, e sim ao formato) embora sempre eficientes, devem ficar no passado.” - Rodrigo Reis

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