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Ruas de Fogo

Ruas de Fogo Bordão clichê, mas há filmes e filmes. Ruas de Fogo, se formos analisar apenas a questão técnica de um filme, é uma grande bobagem, mas a obra de Walter Hill marcou uma geração por causa do seu impacto estético e da trilha sonora poderosa. Um daqueles clássicos de "Sessão da Tarde", que a gente não cansava de rever.

A trama, como disse, é boba. Uma estrela do rock é sequestrada em pleno palco por uma gangue conhecida como os Bombardeiros e liderada por Corvo Shaddock. Corvo, interpretado por ninguém menos que Willem Dafoe, quer se divertir com a garota. Mas, Ellen Aim (Diane Lane) tem um namorado empresário e um ex-namorado barra pesada que não vão deixar a moça nas mãos dos bandidos por muito tempo. O empresário é interpretado por Rick Moranis, sempre com cara de nerd atrapalhado. Já o bad boy heroico é Michael Paré, uma escolha curiosa, já que não é bonito, nem bom ator. Junto com os dois, ainda temos Amy Madigan interpretando uma ex-soldado do exército em busca de trabalho.

Ruas de Fogo Se a trama não traz muitas peripécias ou inovações, a brincadeira é mesmo curtir a música e o estilo rock n´roll dos anos 80. Tanto que as músicas são tocadas na íntegra em vários clipes durante a trama. A começar pela cena inicial, onde Ellen Aim se apresenta para uma plateia enlouquecida no pequeno bar do bairro onde viveu. A música de abertura é Nowhere Fast, e Diane Lane apenas dubla a banda Fire Inc (voz de Holly Sherwood).

A sequência do resgate da moça também tem momentos de boa construção de tensão. O clima da invasão, a forma como Tom Cody (Michael Paré) e McCoy (Amy Madigan) trabalham em conjunto enganando a gangue é bem feita e plausível. A perseguição com o tiroteio e o incêndio provocado também são bem feitos e empolga o público que acredita naquela disputa de gangues. Mesmo com a tola interferência da polícia no final.

Ruas de Fogo Willem Dafoe consegue nos passar uma veracidade a um personagem tão insólito como o Corvo Shaddock. Um homem sem limites e sem objetivos que nos dá uma sensação de muito barulho por nada. Mas a construção do ator nos é factível, palpável, ainda que não cause medo. É um vilão quase risível, mas ainda assim funciona. Ao contrário do mocinho bad boy interpretado por Michael Paré. Não dá para comprar muito a ideia de Tom Cody e seus sentimentos por Ellen Aim. O cara parece que está perdido, não sabe o que quer. Principalmente, porque o ator faz mais pose do que interpreta. Já Diane Lane está no meio termo nesse triângulo, nem ruim, nem ótima. Mas, cumpre seu papel. Os coadjuvantes vividos por Rick Moranis e Amy Madigan também estão bem, ainda que vivam estereótipos bem delineados, sem muitas nuanças na personalidade.

Ruas de Fogo
Ruas de Fogo tem ainda uma estética datada, principalmente pelos efeitos de passagem e jogo de luz e fumaça nas cenas musicais. Assim como o figurino e cenários bastantes extravagantes, que hoje podem parecer over. Mas, era a estética da época. Funciona, então, como registro ainda hoje, mesmo que datado. A montagem é ágil e segue o ritmo musical de todo o filme. Por isso, agradou tanto os jovens da época. É uma espécie de símbolo da juventude sem ideologia, pós-revoluções e guerras.

Um símbolo de uma geração, uma trilha sonora impactante e até hoje inesquecível, um filme diversão. Assim é Ruas de Fogo, daquelas obras que não deve-se analisar muito, para não estragar a aura de marco de uma época. Porque, no final, é mesmo um filme bobo, mas com uma roupagem tão envolvente que se torna inesquecível.


Ruas de Fogo (Streets of Fire, 1984 / EUA)
Direção: Walter Hill
Roteiro: Walter Hill, Larry Gross
Com: Michael Paré, Diane Lane, Rick Moranis, Willem Dafoe, Amy Madigan
Duração: 93 min.

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