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Talvez uma História de Amor

Talvez uma História de Amor - filme

Em um universo saturado de comédias românticas previsíveis, Talvez uma História de Amor surgiu como uma lufada refrescante. Dirigido por Rodrigo Bernardo em sua estreia como diretor de longas-metragens, o filme protagonizado por Mateus Solano e Thaila Ayala mergulha nas intrincadas camadas do amor e da memória, oferecendo uma experiência cinematográfica no mínimo diferenciada.
Talvez uma História de Amor - filme
A trama inicia-se de maneira intrigante, com Virgílio, interpretado brilhantemente por Mateus Solano, descobrindo o fim de seu relacionamento através de uma mensagem na secretária eletrônica. O detalhe intrigante? Ele não se lembra de Clara, sua agora ex-namorada. Esse ponto de partida único não apenas adiciona um elemento de mistério à narrativa, mas também serve como um veículo para explorar a resistência de Virgílio às mudanças.

A direção de Rodrigo Bernardo é notavelmente segura, especialmente considerando ser seu primeiro projeto de longa-metragem. Ele escolhe habilmente a trilha sonora, utilizando músicas icônicas como "New York, New York" de Frank Sinatra e "Me Encontra" do Charlie Brown Jr., não apenas como adornos, mas como peças essenciais na tessitura emocional do filme. A musicalidade não é apenas um acessório, mas um fio condutor que tece as memórias e os sentimentos dos personagens.

A escolha de não recorrer às tecnologias modernas para resolver o mistério adiciona uma camada de nostalgia, destacando a relutância de Virgílio em abraçar as mudanças contemporâneas. Este é um ponto inteligente explorado pelo diretor, que utiliza elementos visuais, como o celular com antena e o toca-discos, não como adereços hipster, mas como metáforas visuais para o conflito central do protagonista.

Talvez uma História de Amor - filme
O elenco carismático, incluindo participações especiais notáveis como Cynthia Nixon, contribui para a atmosfera encantadora do filme. Bianca Comparato, no papel da vizinha de Virgílio, destaca-se pela sua atuação apaixonante. Entretanto, apesar do carisma do elenco, algumas interpretações, como a de Marco Luque, ocasionalmente caem em estereótipos, prejudicando a consistência geral da narrativa.

O filme atinge seu auge ao explorar as relações de Virgílio com aqueles que compartilham fragmentos de suas memórias com Clara. A estrutura não linear da busca adiciona um toque de originalidade, e cada revelação não é apenas um avanço na trama, mas também uma peça essencial na jornada de autodescoberta de Virgílio.

Contudo, o ponto alto do filme também revela sua maior fraqueza. Ao descobrirmos a identidade de Clara, o enredo, infelizmente, sucumbe a alguns clichês do gênero, perdendo parte do brilho que o caracterizou. O roteiro, embora astuto em sua construção inicial, acaba cedendo a convenções previsíveis.

Talvez uma História de Amor é uma adição bem-vinda ao cenário das comédias românticas, oferecendo uma abordagem original e tocante sobre o amor, a memória e a resistência à mudança. Rodrigo Bernardo demonstra sua promissora habilidade na direção, e o desempenho cativante de Mateus Solano eleva o filme. Apesar de alguns tropeços no desfecho, a jornada de Virgílio é uma viagem emocionante e reflexiva que deixa uma marca duradoura no espectador.

Este filme é uma exploração poética da complexidade das relações e da constante dança entre o passado e o presente. Talvez seja mais do que uma simples comédia romântica. Talvez seja uma lembrança de que, por vezes, o inesperado pode revelar as verdades mais profundas do coração humano.


Talvez uma História de Amor (2018 / Brasil)
Direção: Rodrigo Bernardo
Roteiro: Rodrigo Bernardo, Ben Frahm
Com: Mateus Solano, Thaila Ayala, Totia Meirelles
Duração: 105 min.

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