
O local é um prédio velho, uma espécie de escola abandonada, com várias salas. Os personagens são divididos em dois grupos, os instrutores e os recém falecidos. O primeiro momento do filme é quase documental. Os instrutores são designados para determinados casos e entrevistam os candidatos, explicando o que acontecerá. Eles têm três dias para relembrar a vida e escolher uma memória, nos outros dias, a equipe irá recriar o momento e no último dia, todos assistem e são liberados para a nova etapa apenas com essa lembrança na memória.

Já Watanabe é um senhor, perto dos oitenta anos, que não consegue lembrar algo tão importante em sua existência que justifique a escolha. Ele solicita uma revisão da vida e passa os dias assistindo as fitas, uma fita para cada ano que viveu. Nesse ponto, sua história se cruza com a do assistente Mochizuki, que apesar da aparência jovem, já morreu há 50 anos e seria contemporâneo de Watanabe. Há algo na lembrança do recém falecido que toca profundamente o instrutor e, a princípio, a gente apenas supõe o que seja. Seu incômodo chama a atenção de Shiori, sua auxiliar, que tenta ajudá-lo.
Surpreendentemente simples, a direção nos leva em uma viagem interior de questionamentos sobre o que realmente é importante, tornando Depois da Vida um filme marcante. A reconstrução da memória, no entanto, é bastante esquisita. Em um estúdio precário, de uma maneira bem mambembe, as lembranças são recriadas com os candidatos interpretando a si mesmos. Acredito que a sensação de reviver aquilo é o mais importante, já que as fitas reais existem e eles poderiam simplesmente assistir. O ato de recriar, relembrando os detalhes é que importa. Uma espécie de última catarse antes do fim. Ou do começo, sabe-se lá o que Hirokazu Koreeda imaginava que viria depois dali.