Lançado em 1965, Duna é considerado um dos mais importantes livros de ficção científica. O mundo pós-apocalíptico criado por Frank Herbert inspirou diversas obras que vieram depois, sendo ainda hoje um retrato crítico de nossa sociedade, reforçando a força e importância do seu texto. A obra gerou continuações, resultando em uma série de seis livros e o sonho de ver uma adaptação digna sempre foi alimentada por seus fãs.
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Lançado em 1965, Duna é considerado um dos mais importantes livros de ficção científica. O mundo pós-apocalíptico criado por Frank Herbert inspirou diversas obras que vieram depois, sendo ainda hoje um retrato crítico de nossa sociedade, reforçando a força e importância do seu texto. A obra gerou continuações, resultando em uma série de seis livros e o sonho de ver uma adaptação digna sempre foi alimentada por seus fãs.
Em 1984, coube a David Lynch a tentativa, mas o diretor de obras como Twin Peaks, Estrada Perdida e Cidade dos Sonhos não era mesmo o melhor nome para essa empreitada. O resultado foi decepcionante, sendo fracasso de crítica e público. Houve também uma minissérie dirigida por John Harrison e exibida pelo canal SyFy, pouco conhecido e, assim, a minissérie também teve pouca repercussão. E algo com a grandiosidade de Duna, merecia as telas do cinema, ainda que seu universo talvez fosse melhor explorado mesmo em uma série.
O canadense Denis Villeneuve conseguiu realizar o sonho dos fãs. Pelo menos em parte. Visualmente, o filme é deslumbrante, apresenta as áridas paisagens de Arrakis. Consegue transpor para telas elementos que estavam apenas na imaginação como os vermes da areia e os Fremen. Há um impacto positivo que nos envolve em imagem e som, construindo uma imersão naquele mundo. Não há como negar que é uma experiência fílmica, no mínimo, sensorialmente deslumbrante.
Talvez um problema da trama tenha sido a escolha em dividir o livro pela metade, principalmente sem ter a garantia da segunda parte com um calendário de filmagens que permitiria um lançamento próximo. Continuações são possíveis, mas um filme precisa ter um arco que funcione por si só. Ainda que tenha um arco de apresentação, Duna de Villeneuve é isso, uma introdução, de mais de duas horas, mas uma introdução.
A saga de Paul Atreides é apresentada, mas não se inicia de fato. E isso dá uma sensação um pouco frustrante ao final da projeção. Um grande primeiro ato por mais que se inicie com a mudança da família para o planeta. Tudo que acontece ali é a preparação para o que estava por vir. É importante ser desenvolvida, é uma escolha corajosa de apresentação de mundo, mas fica pela metade, e isso é perigoso em um mundo com tantas informações e obras sendo lançadas a todo tempo, principalmente por saber que a continuação só chegará daqui há dois anos.
Ainda assim, é um exercício instigante de construção de personagens e universo fílmico. Acompanhando os detalhes desse início, é possível criar um vínculo e empatia maior, nos ajuda a nos importar com o futuro de Paul. Queremos saber mais dos Fremen, queremos combater o barão, enfim, queremos a continuação do que estamos vendo.
Duna de Denis Villeneuve pode não estar para o cinema como o livro está para a literatura, mas não deixa de ser uma aposta empolgante que se bem conduzida pode se transformar em uma série de filmes também impactante. É um bom começo, precisamos acompanhar para ver se a promessa se cumprirá.
Duna (Dune, EUA / 2021
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Jon Spaihts, Eric Roth, Denis Villeneuve
Com: Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Jason Momoa, Javier Bardem
Duração: 155 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Duna
2021-11-23T20:00:00-03:00
Amanda Aouad
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