Cine Avuadora
Sábado fui convidada para a inauguração do Cine Avuadora, cineclube criado pelo Cual - Coletivo Urgente de Audiovisual para exibir e discutir curta-metragens independentes que não encontram espaço em outras janelas.
A iniciativa é mais do que bem-vinda, já que Salvador precisa mesmo de espaços alternativos para a cultura cinematográfica. A possibilidade de discutir com os próprios realizadores é um atrativo a mais. "Estamos abertos a todos. A nossa única exigência é que o realizador vá a sessão", afirma Ramon Coutinho um dos integrantes do coletivo.
O Cual surgiu em julho de 2011 com o Manifesto da urgência. A ideia é que se faça filmes, independente da estrutura, da verba, sem esperar Governo ou qualquer outro apoio. Quem tem amigos engajados pode fazer bons filmes, ainda mais atualmente quando a tecnologia avançou a um ponto em que uma boa câmera está à mão de qualquer um.
"Precisamos de mais filmes e menos lamentações. Essa parece ser a única certeza na qual podemos nos apegar claramente. Mas como produzir novos meios diante de situação tão complicada, mesmo pra aqueles já estão tentando realizar cinema há tanto tempo? Como os novos realizadores podem agora se inserir nessa intrincada seara? Nossa responsabilidade parece muito mais séria do que nos damos conta. Em tempos em que as câmeras digitais parecem contribuir para um maior fluxo e diversidade de produções em toda parte, convivemos com uma mordaz contradição, espera e ausência de novas imagens e abordagens." - Parte do Manifesto.
O Cineclube Avuadora é mais uma iniciativa do Cual, pois não basta fazer filmes, é preciso exibi-los e discuti-los. E isso torna tudo ainda mais interessante. Fui a mediadora dessa primeira sessão que passou três curtas distintos e próximos ao mesmo tempo. Começou com Lapso, de Danilo Umbelino, Murilo Deolino e Uiran Paranhos. Depois veio, Arremate de Rodrigo Luna e, finalmente o representante do coletivo, Otto Recicla dirigido por Marcus Curvelo.
Todos os filmes possuem um tema em comum, a desesperança na humanidade e a sensação de não pertencimento. Há um clima de pessimismo, uma construção de angústia e muito simbolismo em cada um deles. Visto em conjunto, na ordem que foram visto na sessão, então, ganha ainda mais significado. Tentando não dar tantos spoilers, cada um reage a isso de uma maneira. No primeiro, a protagonista percebe que é melhor sair dela, o segundo, que é melhor destruí-la e o terceiro, que é preciso se "reciclar" para adaptar-se.
Minha função ali foi apenas levantar algumas questões, pensamentos sobre cada filme e sobre eles enquanto conjunto. A ideia era ajudar a plateia a pensar sobre o que acabaram de ver, assim como estimular os realizadores a falar um pouco sobre seus trabalhos. E foi bastante produtivo. Todos falaram, tiraram dúvidas, conversaram, filosofaram sobre a atual geração e a função do cinema tornando a tarde agradável e curta para tudo que poderia ser dito.
Para terminar, ainda teve som, banjo e bigode, como eles anunciaram com o artista Gigito. A próxima sessão do Cineclube já tem data e local. Será no dia 21 de fevereiro, uma sexta-feira, na Sala Walter da Silveira, nos Barris. Quem é de Salvador, fique ligado. Termino com outra frase do Manifesto da Urgência, que sintetiza um pouco tudo isso.
"É urgente termos mais filmes na Bahia agora porque houve filmes na Itália do pós-guerra, na pós-revolução cubana, porque há “Harry Potter” nos cinemas todos os anos, porque há filmes sendo vistos e feitos na Ceilândia e outras periferias". - Parte do Manifesto.
Veja mais fotos do evento
A iniciativa é mais do que bem-vinda, já que Salvador precisa mesmo de espaços alternativos para a cultura cinematográfica. A possibilidade de discutir com os próprios realizadores é um atrativo a mais. "Estamos abertos a todos. A nossa única exigência é que o realizador vá a sessão", afirma Ramon Coutinho um dos integrantes do coletivo.
O Cual surgiu em julho de 2011 com o Manifesto da urgência. A ideia é que se faça filmes, independente da estrutura, da verba, sem esperar Governo ou qualquer outro apoio. Quem tem amigos engajados pode fazer bons filmes, ainda mais atualmente quando a tecnologia avançou a um ponto em que uma boa câmera está à mão de qualquer um.
"Precisamos de mais filmes e menos lamentações. Essa parece ser a única certeza na qual podemos nos apegar claramente. Mas como produzir novos meios diante de situação tão complicada, mesmo pra aqueles já estão tentando realizar cinema há tanto tempo? Como os novos realizadores podem agora se inserir nessa intrincada seara? Nossa responsabilidade parece muito mais séria do que nos damos conta. Em tempos em que as câmeras digitais parecem contribuir para um maior fluxo e diversidade de produções em toda parte, convivemos com uma mordaz contradição, espera e ausência de novas imagens e abordagens." - Parte do Manifesto.
O Cineclube Avuadora é mais uma iniciativa do Cual, pois não basta fazer filmes, é preciso exibi-los e discuti-los. E isso torna tudo ainda mais interessante. Fui a mediadora dessa primeira sessão que passou três curtas distintos e próximos ao mesmo tempo. Começou com Lapso, de Danilo Umbelino, Murilo Deolino e Uiran Paranhos. Depois veio, Arremate de Rodrigo Luna e, finalmente o representante do coletivo, Otto Recicla dirigido por Marcus Curvelo.
Todos os filmes possuem um tema em comum, a desesperança na humanidade e a sensação de não pertencimento. Há um clima de pessimismo, uma construção de angústia e muito simbolismo em cada um deles. Visto em conjunto, na ordem que foram visto na sessão, então, ganha ainda mais significado. Tentando não dar tantos spoilers, cada um reage a isso de uma maneira. No primeiro, a protagonista percebe que é melhor sair dela, o segundo, que é melhor destruí-la e o terceiro, que é preciso se "reciclar" para adaptar-se.
Minha função ali foi apenas levantar algumas questões, pensamentos sobre cada filme e sobre eles enquanto conjunto. A ideia era ajudar a plateia a pensar sobre o que acabaram de ver, assim como estimular os realizadores a falar um pouco sobre seus trabalhos. E foi bastante produtivo. Todos falaram, tiraram dúvidas, conversaram, filosofaram sobre a atual geração e a função do cinema tornando a tarde agradável e curta para tudo que poderia ser dito.
Para terminar, ainda teve som, banjo e bigode, como eles anunciaram com o artista Gigito. A próxima sessão do Cineclube já tem data e local. Será no dia 21 de fevereiro, uma sexta-feira, na Sala Walter da Silveira, nos Barris. Quem é de Salvador, fique ligado. Termino com outra frase do Manifesto da Urgência, que sintetiza um pouco tudo isso.
"É urgente termos mais filmes na Bahia agora porque houve filmes na Itália do pós-guerra, na pós-revolução cubana, porque há “Harry Potter” nos cinemas todos os anos, porque há filmes sendo vistos e feitos na Ceilândia e outras periferias". - Parte do Manifesto.
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Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Cine Avuadora
2014-01-21T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
cinema baiano|curtas|materias|Rodrigo Luna|
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