Uma História Real
Já que falei aqui de Buñuel e o Surrealismo, vamos falar agora de David Lynch, mesmo não admitindo, parece ser seu discípulo mais fiel. Lynch possui uma forte veia autoral e é possível identificar em seus filmes marcas frequentes. Com seu toque surreal, seus filmes sempre se utilizam de metalinguagens, têm imagens oníricas, não tem preocupação linear e nota-se a presença de uma cortina vermelha em alguma cena, que mais parece um fetiche.
Assim, ele brindou o mundo com Veludo Azul, Coração Selvagem, A estrada Perdida, Cidade dos Sonhos ou o recente Império dos Sonhos. Apesar de grandes filmes, boa parte do público criticou o autor, por acreditar haver um exagero nessa fórmula e que tudo parecia mais uma roupagem tola para falta de boas história. Assim, Lynch resolveu lançar um filme mais, digamos, normal. Falo de A História Real, filme de 1999 que conta a trama de Alvin Straight, que ao receber a notícia de que seu irmão Lyle está muito doente, resolve atravessar dois estados americanos para vê-lo e fazer as pazes antes que seja tarde. Tudo muito normal se não fosse o fato de que o meio de transporte escolhido por Alvin fosse o seu velho cortador de grama.
Começa, então, uma das jornadas mais exóticas e lindas já vistas no cinema. Um velho homem, em cima de seu cortador de grama, passando por estradas, sendo ultrapassado por caminhões, motos e até bicicletas, por seis semanas até o esperado encontro com o irmão adoentado. Em sua viagem, Alvin conhece várias pessoas, interage com seus dramas, ajuda e é ajudado. As relações humanas estão em voga nesse filme de Lynch, apesar de ele não esquecer a metalinguagem ao fazer Alvin encontrar uma equipe de cinema em determinado momento.
Mas, engana-se quem imagina que esse toque pitoresco do transporte de Alvin foi ideia de David Lynch para que o filme não fosse tão "real". A história é verídica e o velhinho simpático e teimoso virou herói nacional nos Estados Unidos, em 1994. É daquelas histórias que são tão fantásticas que só poderiam ser reais. E fala, principalmente, da perseverança. Alvin não era um louco, ele só queria ter a chance de fazer as pazes com o irmão antes que este falecesse. Não podia dirigir por suas dificuldades de visão, nem tinha condições de pegar um ônibus ou trem até o local. Foi, então, que utilizou o único meio de transporte que tinha. Sofreu durante a viagem, mas nunca desistiu de seu intento.
Com belas cenas de estrada, bons ângulos e enquadramentos. David Lynch nos brinda com um filme sensível e capaz de ser apreciado por todos. E um detalhe para que você não pense que o áudio do seu televisor está com problemas. Procurando dar mais efeito e brincar com o real dentro do filme, Lynch optou por colocar o som pelo ponto de vista do personagem, então, em algumas cenas, o diálogo é quase inaudível para dar a sensação de que estamos no lugar do protagonista ouvindo de longe a conversa.
Assim, ele brindou o mundo com Veludo Azul, Coração Selvagem, A estrada Perdida, Cidade dos Sonhos ou o recente Império dos Sonhos. Apesar de grandes filmes, boa parte do público criticou o autor, por acreditar haver um exagero nessa fórmula e que tudo parecia mais uma roupagem tola para falta de boas história. Assim, Lynch resolveu lançar um filme mais, digamos, normal. Falo de A História Real, filme de 1999 que conta a trama de Alvin Straight, que ao receber a notícia de que seu irmão Lyle está muito doente, resolve atravessar dois estados americanos para vê-lo e fazer as pazes antes que seja tarde. Tudo muito normal se não fosse o fato de que o meio de transporte escolhido por Alvin fosse o seu velho cortador de grama.
Começa, então, uma das jornadas mais exóticas e lindas já vistas no cinema. Um velho homem, em cima de seu cortador de grama, passando por estradas, sendo ultrapassado por caminhões, motos e até bicicletas, por seis semanas até o esperado encontro com o irmão adoentado. Em sua viagem, Alvin conhece várias pessoas, interage com seus dramas, ajuda e é ajudado. As relações humanas estão em voga nesse filme de Lynch, apesar de ele não esquecer a metalinguagem ao fazer Alvin encontrar uma equipe de cinema em determinado momento.
Mas, engana-se quem imagina que esse toque pitoresco do transporte de Alvin foi ideia de David Lynch para que o filme não fosse tão "real". A história é verídica e o velhinho simpático e teimoso virou herói nacional nos Estados Unidos, em 1994. É daquelas histórias que são tão fantásticas que só poderiam ser reais. E fala, principalmente, da perseverança. Alvin não era um louco, ele só queria ter a chance de fazer as pazes com o irmão antes que este falecesse. Não podia dirigir por suas dificuldades de visão, nem tinha condições de pegar um ônibus ou trem até o local. Foi, então, que utilizou o único meio de transporte que tinha. Sofreu durante a viagem, mas nunca desistiu de seu intento.
Com belas cenas de estrada, bons ângulos e enquadramentos. David Lynch nos brinda com um filme sensível e capaz de ser apreciado por todos. E um detalhe para que você não pense que o áudio do seu televisor está com problemas. Procurando dar mais efeito e brincar com o real dentro do filme, Lynch optou por colocar o som pelo ponto de vista do personagem, então, em algumas cenas, o diálogo é quase inaudível para dar a sensação de que estamos no lugar do protagonista ouvindo de longe a conversa.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Uma História Real
2009-06-17T13:35:00-03:00
Amanda Aouad
critica|drama|grandes cineastas|surrealismo|
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