Federal
Pelo menos para uma coisa serve o filme Federal: ficamos conhecendo os pais do Capitão Nascimento. Afinal, o comandante da Polícia Federal, vivido por Carlos Alberto Riccelli, está com a esposa grávida e para que ninguém duvide da referência óbvia a situação de Nascimento no primeiro Tropa de Elite, o nome do bebê que está para nascer é Betinho. Para quem não ligou o nome à pessoa, Roberto é o primeiro nome de Nascimento. Toda essa piada é para deixar claro que não tem como levar a sério o filme de Erik de Castro.
Apesar de Selton Mello e Cesario Augusto, que bem poderia ser apelidado de Machete brasileiro, o filme não se sustenta. Não tem história, não tem ritmo, não tem personagens bem construídos e nem mesmo nos apresenta esses personagens que vamos pescando durante a ação. O filme nos deixa tão perdidos que ficamos em dúvida de qual o protagonista e qual o objetivo daquilo. Só tive certeza de que Daniel, vivido por Selton Mello era o protagonista do filme, pelo seu final, até porque boa parte do filme seguimos Carlos Alberto Riccelli e seu "drama" de pegar o traficante Beque Batista, vivido pelo quase esquecido Eduardo Dusek. Não sei onde Michael Madsen estava com a cabeça quando aceitou vir ao Brasil para pagar esse mico. Mais canastrão impossível, tomando café e procurando prostitutas. Saudade da dança da orelhinha em Cães de Aluguel.
A coisa é tão feia que posso afirmar que Carlos Alberto Riccelli não é nem um dos piores atores em cena. Há cenas que são verdadeiras vergonhas. Coisas absurdas como a perseguição inicial ao capoeirista ou a batida em uma "boca" na madrugada. Quanto à cena do saco... Acho melhor fazer um minuto de silêncio para a situação mais artificial que já vi. Se é para copiar, copia direito. Christovam Netto, que faz o torturador Rocha, não consegue convencer ninguém de que está interrogando alguém. É um roteiro tão sem pé nem cabeça que ele simplesmente fala: me diz alguma coisa. Alguma coisa o quê? Do que ele desconfia? O que ele quer saber? Não há uma situação pensada, a cena quer apenas mostrar que ele tortura usando o saco. Só melhora um pouquinho quando Selton Mello chega e xinga dizendo que a ditadura já acabou em mais uma cena gratuita.
Nem vou falar da gratuidade das cenas de sexo, porque muito marmanjo vai dizer que as sequências com a colombiana Carolina Gómez salvam o filme. Agora tem uma curiosidade, uma cena de sexo com uma mulher grávida. Não que ache isso bonito ou feio, apenas incomum em filmes. Já a cena de Rocha e sua "loira" é uma das coisas mais lamentáveis que já vi na vida.
Ainda assim, essa pérola do nosso cinema consegue não ser pior que Segurança Nacional, apesar deste ter história para contar. Federal é absurdo porque vai do nada a lugar nenhum, mas pelo menos tem algumas boas atuações. Entenda isso como Selton Mello e Cesario Augusto. E tem uma situação mais real do que terroristas jogando bomba atômica na Amazônia. Lamentável que, com tantas boas produções, ainda somos brindados com coisas como essa.
Ah, e antes que alguém pergunte qual a história. Deixo a sinopse oficial, só ela para explicar um pouco do que seria a trama: "Dani (Selton Mello), agente especial da Polícia Federal, une-se ao delegado Vital (Carlos Alberto Riccelli) e outros homens do grupo de elite do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal para caçarem o playboy Carlos Beque Batista (Eduardo Dusek), responsável por colocar a cidade de Brasília na rota do tráfico internacional de cocaína."
Apesar de Selton Mello e Cesario Augusto, que bem poderia ser apelidado de Machete brasileiro, o filme não se sustenta. Não tem história, não tem ritmo, não tem personagens bem construídos e nem mesmo nos apresenta esses personagens que vamos pescando durante a ação. O filme nos deixa tão perdidos que ficamos em dúvida de qual o protagonista e qual o objetivo daquilo. Só tive certeza de que Daniel, vivido por Selton Mello era o protagonista do filme, pelo seu final, até porque boa parte do filme seguimos Carlos Alberto Riccelli e seu "drama" de pegar o traficante Beque Batista, vivido pelo quase esquecido Eduardo Dusek. Não sei onde Michael Madsen estava com a cabeça quando aceitou vir ao Brasil para pagar esse mico. Mais canastrão impossível, tomando café e procurando prostitutas. Saudade da dança da orelhinha em Cães de Aluguel.
A coisa é tão feia que posso afirmar que Carlos Alberto Riccelli não é nem um dos piores atores em cena. Há cenas que são verdadeiras vergonhas. Coisas absurdas como a perseguição inicial ao capoeirista ou a batida em uma "boca" na madrugada. Quanto à cena do saco... Acho melhor fazer um minuto de silêncio para a situação mais artificial que já vi. Se é para copiar, copia direito. Christovam Netto, que faz o torturador Rocha, não consegue convencer ninguém de que está interrogando alguém. É um roteiro tão sem pé nem cabeça que ele simplesmente fala: me diz alguma coisa. Alguma coisa o quê? Do que ele desconfia? O que ele quer saber? Não há uma situação pensada, a cena quer apenas mostrar que ele tortura usando o saco. Só melhora um pouquinho quando Selton Mello chega e xinga dizendo que a ditadura já acabou em mais uma cena gratuita.
Nem vou falar da gratuidade das cenas de sexo, porque muito marmanjo vai dizer que as sequências com a colombiana Carolina Gómez salvam o filme. Agora tem uma curiosidade, uma cena de sexo com uma mulher grávida. Não que ache isso bonito ou feio, apenas incomum em filmes. Já a cena de Rocha e sua "loira" é uma das coisas mais lamentáveis que já vi na vida.
Ainda assim, essa pérola do nosso cinema consegue não ser pior que Segurança Nacional, apesar deste ter história para contar. Federal é absurdo porque vai do nada a lugar nenhum, mas pelo menos tem algumas boas atuações. Entenda isso como Selton Mello e Cesario Augusto. E tem uma situação mais real do que terroristas jogando bomba atômica na Amazônia. Lamentável que, com tantas boas produções, ainda somos brindados com coisas como essa.
Ah, e antes que alguém pergunte qual a história. Deixo a sinopse oficial, só ela para explicar um pouco do que seria a trama: "Dani (Selton Mello), agente especial da Polícia Federal, une-se ao delegado Vital (Carlos Alberto Riccelli) e outros homens do grupo de elite do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal para caçarem o playboy Carlos Beque Batista (Eduardo Dusek), responsável por colocar a cidade de Brasília na rota do tráfico internacional de cocaína."
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Federal
2010-11-08T14:58:00-03:00
Amanda Aouad
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