Tomb Raider: A Origem
Lara Croft é uma personagem símbolo. Chamada por muitos de Indiana Jones feminina, a arqueóloga britânica já passou por reformulações nos games e, agora, nos cinemas. Após dois filmes estrelados por Angelina Jolie, Alicia Vikander assume o posto e não se pode comparar os dois trabalhos, já que são adaptações de fases diferentes da protagonista dos jogos.
Tomb Raider: A Origem é o que promete, um filme de origem. Busca narrar o início das aventuras da heroína, que aqui não é exatamente uma arqueóloga, mas uma rebelde que não aceita a morte do pai e vive de entregas sem aceitar a fortuna que este deixou. Só que, de repente, ela resolve desvendar o mistério do seu sumiço, com algumas pistas e uma boa dose de sorte.
O roteiro não embasa bem sua persona, nos dando uma estrutura superficial de heroína. Alicia Vikander tem pouco material para trabalhar, sendo literalmente jogada na aventura onde tem que correr, pular, lutar e atirar flechas para todos os lados. A investigação e a construção de mistérios que vão sendo desvendados aos poucos se perde, tendo muito pouco a acompanhar. A ponto de algumas reviravoltas não surtirem o efeito que se esperava porque ninguém parece se importar de fato com a trama desenvolvida.
A ação parece ser o motor mesmo da obra. Desde o início, com Lara apostando corrida pelas ruas. A câmera tremida, buscando esse efeito de urgência, que acaba causando uma confusão imagética, e a coreografia das lutas que não nos deixam compreender os detalhes, apenas causando a sensação de agilidade. Há também muitos recursos típicos de videogame, como utilizar alguns objetos para impulso ou etapas de uma missão, com obstáculos e desafios cada vez maiores.
Mas tudo isso acaba esvaziando qualquer tentativa de aprofundar a personagem ou o universo ficcional. Há uma sensação de superficialidade em cada trecho. Sem levar em conta as improváveis situações que, se fossem bem construídas, daria para embarcar perfeitamente. Porém, do jeito que é apresentado, é difícil comprar a ideia ou mesmo abstrair alguns absurdos em prol da narrativa.
Tomb Raider: A Origem acaba sendo um filme genérico de ação. Uma pena, pois a personagem e o universo dos games nos dá material para ir muito além. Não foi dessa vez, mas como o filme deixa margem para continuação, vamos torcer para a franquia encontrar seu caminho.
Tomb Raider: A Origem (Tomb Raider, 2018 / EUA)
Direção: Roar Uthaug
Roteiro: Geneva Robertson-Dworet, Alastair Siddons
Com: Alicia Vikander, Dominic West, Walton Goggins
Duração: 118 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Tomb Raider: A Origem
2018-03-23T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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