Série de rádio que fez sucesso na década de trinta, Besouro Verde teve também uma má-sucedida passagem pela televisão. O seriado durou apenas um ano e não fez o sucesso esperado, tendo como único mérito o lançamento de Bruce Lee, que interpretava o mordomo Kato, ao grande público. É possível encontrar nas locadoras um episódio extendido em formato de longametragem, mas não aconselho. É sofrível. O grande problema do Besouro Verde da televisão é que ele tenta se levar a sério e acaba ficando chato. A grande dificuldade na época, era exatamente a concorrência com o seriado Batman que tinha um humor característico. Parece que Michel Gondry fez um estudo de caso com o personagem porque o que seu filme nos apresenta é exatamente o que faltou ao Besouro para decolar na década de sessenta. 
O roteiro de Evan Goldberg e Seth Rogen, é apenas baseado nos personagens de Fran Striker e George W. Trendle. Na verdade, seria um Besouro Verde Begins, quando o milionário Britt Reid acaba de ficar orfão e não tem muitas perspectivas de vida. Ele tem uma mansão, muito dinheiro nos bancos e um jornal para gerir: O Sentinela Diária, mas nenhum objetivo. Até que descobre Kato, o funcionário de seu pai que é um verdadeiro gênio, mestre de artes marciais e inventor de máquinas incríveis. Usando as habilidades de Kato, Reid resolve criar o Besouro Verde, um ser controverso que parece bandido, mas na verdade é um justiceiro mascarado. A construção do personagem Britt Reid em um perfeito idiota é a chave para o filme dar certo. Não por acaso eles escalaram Seth Rogen, comediante característico. A idéia não é fazer um filme de ação sério, mas uma grande piada. Uma diversão sem compromisso de 119 minutos. Então, esqueça o senso crítico e se divirta com as trapalhadas de Besouro Verde e seu fiel escudeiro, com os planos da secretária Lenore Case, que ao contrário da série, não sabe a identidade do mascarado e também acredita que ele seja um novo bandido e com as tiradas surreais do verdadeiro bandido Chudnofsky. Quando ele resolve mudar de nome, então...
Christoph Waltz consegue entrar na brincadeira e entregar um vilão interessante. Uma mistura de realidade com um chefe do crime que vai escalando na loucura até se tornar um perfeito arqui-inimigo de histórias em quadrinhos. Jay Chou pode não ser a lenda Bruce Lee, mas consegue honrar Kato com simpatia. Acreditamos na eficiência do rapaz, verdadeira alma da dupla. Cameron Diaz tem uma participação tão esporádica que acrescenta mais aos créditos do filme do que a história em si, mas seus poucos momentos são engraçados. Assim como Seth Rogen está um perfeito idiota. O personagem caiu como uma luva para o ator, que parece se divertir em cena. Há cenas de ação bem realizadas, lutas bem coreografadas e uma certa adrenalina, principalmente na parte final. O 3D está pontual, nada de extraordinário, mas também não é um engodo, como muitas obras transformadas por aí. Achei interessante a brincadeira com o recurso em um momento em que Gondry utiliza a tela dividida para mostrar várias ações ao mesmo tempo. Cada tela ficou em uma profundidade, gerando uma brincadeira visual interessante. a sensação que fica é que o grande diretor de obras-primas como Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças aproveitou uma oportunidade para brincar um pouco. Espero que com esse a cota tenha acabado e ele volte a nos brindar com algo mais profundo e delicado.
Besouro Verde: (The Green Hornet: 2011 / EUA)
Direção:Michel Gondry
Roteiro: Evan Goldberg e Seth Rogen
Com: Seth Rogen, Cameron Diaz, Jay Chou, Christoph Waltz.
Duração: 119 min
