![Histeria](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibHx0_iJiaiFdXN1poaf3_iffl0a437mJUnvTIxxTtq6nxA4pgwjBUXtRVptSqd4QTvuxDL-x56C192PCCIui6jTznt-cnHLwA8nVku1JXdbRx9WyOx0cT2wkH9cMY7v99maYDMlcXv9Qg/s200/histeria-vibrador.jpg)
Até início do século XIX, uma doença parecia comum entre as mulheres, a
Histeria. E o método para tratá-la era uma massagem especial no
clitóris. Pelo menos era o que acreditava o médico Robert Dalrymple. Só que ao passar essa técnica para o jovem Dr. Mortimer Granville, acaba dando início à criação do que conhecemos hoje com o nome de
vibrador.
Apesar da sinopse nos levar a crer o contrário,
Histeria não é um filme sobre o surgimento do
vibrador. Ele está lá, como peça importante da trama, assim como os estudos sobre a
histeria e o
prazer sexual das mulheres. Mas, na verdade, o
filme de
Tanya Wexler é uma comédia romântica. Uma história de amor improvável entre um jovem médico idealista e uma moça rebelde que não aceitava a forma como a sociedade tratava as
mulheres.
![Histeria](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifsWoe2SFEKIVzkPLosOXoEnRbsJZwDI9ijpub9fYCqpXLzBwNe8iOkvzLnOHWfp3dM6yrGwpIzTpR9vz1UN8ehT9ynrl2bk5M8UjT15gWX_h8F5y5_mgtJ_gxZjxHBkqzYxE4krPfeimM/s320/hysteria_02.jpg)
Charlot é uma moça cheia de vida, independente, que quer ter o seu lugar na sociedade machista e ajudar aos pobres. Uma socialista na origem da palavra. Filha do Dr. Robert Dalrymple, que não aceita as escolhas e atitudes da moça, sua trama acaba caminhando em paralelo à questão da
histeria e forçosamente cruzando o destino de Granville em diversos momentos.
Maggie Gyllenhaal e
Hugh Dancy possuem até uma química interessante, mas isso não é o suficiente para comprarmos a ideia do
romance.
![Histeria](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf-Qjl9XEHhccmJ_d8TfyTYPVT0ORREBPqSOON2bRkUwYWzMPJCh_Qv1-UR7z6tewEHaDFsl1FRQgM-jxHiSmZkuov4D-LeKJAS2jvitmZmVkw6luvSYcMx-NLEVAYX5s2ZtuwudAhZy2K/s320/hysteria.jpg)
Essa construção inconstante é que acaba pesando contra. Porque o roteiro fica dividido em possibilidades e não nos ajuda a embarcar nem na história de amor, nem no tema engraçado e picante das experiências no consultório. Tudo fica exposto de uma maneira tão tola, as
mulheres na sala de espera para receber a massagem, a cortina, o desconforto do jovem médico em ter que massagear as partes íntimas daquelas senhoras, enquanto sua mão dói desesperadamente. A "insatisfação" em determinado momento. E tudo isso, intercalado por roupantes de Charlot, os pobres e a ligação que vai surgindo entre eles.
Acabamos não aprofundando nenhum dos temas. Toda a trama é muito pudica, inclusive nas escolhas dos enquadramentos e desconforto de falar sobre
sexo. Ao mesmo tempo, temos o tema da repressão do
prazer sexual como mal a ser combatido. A forma como o primeiro
vibrador surge mesmo, fica limitado à contagem dos "espasmos" em segundos, de uma maneira tão cientifica que é quase anti-clímax.
![Histeria](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcrzFYAJaZuesGe0IROk0pAtagsZGraiXt-JBLNNZq8lVJz5sPx1w31r0xzy4nXoEDnlm7X_2_JrqzMbyN5q0e7Piupn3lbL1KjOKyrUtWMv3HvikAruij5nKzuycZQnPWl6Qc8KjbDUOa/s320/histeria-masturbacao.jpg)
Ao mesmo tempo, a construção do
romance é frágil, feita às pressas em encontros casuais, quase esbarrões. Assim como o problema social que Charlot tenta combater. Há cenas fortes como a invasão do abrigo, mas tudo jogado de uma maneira quase leviana que não nos dá a certeza de se o
filme quer que pensemos na questão, ou coloca aquilo apenas para compor superficialmente o caráter da personagem. Aliás, todos os personagens são rasos, tipos estereotipados de uma maneira tal que fica difícil comprar a ideia de que são reais.
![Histeria](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT26520bTo2g_vY_AzjaN_70uGRzkbVHCAMJ5ftQdhNueXTG0ngzBc-3JpNph1PF4L9SRLDpdXEaAaSUE4GBZktigjePMrP-gQ2XHBaUN5a3JTr7QX73O4sbIdW3onvkzMdW6-2M5T-MkW/s320/histeria-poster.jpg)
Ainda assim, há uma curiosidade crescente em relação aos problemas apresentados. Desde a
histeria e seu tratamento, passando pela mão do Dr. Granville, os pobres de Charlot, seu diagnóstico e julgamento, além de toda aquela situação delicada no
consultório. Cada tema chama a atenção e tem bons momentos, cenas interessantes, mas a costura entre eles é frágil e nada se mantem por muito tempo.
Histeria acaba sendo um filme instigante. Uma obra que tenta nos mostrar fatos históricos de uma maneira rocambolesca e se perde em algumas escolhas. Ainda assim, gera curiosidade e traz bons momentos. Um
filme que poderia ser muito mais do que se apresenta.
Histeria (Hysteria, 2012 / Inglaterra)
Direção: Tanya Wexler
Roteiro: Stephen Dyer, Jonah Lisa Dyer e Howard Gensler
Com: Maggie Gyllenhaal, Hugh Dancy, Jonathan Pryce e Rupert Everett
Duração: 100 min.