
Inspirado nos livros de
Robert Ludlum, a
Trilogia Bourne estrelada por
Matt Damon fez sucesso no início dos anos 2000 por trazer um eletrizante filme de espionagem, com um roteiro muito bem construído e muita ação de qualidade justificada no roteiro. Agora,
Tony Gilroy (roteirista da trilogia), traz uma história original dentro do mesmo universo fílmico, sem o mesmo brilho, mas ainda assim, um bom
filme de
ação.
Acompanhamos o drama do agente Aaron Cross, interpretado por
Jeremy Renner. Ele faz parte do misterioso programa Outcome, que utiliza pílulas azuis e verdes para modificar o
genoma humano, dando mais força, inteligência, entre outras qualidades. Porém, um imprevisto ligando a Outcome com a Treadstone vai mudar os planos de todos os envolvidos, construindo uma caçada eletrizante que envolve ainda a bela doutora Dr. Marta Shearing, vivida por
Rachel Weisz e o chefe de operações Eric Byer, vivido por
Edward Norton, que irá fazer de tudo para cumprir seu plano de "proteger os Estados Unidos".

Mesmo sem fazer parte do elenco,
Matt Damon e o seu
Jason Bourne estão bastante presentes do
filme. Citados em vários momentos, com fotos e arquivos, o personagem é uma espécie de ponto de partida para toda a nova trama conspiratória. O roteiro de
Tony Gilroy, mais uma vez opta por um início confuso, sem muitas informações, só que dessa vez com uma construção bastante linear e menos bifurcações. Ponto negativo para os
flashbacks, muitas vezes tolos e desnecessários como quando os personagens de
Edward Norton e
Rachel Weisz lembram de Aaron Cross.

Porém, mesmo sendo simples, a nova trama traz pontos inverossímeis e algumas confusões mal explicadas que não nos fazem imergir completamente na trama como na
trilogia original. Não que o personagem de
Jeremy Renner seja menos carismático que o de
Matt Damon, Aaron Cross tem a sua verdade e chama a atenção desde as suas primeiras cenas em uma jornada solitária por montanhas geladas. Mas, parece que falta algo para a história nos conquistar. É muita informação nova, muitos testes, muita
genética de superpoderes que soam mais como
ficção científica que
espionagem.
Ainda assim, tem uma boa construção, com uma fotografia cuidadosa, principalmente nas cenas de
ação.
O Legado Bourne tem muita correria, a pé, de carro, de moto, nas ruas, nos telhados, ou no meio de uma floresta. Ponto alto do divertimento de grandes plateias. E tudo é bem conduzido, apesar de não tão bem amarrado com o roteiro proposto. É tanta questão científica para no final terminar em correria que fica uma certa frustração, uma necessidade de maiores explicações.

Mas, nem só de correria vive o
filme. No elenco, boas atuações, com destaque para o retorno de
Edward Norton como um vilão inescrupuloso com um olhar implacável. A tensão e o
suspense também estão presentes em menores doses, com bom momentos, como na cena do avião. Isso sem falar de toda a construção do incidente no laboratório de pesquisa. Há ainda cenas plásticas como as da cabana no início e todo o esquema de inteligência na caçada, tornando a fuga mais envolvente e eletrizante. Destaque para a primeira parte da correria em Manila, nas Filipinas.
O Legado Bourne é, então, um bom
filme de
ação, com algumas falhas no roteiro, boas atuações e muita cena de perseguição bem feita. Fica, no entanto, aquém da
trilogia original, onde a ação e o
suspense se misturavam de uma maneira perfeita em um roteiro bem arquitetado. Ainda assim, deixará muita gente satisfeita.
O Legado Bourne (The Bourne Legacy, 2012 / EUA)
Direção: Tony Gilroy
Roteiro: Tony Gilroy e Dan Gilroy
Com: Jeremy Renner, Rachel Weisz e Edward Norton
Duração: 135 min.