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O Caseiro
O Caseiro
É sempre bom ver cineastas brasileiros arriscando outros filmes de gênero que não a comédia. E o suspense parece ser um caminho cada vez mais promissor, vide obras como Quando Eu Era Vivo, Para Minha Amada Morta ou O Lobo Atrás da Porta. O Caseiro é um thriller sobrenatural que instiga, principalmente pela atmosfera criada e a eterna dúvida do que está de fato acontecendo.
Na trama, Bruno Garcia é Davi, um escritor e professor de psicologia que busca explicar casos ditos sobrenaturais através de traumas e efeitos psicológicos. Como o garotinho de seu bestseller, que dizia ver seu pai e, segundo o autor, era apenas uma projeção da saudade que ele sentia do progenitor. Ele, então, é chamado por uma aluna para investigar o que está acontecendo com sua irmã pequena que sempre aparece machucada e seu pai acredita que o espírito de um caseiro morto na propriedade esteja ali assombrando a família.
O filme já começa tenso com um garoto encontrando o seu caseiro enforcado na casa próxima à propriedade familiar. E esse clima de suspense é mantido por todo o filme. Méritos principalmente da boa mise-en-scène construída, das escolhas de direção e da fotografia lavada de Ulrich Burtin que nos dá sempre uma sensação de pouca luz ou visão nublada, mesmo quando vemos que há sol iluminando as personagens. A trilha sonora de Tomaz Vital também contribui para o clima, ainda que exagere em alguns momentos.
A história também convence e o roteiro possui uma boa economia narrativa, ainda que na parte final atropele um pouco algumas revelações e deixe pontas soltas na tentativa de surpreender o público. Talvez o maior problema do filme, no entanto, seja as atuações infantis e adolescentes, que, quase sempre mecânicas, acabam prejudicando algumas cenas importantes com textos ditos com pouca verdade. O elenco adulto, no entanto, está bem, principalmente Bruno Garcia e Denise Weinberg.
O clima de suspense e a tensão constante ainda conseguem conviver bem em uma atmosfera bem brasileira. Uma casa no campo com a casa do caseiro ao lado, as relações familiares com Nora, a irmã de Rubens, servindo a todos como uma governanta, a presença do padre como conselheiro local. Toda a configuração arcaica de nosso país que ainda ecoa principalmente no interior.
Além disso, a trama lida com símbolos universais de filme de terror. Alguns detalhes não dá para comentar sem evitar spoilers, mas há questões como assuntos não resolvidos e objetos que parecem possuir poderes sobrenaturais, isso sem falar no sal grosso. E, claro, a casa abandonada com clima de "casa de terror".
Entre erros e acertos, O Caseiro acaba tendo um saldo positivo e nos deixa animados para novas investidas no gênero no país. Assim como a promissora carreira de Julio Santi que, em seu segundo filme, se torna mais um cineasta a ser acompanhado, torcendo por sua evolução.
O Caseiro (O Caseiro, 2016 / Brasil)
Direção: Julio Santi
Roteiro: Julio Santi, Felipe Santi
Com: Bruno Garcia, Leopoldo Pacheco, Denise Weinberg, Fabio Takeo, Pedro Bosnich
Duração: 88 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Caseiro
2016-06-23T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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