As Tartarugas Ninja
Quando saíram as primeiras notícias de que Michael Bay iria produzir um novo filme das tartarugas ninja, muita gente esperou o pior. Ainda mais com a escalação de Jonathan Liebesman para dirigir. As primeiras imagens deixaram os fãs dos quadrinhos e desenhos revoltados. Mas, no final das contas, o filme não é ruim. Tem problemas, mas consegue bons momentos.
A história é aquela mesma. Vivendo nos esgotos de Manhattan, quatro jovens tartarugas mutantes, treinadas na arte do kung-fu, Leonardo, Rafael, Michelangelo e Donatello, junto com seu sensei, Mestre Splinter, tem que enfrentar o mal que habita cidade. Ao seu lado, uma repórter ávida por seu lugar ao sol, April O'Neil, tenta convencer a todos que não está louca em sua teoria de heróis mascarados.
O filme tem um prólogo bastante funcional, construído em quadrinhos com a narração do Mestre Splinter falando às tartarugas, seus filhos, sobre sua criação e os perigos da superfície. É uma solução fácil para resumir a questão, apresentando os personagens e ambientando o público na trama, caso não tenham tido contato com as obras anteriores.
A partir daí, temos uma introdução com um tom bastante realista, mostrando o caos na cidade, a ameaça da Clã do Pé, a ação da polícia e dos jornalistas. April O'Neil é apresentada em sua busca eterna pela grande notícia e o clima de tensão é grande, com fotografia pesada, muita chuva, cenas noturnas e um tom sombrio. Uma busca realista ao extremo que é quebrada quando aparece pela primeira vez na tela as tartarugas.
Até então, só víamos vultos e pequenas partes de seus corpos. Isso ajuda no suspense e mantém o tom realista, nos preparando para o que vem. Até que aquele ser em CGI aparece em sua tela. Uma tartaruga gigante, toda equipada e literalmente dizendo: somos tartarugas mutantes, adolescentes... e ninjas. A apresentação do nome completo, "Teenage Mutant Ninja Turtles", é uma homenagem e também uma forma de brincar com o ridículo que parece diante de um cenário tão real. Mas, mesmo rindo de si mesmo neste momento, o filme continua insistindo em alternar a sátira com o tom sério.
Afinal, é complicado ser completamente realista e sombrio diante de tartarugas assim. Eles são adolescentes, brincalhões, atrapalhados, com nomes de artistas renascentistas. Não dá para construir um roteiro levando isso tão a sério. Fica um filme esquizofrênico entre o sisudo e a piada. Ações são cortadas literalmente com cenas pastelões que funcionariam com o personagem, mas soam estranhas no contexto.
Isso sem falar que o roteiro é preguiçoso e com pouca novidade para os que já conhecem a trama. Aliás, mesmo para os que não conhecem, fica meio óbvio alguns detalhes que eles tentam esconder como o parceiro do vilão Destruidor. O plano também não é dos mais originais e já vimos por aí, em outras tramas e quadrinhos. Mas, isso nem seria um problema se o plot fosse desenvolvido de uma maneira mais fluída e inteligente.
A própria April O'Neil é contraditória. Por que, por exemplo, ela não mostrou a foto que tirou para sua chefa Bernadette Thompson? Falando nas personagens, é uma pena ver Whoopi Goldberg em uma participação tão pequena, enquanto Megan Fox retorna como mais uma heroína de filmes de ação. Nada contra a moça, mas sua inexpressividade, seja lembrando do pai, fugindo de uma bomba ou vendo uma tartaruga gigante falando em sua frente, parece tornar tudo ainda mais linear.
A produção, no entanto é bem feita. Os efeitos que recriam as tartarugas nos espaços é bom. Longe do primor dos macacos, mas a contento. A ação tem momentos interessantes. Melhores na apresentação que no desenvolvimento ou desfecho, mas tem seus momentos. A trilha é pouco inspirada e a fotografia é assinada pelo brasileiro Lula Oliveira, capaz de trabalhos mais autorais e criativos, mas que cumpre aqui a necessidade do projeto, típico da indústria e seu produtor. Mas, até pela forma como ele recria os espaço de maneira realista, entre sombras, chuvas e esgotos, demonstra seu bom trabalho.
No final das contas, As Tartarugas Ninja é isso. Um blockbuster que visa o simples entretenimento e também a nostalgia de um certo público com referências e piadas quase internas. Não exijamos muito dele.
As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles, 2014 / EUA)
Direção: Jonathan Liebesman
Roteiro: Josh Appelbaum, André Nemec, Evan Daugherty
Com: Megan Fox, Will Arnett, William Fichtner
Duração: 101 min.
A história é aquela mesma. Vivendo nos esgotos de Manhattan, quatro jovens tartarugas mutantes, treinadas na arte do kung-fu, Leonardo, Rafael, Michelangelo e Donatello, junto com seu sensei, Mestre Splinter, tem que enfrentar o mal que habita cidade. Ao seu lado, uma repórter ávida por seu lugar ao sol, April O'Neil, tenta convencer a todos que não está louca em sua teoria de heróis mascarados.
O filme tem um prólogo bastante funcional, construído em quadrinhos com a narração do Mestre Splinter falando às tartarugas, seus filhos, sobre sua criação e os perigos da superfície. É uma solução fácil para resumir a questão, apresentando os personagens e ambientando o público na trama, caso não tenham tido contato com as obras anteriores.
A partir daí, temos uma introdução com um tom bastante realista, mostrando o caos na cidade, a ameaça da Clã do Pé, a ação da polícia e dos jornalistas. April O'Neil é apresentada em sua busca eterna pela grande notícia e o clima de tensão é grande, com fotografia pesada, muita chuva, cenas noturnas e um tom sombrio. Uma busca realista ao extremo que é quebrada quando aparece pela primeira vez na tela as tartarugas.
Até então, só víamos vultos e pequenas partes de seus corpos. Isso ajuda no suspense e mantém o tom realista, nos preparando para o que vem. Até que aquele ser em CGI aparece em sua tela. Uma tartaruga gigante, toda equipada e literalmente dizendo: somos tartarugas mutantes, adolescentes... e ninjas. A apresentação do nome completo, "Teenage Mutant Ninja Turtles", é uma homenagem e também uma forma de brincar com o ridículo que parece diante de um cenário tão real. Mas, mesmo rindo de si mesmo neste momento, o filme continua insistindo em alternar a sátira com o tom sério.
Afinal, é complicado ser completamente realista e sombrio diante de tartarugas assim. Eles são adolescentes, brincalhões, atrapalhados, com nomes de artistas renascentistas. Não dá para construir um roteiro levando isso tão a sério. Fica um filme esquizofrênico entre o sisudo e a piada. Ações são cortadas literalmente com cenas pastelões que funcionariam com o personagem, mas soam estranhas no contexto.
Isso sem falar que o roteiro é preguiçoso e com pouca novidade para os que já conhecem a trama. Aliás, mesmo para os que não conhecem, fica meio óbvio alguns detalhes que eles tentam esconder como o parceiro do vilão Destruidor. O plano também não é dos mais originais e já vimos por aí, em outras tramas e quadrinhos. Mas, isso nem seria um problema se o plot fosse desenvolvido de uma maneira mais fluída e inteligente.
A própria April O'Neil é contraditória. Por que, por exemplo, ela não mostrou a foto que tirou para sua chefa Bernadette Thompson? Falando nas personagens, é uma pena ver Whoopi Goldberg em uma participação tão pequena, enquanto Megan Fox retorna como mais uma heroína de filmes de ação. Nada contra a moça, mas sua inexpressividade, seja lembrando do pai, fugindo de uma bomba ou vendo uma tartaruga gigante falando em sua frente, parece tornar tudo ainda mais linear.
A produção, no entanto é bem feita. Os efeitos que recriam as tartarugas nos espaços é bom. Longe do primor dos macacos, mas a contento. A ação tem momentos interessantes. Melhores na apresentação que no desenvolvimento ou desfecho, mas tem seus momentos. A trilha é pouco inspirada e a fotografia é assinada pelo brasileiro Lula Oliveira, capaz de trabalhos mais autorais e criativos, mas que cumpre aqui a necessidade do projeto, típico da indústria e seu produtor. Mas, até pela forma como ele recria os espaço de maneira realista, entre sombras, chuvas e esgotos, demonstra seu bom trabalho.
No final das contas, As Tartarugas Ninja é isso. Um blockbuster que visa o simples entretenimento e também a nostalgia de um certo público com referências e piadas quase internas. Não exijamos muito dele.
As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles, 2014 / EUA)
Direção: Jonathan Liebesman
Roteiro: Josh Appelbaum, André Nemec, Evan Daugherty
Com: Megan Fox, Will Arnett, William Fichtner
Duração: 101 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
As Tartarugas Ninja
2014-08-15T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
acao|critica|Jonathan Liebesman|Megan Fox|Will Arnett|William Fichtner|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
mais populares do blog
-
Em seu quarto longa-metragem, Damien Chazelle , conhecido por suas incursões musicais de sucesso, surpreende ao abandonar o território da me...
-
Os Batutinhas , lançado em 1994, é uma obra cinematográfica que evoca nostalgia e diversão para aqueles que cresceram assistindo às aventura...
-
Cinco pessoas em uma sala precisam decidir sobre uma obra com questões raciais . Três dessas pessoas são brancas e duas negras. As três prim...
-
Uma família padrão, uma casa dos sonhos, a paz de ter suas necessidades atendidas e sua vida ajustada à expectativa do que prometeu o govern...
-
Garfield , a icônica criação de Jim Davis , ganhou vida nas telonas em 2004, sob a direção de Peter Hewitt . O filme , baseado nas tirinhas ...