
Finalizando a trilogia, lembremos agora de
De Volta para o Futuro 3, agora no
velho oeste. O início já nos dá uma ideia exata do que seja essa terceira parte. O filme começa com a famosa cena do primeiro
filme, onde o Dr. Emmett Brown tenta ajeitar o esquema da torre do relógio para que Marty possa retornar a 1985. Acontece que este não é o final do primeiro
filme, como muitos podem se confundir, mas o final do
segundo, pois logo depois do sucesso da
viagem, o Marty que já passou por 2015 aparece com a carta do velho oeste, ligando assim as três histórias em uma busca por um ponto final.

A terceira parte de
De Volta para o Futuro, então, perde algum frescor de novidade. Há muitas repetições, muitos
clichês criados pela própria série como Marty sempre acordando achando que estava sonhando, o jogo de tiros, Biff (ou seu antepassado) caindo em um caminhão de estrume, a velha rixa com a palavra covarde que persegue o jovem
McFly. Há ainda o adendo de um
velho oeste estereotipado que começa com perseguições de índios e cavalaria. Ursos e situações típicas de um
bang bang. Talvez por isso, muitos fãs não gostem do fechamento da
trilogia.
Ainda assim, o texto inteligente e as referências engraçadas continuam aqui. A começar pelo codinome de Marty, que aqui se apresenta como
Clint Eastwood. Só disso já saem ótimas piadas, como ele se apresentando como se fosse um James Bond no
saloon, ou a frase "todos vão saber que Clint Eastwood é o maior covarde de todo o
Oeste". Tem ainda as relações preparadas nos
filmes anteriores, o relógio sendo inaugurado e até brincadeira com o inspetor do colégio, onde seu antepassado é o delegado local.

A própria referência ao
velho oeste é preparada com o jogo de videogame, as citações de Marty e o filme que Biff assiste, por exemplo. É uma brincadeira a mais, um sonho como diz o Dr. Brown. O
western é um dos principais gêneros do
cinema norte-americano, é natural que a série quisesse brincar com ele, já que tinham em mãos uma
máquina do tempo. Tudo parecia se encaixar perfeitamente, até a referência de
Júlio Verne para justificar as conversas do Dr. Brown com sua amada Clara.
A trama do
filme segue a mesma ideia dos anteriores, confusões temporais, onde a dupla apesar de ter uma
máquina do tempo em mãos está sempre atrasada, correndo atrás das situações que precisam ser resolvidas. Há sempre um perigo de vida, uma estrutura que se desfez, um cataclisma a acontecer. Sempre com complicações que se renovam a cada atrapalhada dos dois em um jogo engraçado.

Aqui, o Dr. Emmett Brown perde algumas de suas características básicas, até porque se apaixona, mas não deixa de ter
cacoetes engraçados, como seu exagerado problema com as bebidas. Já Marty está em seu momento mais incômodo, ele parece sobrar ali naquele local que não faz parte de suas referências de fato. Ele só quer sair o mais rápido possível dali. Esse é, por exemplo, o único
filme onde Marty não sobe em um
skate em nenhum momento, quase uma metáfora de um cavaleiro sem seu cavalo. O que muda inclusive sua relação com o antepassado de Biff que só não o enforca porque o doutor chega na hora.
Mas, mais do que um filme,
De Volta para o Futuro 3 é de fato uma terceira parte de uma
trilogia de sucesso. (possíveis spoilers a partir daqui). O seu maior mérito é fechar as pontas soltas, resolvendo o arco dramático principal da vida de Marty McFly. Chega a ser engraçado que o Dr. Emmett Brown fale tanto dos problemas que podem ocorrer caso mude o
futuro, mas toda a
trilogia funcione para melhorar a vida do garoto e sua família. Seu pai deixou de ser um babaca dominado por Biff, sua mãe, seus irmãos estão melhores e ele aprendeu muito com as experiências, não irá mais cometer os erros que cometeria tendo um
futuro aparentemente brilhante pela frente. Não deixa de ser uma grande história. Um marco para toda a vida.
De Volta para o Futuro 3 (Back to the Future Part III, 1990 / EUA)
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Robert Zemeckis
Com: Michael J. Fox, Christopher Lloyd, Thomas F. Wilson, Mary Steenburgen, Elisabeth Shue, Lea Thompson
Duração: 117 min.