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Joseph Fiennes
Juan Pablo Buscarini
Megan Charpentier
Tom Cavanagh
O Inventor de Jogos
O Inventor de Jogos
Não há como assistir O Inventor de Jogos e não lembrar de Harry Potter. Guardadas as devidas proporções, o garoto fica órfão, vai para uma escola estranha e descobre que é descendente de uma família de inventores de jogos famosos. Além, claro de ter que enfrentar o grande Morodian que quer a todo custo cumprir uma maldição.
Não li o livro de Pablo De Santis, que originou essa história, mas as possíveis inspirações no bruxinho inglês não me incomodam. O problema é a confusa condução do roteiro que não nos dão o tom da trama, criando estranhamentos e mudanças bruscas como se cada episódio da jornada de Ivan fosse uma etapa de um jogo pouco preocupado com a narrativa e focado em passar de fase. Não dá tempo de vivenciar cada questão, sendo utilizado o recurso da explicação verbal a todo momento.
Primeiro, temos um garoto que gosta de inventar jogos e participa de um concurso. Depois temos um garoto que ficou órfão e foi internado em uma escola estranha, com professores e instrutores que mais parecem zumbis e colegas rivais que o perseguem. Depois temos um garoto em uma cidade que já foi referência de jogos e hoje parece uma cidade-fantasma. Por fim, um garoto em um parque temático sobre sua própria vida, enfrentando um vilão obcecado.
Cada uma dessas etapas é construída de maneira superficial, utilizando muito o recurso da fala para nos explicar literalmente o que acontece. É difícil embarcar na proposta que nos dá convites pouco convincentes de que aquele mundo possa ser real. Falta verossimilhança em quase tudo. A suspensão da realidade podeira ser compreendida, se trabalhasse melhor seus elementos. Do jeito que aparece, fica apenas uma estética excêntrica para chamar a atenção.
O vilão Morodian também é mal construído. Suas ambições e ações são contraditórias. A própria história pregressa que justifica sua existência é frágil e faz pouco sentido. Da mesma forma que sua relação com a escola e o estranho diretor. Parece tudo, de fato, criado pela imaginação de uma criança, com tons exagerados e explicações rasas, sendo apenas por ser. Se tudo fizesse parte da visão e imaginação de Ivan, faria sentido, como temos na trama nacional de Eu e Meu Guarda-Chuva. Mas, pelo menos aqui, não é o que parece.
Da mesma forma que a cidade Zyl não nos parece real. Nem na situação que está atualmente, nem no meu passado glorioso. Fica algo como o mundo de Oz, ou o País das Maravilhas de Alice, em uma suspensão total da realidade que não parece crível da forma como é apresentada.
Apesar disso, percebe-se que aquele universo tem potencial. Melhor trabalhado poderia ser uma aventura fascinante iguais às referências citadas. Do jeito que se apresenta, no entanto, parece uma mistura pouco trabalhada e com excesso de didatismo e explicações verbais que nos cansam e não nos envolvem de fato no drama do protagonista. A sensação é de que vimos um rascunho de uma obra inacabada.
O Inventor de Jogos (The Games Maker, 2014 / EUA)
Direção: Juan Pablo Buscarini
Roteiro: Juan Pablo Buscarini
Com: Joseph Fiennes, Tom Cavanagh, Megan Charpentier
Duração: 111 min.
Não li o livro de Pablo De Santis, que originou essa história, mas as possíveis inspirações no bruxinho inglês não me incomodam. O problema é a confusa condução do roteiro que não nos dão o tom da trama, criando estranhamentos e mudanças bruscas como se cada episódio da jornada de Ivan fosse uma etapa de um jogo pouco preocupado com a narrativa e focado em passar de fase. Não dá tempo de vivenciar cada questão, sendo utilizado o recurso da explicação verbal a todo momento.
Primeiro, temos um garoto que gosta de inventar jogos e participa de um concurso. Depois temos um garoto que ficou órfão e foi internado em uma escola estranha, com professores e instrutores que mais parecem zumbis e colegas rivais que o perseguem. Depois temos um garoto em uma cidade que já foi referência de jogos e hoje parece uma cidade-fantasma. Por fim, um garoto em um parque temático sobre sua própria vida, enfrentando um vilão obcecado.
Cada uma dessas etapas é construída de maneira superficial, utilizando muito o recurso da fala para nos explicar literalmente o que acontece. É difícil embarcar na proposta que nos dá convites pouco convincentes de que aquele mundo possa ser real. Falta verossimilhança em quase tudo. A suspensão da realidade podeira ser compreendida, se trabalhasse melhor seus elementos. Do jeito que aparece, fica apenas uma estética excêntrica para chamar a atenção.
O vilão Morodian também é mal construído. Suas ambições e ações são contraditórias. A própria história pregressa que justifica sua existência é frágil e faz pouco sentido. Da mesma forma que sua relação com a escola e o estranho diretor. Parece tudo, de fato, criado pela imaginação de uma criança, com tons exagerados e explicações rasas, sendo apenas por ser. Se tudo fizesse parte da visão e imaginação de Ivan, faria sentido, como temos na trama nacional de Eu e Meu Guarda-Chuva. Mas, pelo menos aqui, não é o que parece.
Da mesma forma que a cidade Zyl não nos parece real. Nem na situação que está atualmente, nem no meu passado glorioso. Fica algo como o mundo de Oz, ou o País das Maravilhas de Alice, em uma suspensão total da realidade que não parece crível da forma como é apresentada.
Apesar disso, percebe-se que aquele universo tem potencial. Melhor trabalhado poderia ser uma aventura fascinante iguais às referências citadas. Do jeito que se apresenta, no entanto, parece uma mistura pouco trabalhada e com excesso de didatismo e explicações verbais que nos cansam e não nos envolvem de fato no drama do protagonista. A sensação é de que vimos um rascunho de uma obra inacabada.
O Inventor de Jogos (The Games Maker, 2014 / EUA)
Direção: Juan Pablo Buscarini
Roteiro: Juan Pablo Buscarini
Com: Joseph Fiennes, Tom Cavanagh, Megan Charpentier
Duração: 111 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Inventor de Jogos
2014-10-10T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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