King Kong completa 80 anos
Há exatos 80 anos, o filme de Merian C. Cooper e Ernest B. Shoedsack assombrava o mundo pelos ótimos efeitos especiais utilizados. Considerado uma adaptação do conto A Bela e a Fera, King Kong trazia um macaco gigante que vivia em uma ilha tropical exótica onde era considerado um Deus pelos habitantes locais que ofereciam noivas para ele. A bela Anne Darrow chega ao local junto com uma equipe de filmagem e o macaco se apaixona por ela, acaba sendo levado para cidade grande pelos cineastas que querem transformá-lo em uma atração de circo.
Um monstro assustador, uma história fascinante que teve ainda duas refilmagens, uma em 1976, dirigida por John Guillermin, e outra em 2005, dirigida por Peter Jackson, que já declarou ser a obra de 33 seu filme preferido. E não é por acaso. Mesmo com as poucas técnicas da época, o filme ainda continua com seu charme. É impressionante o que eles conseguiram para a época com um elenco simples, alguns efeitos especiais e uma técnica de stop motion impressionante que fazia o macaco criar vida.
Aliás, o macaco, que na história seria gigante, era um boneco de apenas 50 centímetros. Mas, nas mãos de Willis O’Brien, ganhou vida e impressiona plateias mesmo hoje, com tantas tecnologias. A estrela Fay Wray que faz a mocinha também ajuda no sucesso da trama, com seu carisma e expressividade que a tornam uma vítima perfeita, principalmente na antológica cena final.
Nela, King Kong a carrega pelo braço e sobre no lendário Empire State Building. Símbolo de encontros amorosos iniciados aqui e continuados em tantos outros filmes. A cena usa de muita truncagem para funcionar perfeitamente, com um plano geral, onde vemos o prédio e o macaco subindo ao longe. Os planos fechados onde ele estaria no topo do prédio, e outros mostrando as reações da moça, apenas com uma mão mecânica do macaco. E planos inteiros dos aviões que circulam o prédio na tentativa de salvar a vítima.
Não consegui encontrar a cena completa com o som original de Max Steiner, apenas um trecho, mas aqui temos um projeto interessante de mashup. A cena original, colorizada, e o som da mesma cena só que na versão de 2005, dirigida por Peter Jackson. Ficou um resultado impactante também. E demonstra o quanto Kong ficou no imaginário do diretor.
Essa versão colorizada é muito interessante para perceber os detalhes da construção da cena, a imagem com cenário estático para mostra o macaco subindo no prédio, por exemplo, é bem clara. Os planos dos pilotos com um cenário pintado ao fundo, para simular que estão no ar, assim como a cena em que a mão mecânica segura a personagem Ann Darrow no ar. Tudo é muito perceptível aos nossos olhos de hoje. Mas, ao mesmo tempo muito bem construído. Não é de se admirar que fez tanto sucesso na época. Apesar de construídos em partes, cada plano parece mesmo fazer parte do conjunto, nos dando uma sensação de verdade.
E uma obra de 80 anos de existência que ainda se mantem forte, acaba gerando curiosidade e muitas histórias de bastidores. Aqui uma lista de curiosidades compilada de especiais feitos pelo sites do Uol, Adoro Cinema e o Guia dos Curiosos:
- A versão original teve pré-estreia em 2 de março em Nova York e foi lançado mundialmente em 7 de abril de 1933
- O longa é apontado como um sucesso por ter arrecadado U$ 90 mil somente com a bilheteria de estreia, o que foi tido como satisfatório em uma época próxima à Grande Depressão de 1929. Também é apontado como a salvação dos estúdios RKO, que se recusavam a vender a produção à MGM
- O tamanho aparente de King Kong é diferente nas cenas da selva em relação às filmadas em Nova York. Quando na metrópole, o macaco aparenta ter mais de sete metros de altura. Já na ilha no meio do Pacífico, King Kong media aproximadamente 5 metros. Os cartazes de divulgação do longa eram ainda mais exagerados: noticiavam que o gigante do filme tinha 18 metros.
- Na época das filmagens de King Kong tanto o Empire State Building quanto o prédio da Chrysler estavam sendo construídos em Nova York. Inicialmente o roteiro previa que Kong escalaria o prédio da Chrysler, que seria o prédio mais alto do mundo. Porém uma mudança nos planos de construção do Empire State Building fez com que ele se tornasse o prédio mais alto, fazendo também com que fosse o escolhido pelos produtores para a escalada de Kong no filme.
- A cena em que King Kong escala o Empire State Building foi rodada com um homem vestido de macaco escalando uma torre em miniatura, idêntica à original.
- Pilotos que participaram das cenas em que aviões decolam para combater King Kong subido no Empire State Building receberam apenas US$ 10 pela figuração
- Supersticioso, o diretor e produtor Merian C. Cooper quis evitar que o filme todo tivesse 13 rolos e inseriu uma sequência inteira na qual King Kong destrona a cidade e danifica um trem. É possível notar que a algema do pulso direito de King Kong - presente quando o gigante escapa do teatro -- desaparece durante a cena na qual os trilhos são atacados pelo macaco
- Curioso que essa cena do ataque ao trem é a escolhida para ser reproduzida no parque da Disney, onde os visitantes estão dentro do trem que é atacado.
- O grito do gorila gigante foi produzido com o rugido de outros dois animais: um tigre e um leão. Os sons foram unidos e reproduzidos de trás para frente para conferir o brado característico de King Kong.
- A produção foi uma das pioneiras na criação e uso de efeitos especiais, com maquetes representando locações como os prédios de Nova York. No caso do Empire State Building, a única filmagem "in loco" ocorreu apenas no relançamento do longa em 1952, 19 anos após o original. Quando Kong esmaga um avião na parede do prédio icônico da cidade
- Quando foi convidar a atriz Fay Wray para interpretar o papel de Ann Darrow, Cooper disse que ela faria par romântico com um ator "mais alto e moreno". Wray achou que o diretor se referia a Clark Gable.
- O animal que mais se aproxima de Kong é o primata Gigantopitheus blacki, que viveu há 7,3 milhões de anos nas florestas de bambu da China. Herbívoro, tinha mais de 3 metros de altura e pesava 500 quilos.
- O gorila que aparece no longa de Peter Jackson é interpretado pelo ator Andy Serkis. Ele estudou o movimento dos símios visitando por um mês o zoológico de Londres (Inglaterra) e realizando uma viagem para a reserva florestal de Ruanda (África).
- Jackson possuía um monte de objetos do filme de 1933, e utilizou diversos deles na sua produção.
- A atriz Fay Wray, que estrelou a versão original de King Kong, esteve em negociações para participar desta nova versão em uma ponta, mas faleceu antes que pudesse gravá-la. A intenção de Peter Jackson era que ela repetisse a famosa frase final do filme original, "Oh no, it wasn't the airplanes. It was beauty killed the beast".
Um monstro assustador, uma história fascinante que teve ainda duas refilmagens, uma em 1976, dirigida por John Guillermin, e outra em 2005, dirigida por Peter Jackson, que já declarou ser a obra de 33 seu filme preferido. E não é por acaso. Mesmo com as poucas técnicas da época, o filme ainda continua com seu charme. É impressionante o que eles conseguiram para a época com um elenco simples, alguns efeitos especiais e uma técnica de stop motion impressionante que fazia o macaco criar vida.
Aliás, o macaco, que na história seria gigante, era um boneco de apenas 50 centímetros. Mas, nas mãos de Willis O’Brien, ganhou vida e impressiona plateias mesmo hoje, com tantas tecnologias. A estrela Fay Wray que faz a mocinha também ajuda no sucesso da trama, com seu carisma e expressividade que a tornam uma vítima perfeita, principalmente na antológica cena final.
Nela, King Kong a carrega pelo braço e sobre no lendário Empire State Building. Símbolo de encontros amorosos iniciados aqui e continuados em tantos outros filmes. A cena usa de muita truncagem para funcionar perfeitamente, com um plano geral, onde vemos o prédio e o macaco subindo ao longe. Os planos fechados onde ele estaria no topo do prédio, e outros mostrando as reações da moça, apenas com uma mão mecânica do macaco. E planos inteiros dos aviões que circulam o prédio na tentativa de salvar a vítima.
Não consegui encontrar a cena completa com o som original de Max Steiner, apenas um trecho, mas aqui temos um projeto interessante de mashup. A cena original, colorizada, e o som da mesma cena só que na versão de 2005, dirigida por Peter Jackson. Ficou um resultado impactante também. E demonstra o quanto Kong ficou no imaginário do diretor.
Essa versão colorizada é muito interessante para perceber os detalhes da construção da cena, a imagem com cenário estático para mostra o macaco subindo no prédio, por exemplo, é bem clara. Os planos dos pilotos com um cenário pintado ao fundo, para simular que estão no ar, assim como a cena em que a mão mecânica segura a personagem Ann Darrow no ar. Tudo é muito perceptível aos nossos olhos de hoje. Mas, ao mesmo tempo muito bem construído. Não é de se admirar que fez tanto sucesso na época. Apesar de construídos em partes, cada plano parece mesmo fazer parte do conjunto, nos dando uma sensação de verdade.
E uma obra de 80 anos de existência que ainda se mantem forte, acaba gerando curiosidade e muitas histórias de bastidores. Aqui uma lista de curiosidades compilada de especiais feitos pelo sites do Uol, Adoro Cinema e o Guia dos Curiosos:
- A versão original teve pré-estreia em 2 de março em Nova York e foi lançado mundialmente em 7 de abril de 1933
- O longa é apontado como um sucesso por ter arrecadado U$ 90 mil somente com a bilheteria de estreia, o que foi tido como satisfatório em uma época próxima à Grande Depressão de 1929. Também é apontado como a salvação dos estúdios RKO, que se recusavam a vender a produção à MGM
- O tamanho aparente de King Kong é diferente nas cenas da selva em relação às filmadas em Nova York. Quando na metrópole, o macaco aparenta ter mais de sete metros de altura. Já na ilha no meio do Pacífico, King Kong media aproximadamente 5 metros. Os cartazes de divulgação do longa eram ainda mais exagerados: noticiavam que o gigante do filme tinha 18 metros.
- Na época das filmagens de King Kong tanto o Empire State Building quanto o prédio da Chrysler estavam sendo construídos em Nova York. Inicialmente o roteiro previa que Kong escalaria o prédio da Chrysler, que seria o prédio mais alto do mundo. Porém uma mudança nos planos de construção do Empire State Building fez com que ele se tornasse o prédio mais alto, fazendo também com que fosse o escolhido pelos produtores para a escalada de Kong no filme.
- A cena em que King Kong escala o Empire State Building foi rodada com um homem vestido de macaco escalando uma torre em miniatura, idêntica à original.
- Pilotos que participaram das cenas em que aviões decolam para combater King Kong subido no Empire State Building receberam apenas US$ 10 pela figuração
- Supersticioso, o diretor e produtor Merian C. Cooper quis evitar que o filme todo tivesse 13 rolos e inseriu uma sequência inteira na qual King Kong destrona a cidade e danifica um trem. É possível notar que a algema do pulso direito de King Kong - presente quando o gigante escapa do teatro -- desaparece durante a cena na qual os trilhos são atacados pelo macaco
- Curioso que essa cena do ataque ao trem é a escolhida para ser reproduzida no parque da Disney, onde os visitantes estão dentro do trem que é atacado.
- O grito do gorila gigante foi produzido com o rugido de outros dois animais: um tigre e um leão. Os sons foram unidos e reproduzidos de trás para frente para conferir o brado característico de King Kong.
- A produção foi uma das pioneiras na criação e uso de efeitos especiais, com maquetes representando locações como os prédios de Nova York. No caso do Empire State Building, a única filmagem "in loco" ocorreu apenas no relançamento do longa em 1952, 19 anos após o original. Quando Kong esmaga um avião na parede do prédio icônico da cidade
- Quando foi convidar a atriz Fay Wray para interpretar o papel de Ann Darrow, Cooper disse que ela faria par romântico com um ator "mais alto e moreno". Wray achou que o diretor se referia a Clark Gable.
- O animal que mais se aproxima de Kong é o primata Gigantopitheus blacki, que viveu há 7,3 milhões de anos nas florestas de bambu da China. Herbívoro, tinha mais de 3 metros de altura e pesava 500 quilos.
- O gorila que aparece no longa de Peter Jackson é interpretado pelo ator Andy Serkis. Ele estudou o movimento dos símios visitando por um mês o zoológico de Londres (Inglaterra) e realizando uma viagem para a reserva florestal de Ruanda (África).
- Jackson possuía um monte de objetos do filme de 1933, e utilizou diversos deles na sua produção.
- A atriz Fay Wray, que estrelou a versão original de King Kong, esteve em negociações para participar desta nova versão em uma ponta, mas faleceu antes que pudesse gravá-la. A intenção de Peter Jackson era que ela repetisse a famosa frase final do filme original, "Oh no, it wasn't the airplanes. It was beauty killed the beast".
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
King Kong completa 80 anos
2013-04-07T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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