Pra que serve o roteirista

Pense rápido, quantos roteiristas você poderia citar por nome? Falo apenas de roteiristas, não de diretores autores a exemplo de Woody Allen, Quentin Tarantino, os irmãos Coen, Steven Spielberg, entre tantos outros. É um fato inconteste. O roteirista profissional não é uma das profissões mais valorizadas do cinema. Isso vem de longe, desde a formatação da sétima arte, afinal, tudo surgiu com uma câmera na mão, ou melhor, no tripé. A função do roteirista só começou a ser percebida tempos depois e sempre foi contestada, como na teoria do autor do grupo da Nouvelle Vague.

Toda essa introdução é apenas para alertar: ser roteirista não é fácil. Ainda mais no Brasil, onde a industrialização do cinema ainda é algo utópico e as funções muitas vezes se misturam. São raros profissionais como Luiz Bolognesi, roteirista conceituado que conseguiu sobreviver no cenário apenas escrevendo. Vide exemplos como o de João Emanuel Carneiro, que mesmo com o sucesso do roteiro de Central do Brasil, preferiu migrar para a televisão onde seria mais valorizado, conforme declaração dele próprio.

Luiz Bolognesi

Por que ser roteirista de cinema, então? Porque é um sonho, uma vocação, um caminho, uma escolha, mas principalmente uma necessidade. À exceção dos gênios que fazem tudo muito bem, é importante ter funções específicas em cada filme, onde especialistas se debruçam sobre determinado aspecto e desenvolvem o melhor para o projeto. Um roteiro é mais do que uma ideia interessante de uma história envolvente. É um planejamento, uma construção de estrutura, um pensamento lógico, um aprimoramento constante.

Nesse ponto, é importante ressaltar que mesmo sem nunca pisar em um set de filmagem, os roteiristas que quiserem sobreviver precisam compreender o processo de produção, ter uma noção de como tudo acontece e como podem facilitar orçamento, execução e até mesmo finalização de uma obra. Isso não quer dizer que não se possa sonhar e ser criativo. Pelo contrário, a criatividade está em inovar dentro dos limites impostos pela produção. Claro que essa pode ser a função do diretor ou mesmo do produtor, mas se a solução já vier do roteiro e da construção primária da ideia, melhor. Assim, já nasce consistente.

Afinal, a criatividade está em reconstruir com uma nova visão diante das experiências vistas e vividas. Não é um mistério, um sopro divino. É treino, trabalho, observação, compartilhamento de visões. Foi pensando nisso que criei o curso Soluções em Roteiro. Um curso para roteiristas, mas pensando na produção, no objetivo além do papel, afinal, um roteiro não é o final de um processo literário, mas o início de um processo audiovisual.

O objetivo do curso é pensar e estimular este tipo de solução criativa a depender de cada caso. E é destinado a qualquer pessoa que tenha interesse em produzir filmes. Estudantes de audiovisual em geral, roteiristas com problemas em encontrar caminhos para produção, produtores com problemas de verba para seus projetos. Realizado na Casa das Artes de Salvador, o curso começa na próxima segunda-feira, dia 09 de julho, às 19h.

Curso: Soluções em Roteiro
Com: Amanda Aouad
Quando: 09/07 a 30/07/2012
Horário: 19h às 22h
Maiores informações, basta clicar aqui.