
Melhor cena do filme, traz consigo diversos significados e o maior deles: o desejo de Elsa de ser livre. Não apenas do medo que lhe foi embutido por seus pais, nem das regras que a sociedade lhe impõe. Mas, livre de todo e qualquer jugo. E a música diz muito disso. Na própria letra, ela diz ter a consciência do que deixou para trás, mas está aliviada demais para lamentar.

E é significativo que ela se liberte primeiro desta capa roxa, exatamente quando termina a primeira parte da música e ela sentencia: "Let it go, let it go. The cold never bothered me anyway". Isso tudo com o cuidado da Disney em construir a animação com uma interpretação, ao ponto dela olhar para capa, fazer uma expressão de "já foi" e largá-la o vento.

Ainda que só, ela fica feliz e constrói o seu próprio mundo ao redor. A parte em que ela pisa forte na neve e surge um fractal, de onde ela ergue o castelo, demonstra bem isso. A sua casa surge do seu próprio símbolo e é lindo vê-lo subindo ao som instrumental da música, que vai no ritmo exato, vide os braços dela conduzindo a virada da percussão, para recomeçar a cantar o único verso que sai da melodia padrão: "My power flurries through the air into the ground, My soul is spiraling in frozen fractals all around, And one thought crystallizes like an icy blast, I'm never going back, the past is in the past".

Inclusive no cinema, onde os papéis femininos ainda são forte em tramas sentimentais. Em filmes de ação, por exemplo, ainda resta a mulher o papel de objeto de desejo de homens diversos. Não é raro a construção de estereótipos nesse sentido. A elas também é exigido um padrão maior de beleza e julgamentos diversos. Isso sem falar na soberania de homens atrás das câmeras e também na função de análise do próprio cinema.
Talvez por isso, Frozen tenha encantado tanto. Aqui, os homens é que estão em função das mulheres. E elas estão livres dos encargos que sempre a deram.