E domingo acabou o In-Edit Brasil, com a sessão de A Band Called Death, sobre o grupo punk rock de Detroit que deixou como registro apenas uma demotape gravada em 1975 e encontrada 40 anos depois. Não pude conferir esse documentário, nem muitas outras atrações do Festival, mas o saldo é positivo. Além dos quatro filmes que já falei aqui e do documentário vencedor do Oscar de 2014 que falarei em outra postagem, pude conferir ainda Good Ol´Freda, sobre a secretária dos Beatles e Vive Le Rock, um média sobre uma banda baiana na Itália que mistura ficção com realidade.Tudo isso traduz um pouco o espírito do In-Edit, esse festival de documentários musicais que mistura tantas experiências, conhecidas ou não e nos fazem viajar por um mundo sonoro. Nós, do CinePipocaCult temos um carinho especial pelo evento, tanto que sempre fizemos questão de estar por lá, prestigiando e festejando junto aos realizadores. Agora é esperar que ano que vem venham boas novas.
Good Ol´Freda
O documentário traz a história da secretária Freda Kelly que durante 11 anos foi a secretária dos Beatles cuidando de toda a sua comunicação e presidindo o fã-clube da banda.
É um documentário extremamente simples em termos de linguagem, com Freda, a maior parte do tempo sentada em seu sofá e imagens de arquivo. Temos alguns outros depoimentos também. Porém, o foco é mesmo nela. E quem vai se interessar pela hitória de uma secretária, ele pergunta em determinado momento. Depende da secretária. E Freda demonstra através de sua discrição, que esteve sempre no centro da banda mais famosa do mundo acompanhando de camarote todos os acontecimentos.
É gostoso acompanhar seus relatos, rememorar os passos dos garotos de Liverpool e compreender melhor o fanatismo das milhares de pessoas que enviavam cartas e sonhavam com algo de especial. Em dado momento, Freda conta como demitiu suas ajudantes porque uma estava enviando o cabelo da irmã como se fosse de Paul McCartney a uma fã. Isso demonstra o caráter e a ética de Freda, além de seu respeito para com os fãs em geral. Ela mesma diz em determinado momento que era quem entendia as fãs, porque ela também era uma fã da banda. Ia a praticamente todos os shows do Cavern Club antes de conseguir o emprego e sempre disse que eles seriam famosos. Ela só não imaginava o quanto.
De qualquer maneira, o filme funciona como uma boa recordação, com algumas revelações, mas nada que mude a história da banda, ou mesmo experimente alguma linguagem especial. Funciona como uma boa história, acompanhada de excelente músicas, já que é repleta de músicas dos Beatles, e como uma gostosa rememoração para os fãs da banda. O que já é bastante divertido.
Good Ol´Freda (2013 / UK / EUA)
Direção: Ryan White
Duração: 86 min.
Vive Le Rock
Em determinado momento, o personagem Alex tenta definir o filme Vive Le Rock. É um documentário, mas tem uma história. "Ah, é um mockumentary", diz um artista. "É um rockmentary", ele responde.
Na verdade, o filme de Alessandro Valenti tenta documentar o cenário do rock alternativo na Itália, acompanhando, principalmente, uma banda de jovens baianos que estão por lá. Porém, tudo isso é contado pelo olhar desse homem, Alex, que estava deprimido e chegou a tentar o suicídio, mas foi salvo pelo espírito do rock. A ideia é interessante e tem muitas cenas divertidas. Mas, no geral, o filme se perde nessa encenação quase tola, principalmente na parte final. Alex acaba não sendo um personagem tão crível, muitas cenas soam fake e isso prejudica a proposta.
De qualquer maneira, é curioso ver as bandas de rock italianas e até mesmo a banda baiana Vivendo do Ócio, que demonstra um bom som. Só nos dá a certeza de que o mundo e o cenário musical são mesmo muito amplos e nunca conseguiremos conhecer nem uma pequena parte dele.
Veja o clipe de Bomba Relógio, da banda Vivendo do Ócio, com cenas do filme.
Vive Le Rock (2013 / Itália)
Direção: Alessandro Valenti
Duração: 45 min.
