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O Crítico
O Crítico
Uma grande sátira e, ao mesmo tempo, homenagem ao cinema, ao gênero de comédia romântica, e ao ofício da crítica cinematográfica. Assim é o divertido filme argentino O Crítico, não confundir com a série em animação O Crítico que foi ao ar entre 1994 e 1995.
Víctor Tellez é um crítico de cinema com todos os estereótipos possíveis. Mal humorado, irritado, extremamente exigente e, claro, odeia comédias românticas. Odeia todos os tipos de clichês do gênero, os exageros, as manipulações de emoções, as coincidências absurdas e os finais felizes obrigatórios. Até que sua vida começa a se tornar um exemplar do gênero.
O roteiro do próprio diretor Hernán Guerschuny constrói sua tese a partir da metalinguagem. Exagerando nas caricaturas, não poupa ninguém. As cabines de imprensa com críticos esfomeados e mal humorados. A pesquisadora de cinema esquisita em uma conversa estranha no café. O cineasta frustrado com uma crítica negativa à sua obra. E mesmo a jovem heroína que conquista o coração do crítico, cheia de problemas.
A brincadeira de explicar os clichês do gênero e depois exemplificá-los na vida de Victor é divertida. E o mais curioso é que acaba sendo também um clichê. Outras obras já brincaram com isso como o filme Como Fazer Um Filme de Amor. Sempre tornando tolas as programações de efeito que fazem plateias chorar.
Sátiras e metalinguagens parecem sempre ter as comédias românticas como alvo. Histórias emocionantes parecem não ser dignas de críticos ou estudiosos. É divertido, então, quando Sofia cita o filme A Felicidade não se Compra como sendo um exemplo de uma quebra de um dos clichês que ele está citando e Victor diz conformado: "Capra é Capra.
Isso acaba sendo uma espécie de mea culpa, mas também uma forma de apontar que o gênero não é exatamente o problema, mas o que fazem com ele. Existem comédias românticas bem construídas, inteligentes, envolventes, mesmo utilizando todos os clichês possíveis. Assim como filmes medíocres podem ser construídos em qualquer gênero. As comédias românticas só são mais criticadas porque fazem parte de sua programação emocionar plateias.
No final das contas, O Crítico nada mais é do que uma comédia romântica divertida que faz uma auto-crítica a cada cena. O fato de um crítico chorar ao ver um filme, por exemplo, é motivo de piada, como se ele também não fosse plateia e não tivesse o direito de se emocionar. Por mais que conheçamos os dispositivos, também estamos susceptíveis a eles. A grande questão é analisar se isso foi bem feito.
Hernán Guerschuny nos dá, então, uma obra que pode ser apreciada em diversas camadas. Críticos, cineastas e públicos diversos vão poder se identificar e divertir com essa inteligente comédia que não poupa ninguém, nem mesmo o amor e suas artimanhas.
O Crítico (El Crítico, 2014 / Argentina)
Direção: Hernán Guerschuny
Roteiro: Hernán Guerschuny
Com: Rafael Spregelburd, Dolores Fonzi, Blanca Lewin
Duração: 98 min.
Víctor Tellez é um crítico de cinema com todos os estereótipos possíveis. Mal humorado, irritado, extremamente exigente e, claro, odeia comédias românticas. Odeia todos os tipos de clichês do gênero, os exageros, as manipulações de emoções, as coincidências absurdas e os finais felizes obrigatórios. Até que sua vida começa a se tornar um exemplar do gênero.
O roteiro do próprio diretor Hernán Guerschuny constrói sua tese a partir da metalinguagem. Exagerando nas caricaturas, não poupa ninguém. As cabines de imprensa com críticos esfomeados e mal humorados. A pesquisadora de cinema esquisita em uma conversa estranha no café. O cineasta frustrado com uma crítica negativa à sua obra. E mesmo a jovem heroína que conquista o coração do crítico, cheia de problemas.
A brincadeira de explicar os clichês do gênero e depois exemplificá-los na vida de Victor é divertida. E o mais curioso é que acaba sendo também um clichê. Outras obras já brincaram com isso como o filme Como Fazer Um Filme de Amor. Sempre tornando tolas as programações de efeito que fazem plateias chorar.
Sátiras e metalinguagens parecem sempre ter as comédias românticas como alvo. Histórias emocionantes parecem não ser dignas de críticos ou estudiosos. É divertido, então, quando Sofia cita o filme A Felicidade não se Compra como sendo um exemplo de uma quebra de um dos clichês que ele está citando e Victor diz conformado: "Capra é Capra.
Isso acaba sendo uma espécie de mea culpa, mas também uma forma de apontar que o gênero não é exatamente o problema, mas o que fazem com ele. Existem comédias românticas bem construídas, inteligentes, envolventes, mesmo utilizando todos os clichês possíveis. Assim como filmes medíocres podem ser construídos em qualquer gênero. As comédias românticas só são mais criticadas porque fazem parte de sua programação emocionar plateias.
No final das contas, O Crítico nada mais é do que uma comédia romântica divertida que faz uma auto-crítica a cada cena. O fato de um crítico chorar ao ver um filme, por exemplo, é motivo de piada, como se ele também não fosse plateia e não tivesse o direito de se emocionar. Por mais que conheçamos os dispositivos, também estamos susceptíveis a eles. A grande questão é analisar se isso foi bem feito.
Hernán Guerschuny nos dá, então, uma obra que pode ser apreciada em diversas camadas. Críticos, cineastas e públicos diversos vão poder se identificar e divertir com essa inteligente comédia que não poupa ninguém, nem mesmo o amor e suas artimanhas.
O Crítico (El Crítico, 2014 / Argentina)
Direção: Hernán Guerschuny
Roteiro: Hernán Guerschuny
Com: Rafael Spregelburd, Dolores Fonzi, Blanca Lewin
Duração: 98 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Crítico
2015-01-18T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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