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Guardiões da Galáxia
Guardiões da Galáxia
A Marvel continua surpreendendo com seus projetos ousados e bem estruturados no cinema. A DC deveria aprender um pouco com ela. É impressionante sua capacidade de resgatar personagens e trabalhar os arcos em temporadas tendo Os Vingadores como clímax. Ainda na expectativa do segundo filme do grupo, eles lançam Os Guardiões da Galáxia, um universo quase alternativo, mas que já há rumores de que se encontrará em um possível Vingadores 3.
Confesso não conhecer os quadrinhos dos Guardiões, mas, pelo que pesquisei, há formações distintas e essa que vemos no cinema é a formação lançada em 2008. Peter Quill, Groot, Rocket Racoon, Gamora e Drax, o Destruidor não podem ser chamados exatamente de heróis. São uma espécie de foras-da-lei que vão se envolver com um artefato perigoso e ficar na mira do vilão Ronan. Ao perceber que o objeto pode destruir mais do que eles pensavam, vão tentar salvar o futuro da galáxia protegendo-o.
A trama mescla muito bem diversão com tensão. Mas, em momento nenhum se leva a sério demais. A construção é leve, envolvente, nonsense em muitos momentos, com piadas e referências diversas. Mesmo em momentos de drama mais intenso, como o início que mostra a origem de Peter Quill com a morte da mãe e sua abdução, há leveza na construção musical, que aliás ocupa uma parte importante da narrativa.
A partir da referência do walk man de Peter, com a seleção musical dos anos 80 feita por sua mãe, a música exerce um papel fundamental na construção narrativa. Ela se torna intradiegética, fazendo parte da diegese ao mesmo tempo em que é colocada em BG das cenas de ação. E tem um elo emocional importante com o protagonista. Suas cenas de dança são construídas desde um clipe nonsense em um planeta distante até ser ponto decisivo em algumas situações. Tendo inclusive uma piada pontual com Kevin Bacon e Footloose.
Este clima, associado a uma direção de arte pra cima, com roupas e cenários coloridos, além de uma maquiagem impecável tornam Guardiões da Galáxia um filme bem mais leve que a maioria dos filmes de heróis que vemos atualmente, onde o drama e a emoção parecem carregar o texto tornando-o mais "sério". Aqui temos algo mais próximo de Os Vingadores, um filme onde o humor se une à ação de uma maneira mais harmônica. Mas, com um jogo ainda mais escrachado, tipo o que vemos em O Guia do Mochileiro das Galáxias, por exemplo.
Mas, ser um filme divertido, repleto de humor, não faz de Guardiões da Galáxia um filme tolo. Pelo contrário. Ainda que com uma trama leve que nunca nos preocupa em excesso, temos aqui valores bem trabalhados, como o senso de ética, justiça e amizade. A relação que vai se formando entre os integrantes do grupo, a forma como se conheceram e a maneira como essa relação vai se transformando, é bonita. Nos faz até emocionar com uma árvore gigante que só diz "I´m Groot" e nos dá uma ideia de onde George R. R. Martin tirou inspiração para criar seu Hodor.
Os personagens em geral são bem construídos, cada um dos membros do grupo tem particularidades interessantes, com dramas passados intensos e qualidades feridas que os tornam mais do que simples tipos funcionais. Isso enriquece a narrativa e nos faz criar vínculos. Ao contrário dos vilões que não soam tão instigantes, parecendo simples repetições tolas e vazias. Nisso, não estou incluindo um certo vilão que não chega a participar efetivamente da trama, mas os que os personagens irão enfrentar diretamente.
Guardiões da Galáxia é mais uma aposta acertada da Marvel nos cinemas. O filme é ágil, possui um ritmo envolvente, uma trama divertida, personagens cativantes e uma produção caprichada que nos dá vontade de continuar acompanhando. Fico imaginando apenas como eles conseguirão mesclar este universo tão distante de Os Vingadores que parece mais realista e próximo de nosso próprio mundo. Mas, só de pensar, já nos cria expectativa.
Como bônus, soube que existe uma cena pós-créditos. Mas, infelizmente na cabine para a imprensa ela não foi exibida.
Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014 / EUA)
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn, Nicole Perlman
Com: Chris Pratt, Vin Diesel, Bradley Cooper, Zoe Saldana, Dave Bautista, Glenn Close, Benicio Del Toro
Duração: 121 min.
Confesso não conhecer os quadrinhos dos Guardiões, mas, pelo que pesquisei, há formações distintas e essa que vemos no cinema é a formação lançada em 2008. Peter Quill, Groot, Rocket Racoon, Gamora e Drax, o Destruidor não podem ser chamados exatamente de heróis. São uma espécie de foras-da-lei que vão se envolver com um artefato perigoso e ficar na mira do vilão Ronan. Ao perceber que o objeto pode destruir mais do que eles pensavam, vão tentar salvar o futuro da galáxia protegendo-o.
A trama mescla muito bem diversão com tensão. Mas, em momento nenhum se leva a sério demais. A construção é leve, envolvente, nonsense em muitos momentos, com piadas e referências diversas. Mesmo em momentos de drama mais intenso, como o início que mostra a origem de Peter Quill com a morte da mãe e sua abdução, há leveza na construção musical, que aliás ocupa uma parte importante da narrativa.
A partir da referência do walk man de Peter, com a seleção musical dos anos 80 feita por sua mãe, a música exerce um papel fundamental na construção narrativa. Ela se torna intradiegética, fazendo parte da diegese ao mesmo tempo em que é colocada em BG das cenas de ação. E tem um elo emocional importante com o protagonista. Suas cenas de dança são construídas desde um clipe nonsense em um planeta distante até ser ponto decisivo em algumas situações. Tendo inclusive uma piada pontual com Kevin Bacon e Footloose.
Este clima, associado a uma direção de arte pra cima, com roupas e cenários coloridos, além de uma maquiagem impecável tornam Guardiões da Galáxia um filme bem mais leve que a maioria dos filmes de heróis que vemos atualmente, onde o drama e a emoção parecem carregar o texto tornando-o mais "sério". Aqui temos algo mais próximo de Os Vingadores, um filme onde o humor se une à ação de uma maneira mais harmônica. Mas, com um jogo ainda mais escrachado, tipo o que vemos em O Guia do Mochileiro das Galáxias, por exemplo.
Mas, ser um filme divertido, repleto de humor, não faz de Guardiões da Galáxia um filme tolo. Pelo contrário. Ainda que com uma trama leve que nunca nos preocupa em excesso, temos aqui valores bem trabalhados, como o senso de ética, justiça e amizade. A relação que vai se formando entre os integrantes do grupo, a forma como se conheceram e a maneira como essa relação vai se transformando, é bonita. Nos faz até emocionar com uma árvore gigante que só diz "I´m Groot" e nos dá uma ideia de onde George R. R. Martin tirou inspiração para criar seu Hodor.
Os personagens em geral são bem construídos, cada um dos membros do grupo tem particularidades interessantes, com dramas passados intensos e qualidades feridas que os tornam mais do que simples tipos funcionais. Isso enriquece a narrativa e nos faz criar vínculos. Ao contrário dos vilões que não soam tão instigantes, parecendo simples repetições tolas e vazias. Nisso, não estou incluindo um certo vilão que não chega a participar efetivamente da trama, mas os que os personagens irão enfrentar diretamente.
Guardiões da Galáxia é mais uma aposta acertada da Marvel nos cinemas. O filme é ágil, possui um ritmo envolvente, uma trama divertida, personagens cativantes e uma produção caprichada que nos dá vontade de continuar acompanhando. Fico imaginando apenas como eles conseguirão mesclar este universo tão distante de Os Vingadores que parece mais realista e próximo de nosso próprio mundo. Mas, só de pensar, já nos cria expectativa.
Como bônus, soube que existe uma cena pós-créditos. Mas, infelizmente na cabine para a imprensa ela não foi exibida.
Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014 / EUA)
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn, Nicole Perlman
Com: Chris Pratt, Vin Diesel, Bradley Cooper, Zoe Saldana, Dave Bautista, Glenn Close, Benicio Del Toro
Duração: 121 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Guardiões da Galáxia
2014-07-30T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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