Cartel Land
Candidato ao Oscar de Melhor Documentário, Cartel Land traz uma característica que poucos documentaristas parecem estar utilizando hoje em dia, a investigação em campo. Vemos muitas pesquisas em materiais de arquivo, em depoimentos póstumos, mas quando um filme parece que está ali, ao lado do acontecimento, tudo fica ainda mais impressionante.
O filme trata de violência, possibilidades de proteção e limites da justiça com as próprias mãos. Retratando a violência e consequências dos carteis de drogas no México, ele acompanha a formação de dois grupos de justiceiros, um no México e outro nos Estados Unidos. Focando muito mais no primeiro que no segundo, vamos acompanhando a jornada do Dr. Mireles, que une uma grande quantidade de mexicanos em sua armada no combate ao crime. E claro, que isso também traz consequências.
Um dos maiores méritos do filme é não escolher um lado. Expõe em tela traficantes produzindo metanfetamina, justiceiros investigando a fronteira nos Estados Unidos, justiceiros atacando no México, população apoiando, população reclamando, justiceiros mudando de lado e justiceiros que preferem não aceitar o convite do governo. Todos da mesma maneira, imparcial e respeitosa. Isso gera um grande impacto, principalmente na revelação final da composição cíclica da obra.
É instigante também que Matthew Heineman consegue estar com sua câmera em tantos momentos importantes, tendo acesso a situações sigilosas e flagrando ações complexas, de todos os lados. Provavelmente fruto de um trabalho longo de acompanhamento dos grupos e muito material bruto para analisar e construir sua história.
O filme questiona, através das imagens e situações, tanto o trabalho do governo, com sua polícia oficial, quanto dos justiceiros diante do problema das drogas. Ao mesmo tempo, expõe o pensamento dos traficantes de uma maneira muito franca, como um negócio que não tem fim, dá lucro e tem mercado. Enquanto isso acontecer, eles estarão lá e a violência será consequência disso.
Da mesma forma que mostra que combater violência com violência pode parecer um mal necessário, acaba gerando o efeito inverso, tornando os combatentes iguais aos que combatem. A população é que acaba sofrendo as consequências sem direito a escolhas. Além disso, mostra que nada é tão simples e que pré-julgamentos só nos faz repetir informações que chegam até nós, já filtradas por interesses de determinados grupos.
É interessante que o filme joga as informações na tela, sem julgamentos e também sem procurar soluções definitivas. Pelo contrário, nos mostra que esse é um problema que está distante de ser resolvido, porque tem muitas variáveis e muitos interesses conflitantes. Algo que é mesmo cíclico e que por mais que tentemos desatar o nó, acabamos retornando ao ponto inicial. Um filme, sem dúvidas, impactante.
Cartel Land (Cartel Land, 2015 / México / EUA)
Direção: Matthew Heineman
Roteiro: Matthew Heineman
Duração: 100 min.
O filme trata de violência, possibilidades de proteção e limites da justiça com as próprias mãos. Retratando a violência e consequências dos carteis de drogas no México, ele acompanha a formação de dois grupos de justiceiros, um no México e outro nos Estados Unidos. Focando muito mais no primeiro que no segundo, vamos acompanhando a jornada do Dr. Mireles, que une uma grande quantidade de mexicanos em sua armada no combate ao crime. E claro, que isso também traz consequências.
Um dos maiores méritos do filme é não escolher um lado. Expõe em tela traficantes produzindo metanfetamina, justiceiros investigando a fronteira nos Estados Unidos, justiceiros atacando no México, população apoiando, população reclamando, justiceiros mudando de lado e justiceiros que preferem não aceitar o convite do governo. Todos da mesma maneira, imparcial e respeitosa. Isso gera um grande impacto, principalmente na revelação final da composição cíclica da obra.
É instigante também que Matthew Heineman consegue estar com sua câmera em tantos momentos importantes, tendo acesso a situações sigilosas e flagrando ações complexas, de todos os lados. Provavelmente fruto de um trabalho longo de acompanhamento dos grupos e muito material bruto para analisar e construir sua história.
O filme questiona, através das imagens e situações, tanto o trabalho do governo, com sua polícia oficial, quanto dos justiceiros diante do problema das drogas. Ao mesmo tempo, expõe o pensamento dos traficantes de uma maneira muito franca, como um negócio que não tem fim, dá lucro e tem mercado. Enquanto isso acontecer, eles estarão lá e a violência será consequência disso.
Da mesma forma que mostra que combater violência com violência pode parecer um mal necessário, acaba gerando o efeito inverso, tornando os combatentes iguais aos que combatem. A população é que acaba sofrendo as consequências sem direito a escolhas. Além disso, mostra que nada é tão simples e que pré-julgamentos só nos faz repetir informações que chegam até nós, já filtradas por interesses de determinados grupos.
É interessante que o filme joga as informações na tela, sem julgamentos e também sem procurar soluções definitivas. Pelo contrário, nos mostra que esse é um problema que está distante de ser resolvido, porque tem muitas variáveis e muitos interesses conflitantes. Algo que é mesmo cíclico e que por mais que tentemos desatar o nó, acabamos retornando ao ponto inicial. Um filme, sem dúvidas, impactante.
Cartel Land (Cartel Land, 2015 / México / EUA)
Direção: Matthew Heineman
Roteiro: Matthew Heineman
Duração: 100 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Cartel Land
2016-02-24T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
critica|documentario|Matthew Heineman|oscar 2016|
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