Anjos, Demônios e muito marketing
Finalmente me rendi e fui ao cinema ver Anjos e Demônios, novo longa metragem de Ron Howard. Coube ao diretor também trazer as telas a adaptação de O Código Da Vinci, outro best-seller de Dan Brown, e pouca diferença ele demonstrou nas duas tramas. Claro, Código Da Vinci era mais complexo, com mais informações e o filme ficou truncado. Sem falar na resolução da história que muitos consideraram piegas e inverossímil. De qualquer forma, a fórmula é a mesma. Um assassinato misterioso, muitos códigos ligados a sociedades secretas, um acadêmico que é a mistura de James Bond com MacGyver, uma garota bonita envolvida de alguma forma no caso, uma polícia desconfiada e um chefe de investigações suspeito. Tudo isso, misturado a muita ação, efeitos especiais interessantes e uma bela fotografia da história do mundo.
Na verdade, a receita de bolo é de Dan Brown. Ele criou um método próprio para chamar a atenção, dosando muito bem o suspense e fazendo pose de dados históricos envolvendo os bastidores da Igreja Católica para gerar polêmica. Não teve erro. Virou best-seller porque foi competente naquilo que se propôs. Não vejo muita diferença dele para nosso Paulo Coelho. Sua forma de escrever pedia um filme e a indústria não perdeu tempo.
Ótimo! Cinema também é entretenimento. E o filme cumpre o seu papel. Aqui melhor do que em O Código Da Vinci, por ter uma história mais concisa e por ter tirado um detalhe muito incômodo no final do filme. Realmente a resolução ficou muito melhor, menos fantasiosa, por mais que ele tenha dito que era científica no livro. Por outro lado, ao cortar o discurso do Camerlengo, ele quebrou um encanto em relação ao personagem que tornou o seu final esquisito. Mas, enfim, não vou falar demais para não virar spoiler, quem viu e leu sabe o que estou falando.
Uma coisa curiosa foi o fato de tornarem o filme uma continuação de O Código da Vinci, quando o livro narra uma aventura anterior a saga do Santo Graal. Na verdade, o livro foi lançado antes, o sucesso de O Código é que foi maior e o tornou prioridade na lembrança de todos. De qualquer forma, a continuação ficou sutil, apenas na indicação de que Robert Langdon teria tido um problema com a Igreja anteriormente.
Falando do filme, propriamente dito, a interpretação de Ewan McGregor é o destaque do elenco. Denso, em um personagem complexo e forte, ele realmente chama a atenção e destoa dos demais. Impressionante como um ator que já ganhou dois Oscar como Tom Hanks consegue ficar tão canastrão no papel do simbologista. Já Ayelet Zurer é uma bela mulher, competente, mas sem nenhum brilho no papel.
A fotografia é linda, não há inovação nas câmeras, os movimentos e enquadramentos são os mais tradicionais possíveis. Porém, Roma é uma bela cidade e suas igrejas e obras de arte ajudam na composição do imaginário mítico. Ver a praça de São Pedro lotada esperando a notícia do novo Papa também é interessante. Uma cena que destaco é o helicóptero subindo da praça Navona iluminada.
Por tudo isso, repito que o filme cumpre o seu papel, um bom entretenimento com pinceladas de cultura, feito exclusivamente para fazer sucesso. Deve conseguir, da mesma forma que O Código da Vinci foi recorde de bilheteria.
Na verdade, a receita de bolo é de Dan Brown. Ele criou um método próprio para chamar a atenção, dosando muito bem o suspense e fazendo pose de dados históricos envolvendo os bastidores da Igreja Católica para gerar polêmica. Não teve erro. Virou best-seller porque foi competente naquilo que se propôs. Não vejo muita diferença dele para nosso Paulo Coelho. Sua forma de escrever pedia um filme e a indústria não perdeu tempo.
Ótimo! Cinema também é entretenimento. E o filme cumpre o seu papel. Aqui melhor do que em O Código Da Vinci, por ter uma história mais concisa e por ter tirado um detalhe muito incômodo no final do filme. Realmente a resolução ficou muito melhor, menos fantasiosa, por mais que ele tenha dito que era científica no livro. Por outro lado, ao cortar o discurso do Camerlengo, ele quebrou um encanto em relação ao personagem que tornou o seu final esquisito. Mas, enfim, não vou falar demais para não virar spoiler, quem viu e leu sabe o que estou falando.
Uma coisa curiosa foi o fato de tornarem o filme uma continuação de O Código da Vinci, quando o livro narra uma aventura anterior a saga do Santo Graal. Na verdade, o livro foi lançado antes, o sucesso de O Código é que foi maior e o tornou prioridade na lembrança de todos. De qualquer forma, a continuação ficou sutil, apenas na indicação de que Robert Langdon teria tido um problema com a Igreja anteriormente.
Falando do filme, propriamente dito, a interpretação de Ewan McGregor é o destaque do elenco. Denso, em um personagem complexo e forte, ele realmente chama a atenção e destoa dos demais. Impressionante como um ator que já ganhou dois Oscar como Tom Hanks consegue ficar tão canastrão no papel do simbologista. Já Ayelet Zurer é uma bela mulher, competente, mas sem nenhum brilho no papel.
A fotografia é linda, não há inovação nas câmeras, os movimentos e enquadramentos são os mais tradicionais possíveis. Porém, Roma é uma bela cidade e suas igrejas e obras de arte ajudam na composição do imaginário mítico. Ver a praça de São Pedro lotada esperando a notícia do novo Papa também é interessante. Uma cena que destaco é o helicóptero subindo da praça Navona iluminada.
Por tudo isso, repito que o filme cumpre o seu papel, um bom entretenimento com pinceladas de cultura, feito exclusivamente para fazer sucesso. Deve conseguir, da mesma forma que O Código da Vinci foi recorde de bilheteria.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Anjos, Demônios e muito marketing
2009-06-04T11:13:00-03:00
Amanda Aouad
aventura|critica|Ewan McGregor|livro|Tom Hanks|
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