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O Lobo Atrás da Porta
O Lobo Atrás da Porta
Baseado em uma história real da década de 60, Fernando Coimbra fez de seu primeiro longa-metragem uma mistura tensa de melodrama e thriller. O Lobo Atrás da Porta é um filme tenso que desperta emoções dúbias nas plateias, mas tem todos os ingredientes de sucesso de uma boa história.
O casal Sylvia e Bernardo se vêem em um drama assustador, o sequestro de sua filha em plena luz do dia, na escola. Construído a partir desse mistério e dos depoimentos contraditórios na delegacia, o filme vai sendo costurado e explicado por flashbacks que ilustram a versão de cada um dos fatos. Principalmente da personagem Rosa, amante de Bernardo, que pode ser a chave de todo o mistério.
A ambientação do problema nos deixa inquietos desde o princípio. Não temos tempo de conhecer os personagens. O filme já começa com o anúncio: a menina sumiu. Alguém ligou se passando pela mãe e uma mulher pegou a menina, que está desaparecida. O ambiente da delegacia é construído de uma maneira bem resolvida, tendo na figura do delegado um ponto de ironia crítica interessante.
O ator Juliano Cazarré já tinha demonstrado talento desde A Festa da Menina Morta, uma pena que muitos só o vejam como o cara quase onipresente em telenovelas. De qualquer maneira, o seu delegado é construído nem muitas nuanças, apenas como um homem com um humor ferino que vai dialogando com as testemunhas de uma maneira bastante fluida. Os diálogos dele são bons, soam naturais e puxam risadas da plateia, mesmo em momentos tensos, como na alegoria do café.
Outra atriz que chama a atenção é Thalita Carauta, que em uma pequena ponta, consegue dar o seu recado, nos deixando sua personagem na memória. Mas, Leandra Leal é mesmo o foco da narrativa. Enquanto Fabiula Nascimento e Milhem Cortaz estão apenas corretos como os pais da criança, ela consegue nos dar todas as nuanças de sua personagem. Rosa é uma mulher inconstante, com diversas facetas que nunca nos dão uma pista exata de sua verdadeira personalidade. Suas emoções estão muito bem dosadas, nos dando a noção exata de cada momento.
Ainda que tenha um roteiro pautado em um esquema simples de mistério e pontos de vista divergentes contados em flashbacks, é possível ver em O Lobo Atrás da Porta um trabalho de direção cuidadoso. A cena em que Leandra Leal aparece pela primeira vez, por exemplo, é muito boa. Ela está em primeiro plano, de costas, com uma profundidade de campo baixa, deixando apenas ela focada, enquanto que vemos a ação acontecendo na parte desfocada com a mãe abrindo a porta para a polícia. As pistas já estão ali de quem é aquela mulher, o que representa aquele momento e os possíveis desenrolares.
Outro momento bastante simbólico é próximo do fim, quando Rosa liga para Bernardo para marcar um último encontro na estação de trem. Atrás dela, existem diversas bandeiras escrito paz. Uma ironia visual bastante interessante diante de tudo o que já aconteceu com o casal, e com o que ainda pode vir a acontecer.
Com uma história que nos prende do começo ao fim, O Lobo Atrás da Porta é daqueles filmes nacionais que saem do lugar comum em que se encontra o nosso cinema atual. Longe da enxurrada de comédias, mas se arriscando em um filme de gênero, Fernando Coimbra dá o seu recado com uma construção bem trabalhada que se sustenta ainda pela atuação de Leandra Leal. Daqueles bons equilíbrios que tem de tudo para chegar ao público. Vamos aguardar sua estreia.
Filme Visto no IX Panorama Internacional Coisa de Cinema, 2013.
O Lobo Atrás da Porta (O Lobo Atrás da Porta, 2013 / Brasil)
Direção: Fernando Coimbra
Roteiro: Fernando Coimbra
Com: Leandra Leal, Fabiula Nascimento, Thalita Carauta, Juliano Cazarré, Milhem Cortaz
Duração: 100 min.
O casal Sylvia e Bernardo se vêem em um drama assustador, o sequestro de sua filha em plena luz do dia, na escola. Construído a partir desse mistério e dos depoimentos contraditórios na delegacia, o filme vai sendo costurado e explicado por flashbacks que ilustram a versão de cada um dos fatos. Principalmente da personagem Rosa, amante de Bernardo, que pode ser a chave de todo o mistério.
A ambientação do problema nos deixa inquietos desde o princípio. Não temos tempo de conhecer os personagens. O filme já começa com o anúncio: a menina sumiu. Alguém ligou se passando pela mãe e uma mulher pegou a menina, que está desaparecida. O ambiente da delegacia é construído de uma maneira bem resolvida, tendo na figura do delegado um ponto de ironia crítica interessante.
O ator Juliano Cazarré já tinha demonstrado talento desde A Festa da Menina Morta, uma pena que muitos só o vejam como o cara quase onipresente em telenovelas. De qualquer maneira, o seu delegado é construído nem muitas nuanças, apenas como um homem com um humor ferino que vai dialogando com as testemunhas de uma maneira bastante fluida. Os diálogos dele são bons, soam naturais e puxam risadas da plateia, mesmo em momentos tensos, como na alegoria do café.
Outra atriz que chama a atenção é Thalita Carauta, que em uma pequena ponta, consegue dar o seu recado, nos deixando sua personagem na memória. Mas, Leandra Leal é mesmo o foco da narrativa. Enquanto Fabiula Nascimento e Milhem Cortaz estão apenas corretos como os pais da criança, ela consegue nos dar todas as nuanças de sua personagem. Rosa é uma mulher inconstante, com diversas facetas que nunca nos dão uma pista exata de sua verdadeira personalidade. Suas emoções estão muito bem dosadas, nos dando a noção exata de cada momento.
Ainda que tenha um roteiro pautado em um esquema simples de mistério e pontos de vista divergentes contados em flashbacks, é possível ver em O Lobo Atrás da Porta um trabalho de direção cuidadoso. A cena em que Leandra Leal aparece pela primeira vez, por exemplo, é muito boa. Ela está em primeiro plano, de costas, com uma profundidade de campo baixa, deixando apenas ela focada, enquanto que vemos a ação acontecendo na parte desfocada com a mãe abrindo a porta para a polícia. As pistas já estão ali de quem é aquela mulher, o que representa aquele momento e os possíveis desenrolares.
Outro momento bastante simbólico é próximo do fim, quando Rosa liga para Bernardo para marcar um último encontro na estação de trem. Atrás dela, existem diversas bandeiras escrito paz. Uma ironia visual bastante interessante diante de tudo o que já aconteceu com o casal, e com o que ainda pode vir a acontecer.
Com uma história que nos prende do começo ao fim, O Lobo Atrás da Porta é daqueles filmes nacionais que saem do lugar comum em que se encontra o nosso cinema atual. Longe da enxurrada de comédias, mas se arriscando em um filme de gênero, Fernando Coimbra dá o seu recado com uma construção bem trabalhada que se sustenta ainda pela atuação de Leandra Leal. Daqueles bons equilíbrios que tem de tudo para chegar ao público. Vamos aguardar sua estreia.
Filme Visto no IX Panorama Internacional Coisa de Cinema, 2013.
O Lobo Atrás da Porta (O Lobo Atrás da Porta, 2013 / Brasil)
Direção: Fernando Coimbra
Roteiro: Fernando Coimbra
Com: Leandra Leal, Fabiula Nascimento, Thalita Carauta, Juliano Cazarré, Milhem Cortaz
Duração: 100 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Lobo Atrás da Porta
2013-11-08T11:57:00-03:00
Amanda Aouad
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