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Inferno
Robert Langdon está de volta as telas do cinema em mais uma aventura genérica que o faz parecer mais um James Bond que um pesquisador. E, independente do livro de Dan Brown, o filme Inferno é mais uma obra onde as referências históricas e artísticas são apenas desculpas para muito corre-corre.
Agora, se tem uma coisa interessante no roteiro de Inferno é o seu primeiro ato. E, até por isso, apresentar uma sinopse da obra pode prejudicar a sensação. Tudo porque Robert Langdon acorda no hospital com um ferimento na cabeça, sem memória e com uma médica tentando ajudá-lo, enquanto uma policial tenta atirar nele.
Sermos jogados junto com o professor na aventura sem muitas explicações é uma sensação interessante. Nos prende, nos deixa instigados. As explicações vão sendo lançadas como pistas, aos poucos, em flashes de memória que ele vai tendo. Mas, à medida que vamos juntando as peças do quebra-cabeças, vão ficando pontas soltas e explicações inverossímeis que fazem essa boa sensação de suspense se perder.
Isso pode ser um dos problemas que as adaptações das obras de Dan Brown sempre tiveram, o ritmo das explicações. No livro, podemos seguir as pistas e até raciocinar junto com elas, ainda que muita coisa seja dada pronta. Já nos filmes, as cenas de perseguição são priorizadas deixando as explicações e pistas como pano de fundo, quase alegorias apenas para fingir ter ali algo diferente.
Não temos tempo de raciocinar e compreender as pistas. Não nos é dada a oportunidade de desvendá-las junto com o pesquisador. Tudo vai sendo apresentado para nós à medida que ele as desvenda. Assim foi com a Bíblia e Da Vinci, assim foi com os Illuminati e agora é com Dante e seu Inferno.
Além disso, muito do plano do vilão fica incompreensível e incongruente demais. É difícil acreditar, pelo que foi apresentado no filme, que alguém realmente acreditasse naquilo. E mesmo que desse a vida para que o plano se concretizasse como algo maior, em prol da humanidade.
Seguindo a fórmula já clichê do escritor, Inferno tem também reviravoltas que buscam surpreender o público, mas aqui parecem extremamente óbvias, quebrando o impacto das revelações. Uma pena, pois o universo prometia algo mais rico e congruente.
No final, Inferno é apenas um filme genérico, sem grandes emoções ou revelações que possam nos fazer pensar e embarcar naquela aventura. Ainda que o filme não seja tão bom, O Código Da Vinci continua sendo a obra mais rica de Dan Brown nesse sentido.
Inferno (Inferno, 2016 / EUA)
Direção: Ron Howard
Roteiro: David Koepp
Com: Tom Hanks, Felicity Jones, Irrfan Khan, Sidse Babett Knudsen, Omar Sy
Duração: 121 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Inferno
2016-11-01T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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