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Tim Maia
Tim Maia
Cinebiografias são sempre um desafio. É difícil conseguir resumir a vida de uma pessoa em poucas horas e muitas vezes, o recorte não dá conta de tanta informação. O filme de Mauro Lima sobre o polêmico cantor e compositor Tim Maia recorre a velha narração para ajudar.
O filme tenta nos mostrar toda a trajetória de Sebastião Rodrigues Maia, desde que ele era uma criança na Tijuca até sua morte após passar mal em cima do palco. É muita coisa. Sua infância e adolescência é resumida na narração de Cauã Reymond que interpreta o amigo e parceiro Fábio, cantor paraguaio naturalizado brasileiro.
A narrativa necessária em alguns momentos se torna repetitiva e cansativa em outros. E também não parece se decidir em estilo. Há ironia, há momentos sérios e há algumas quebras como quando o personagem se apresenta em cena "este sou eu".
De qualquer maneira, vamos embarcando no cenário musical brasileiro, pelo menos de uma turma bem particular que conta com figuras como Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Mas que foca mesmo em Tim Maia e seus encontros e desencontros sonoros. Vemos, ainda menino, sonhando no programa de Carlos Imperial. Nos Estados Unidos, se envolvendo em confusões. Penando em São Paulo até ter a primeira chance. Se perdendo na seita Racional e em Londres.
Ainda que com recortes e correria, Tim Maia constrói um retrato bem definido do gênio criativo que se perdia em rebeldias e desapegos. É impressionante como sua vida desenha uma tragicomédia bem definida onde tudo que causa riso é também motivo de pena daquele homem que poderia ter tudo, mas foi deixando a vida levar seu talento, sua saúde, sua juventude.
Tim não nos parece feliz nesse retrato íntimo, apesar de ter conseguido o sucesso com o qual sonhou e até ter vivido com a mulher que sempre o fascinou. No final, ele parecia só e uma cena específica de uma batida policial deixa isso visualmente claro, resumindo a questão do gênio problemático e seu desejo por atenção.
A costura de sua vida, no entanto, soa cansativa em duas horas de projeção. E até repetitiva, principalmente pela construção do texto do narrador que reforça muito do que poderia ser resumido em imagens. A escolha inicial também do paralelo passado e futuro poderia ser mais fluído. O impacto inicial do corte da primeira apresentação da banda da igreja com o show com a Vitória Régia se perde quando começa a intercalar os dois tempos apenas para reforçar a personalidade difícil do artista.
Não podemos, no entanto, deixar de elogiar e enaltecer o trabalho de atores e reconstituição de época. Tanto Robson Nunes quanto Babu Santana nos apresentam um Tim vivo, uma força que vai além da voz potente, mas que tem sua presença própria. Alinne Moraes também está bem como Janaína, o grande amor do artista. E Cauã Reymond defende bem o Fábio. George Sauma e Tito Naville cumpre papel como Roberto e Erasmo, mas quando aparece já caracterizado como o rei, Sauma acaba virando uma caricatura da famosa risada. Destaque ainda para Luis Lobianco como Carlos Imperial.
Mauro Lima consegue ainda nos dar belos momentos, usando muito da profundidade de campo baixa e de planos detalhes que ajudam a construir ambientes e momentos de emoção. Os pés andando apressados no chão, tendo um Tim que espera ser atendido. Ou a profundidade de campo baixa quando ele está no bar olhando o show de Fábio, demonstram uma sensibilidade a mais nas imagens.
No final, Tim Maia cumpre o objetivo de apresentar o artista e o homem por trás dele, mas acaba fazendo isso de maneira cansativa. Poderia ser um recorte mais orgânico, sem querer abraçar todos os detalhes de sua vida. De qualquer maneira, é um filme interessante.
Tim Maia (Tim Maia, 2014 / Brasil)
Direção: Mauro Lima
Roteiro: Mauro Lima e Antônia Pellegrino
Com: Robson Nunes, Babu Santana, Alinne Moraes, Cauã Reymond, Luis Lobianco
Duração: 120 min.
O filme tenta nos mostrar toda a trajetória de Sebastião Rodrigues Maia, desde que ele era uma criança na Tijuca até sua morte após passar mal em cima do palco. É muita coisa. Sua infância e adolescência é resumida na narração de Cauã Reymond que interpreta o amigo e parceiro Fábio, cantor paraguaio naturalizado brasileiro.
A narrativa necessária em alguns momentos se torna repetitiva e cansativa em outros. E também não parece se decidir em estilo. Há ironia, há momentos sérios e há algumas quebras como quando o personagem se apresenta em cena "este sou eu".
De qualquer maneira, vamos embarcando no cenário musical brasileiro, pelo menos de uma turma bem particular que conta com figuras como Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Mas que foca mesmo em Tim Maia e seus encontros e desencontros sonoros. Vemos, ainda menino, sonhando no programa de Carlos Imperial. Nos Estados Unidos, se envolvendo em confusões. Penando em São Paulo até ter a primeira chance. Se perdendo na seita Racional e em Londres.
Ainda que com recortes e correria, Tim Maia constrói um retrato bem definido do gênio criativo que se perdia em rebeldias e desapegos. É impressionante como sua vida desenha uma tragicomédia bem definida onde tudo que causa riso é também motivo de pena daquele homem que poderia ter tudo, mas foi deixando a vida levar seu talento, sua saúde, sua juventude.
Tim não nos parece feliz nesse retrato íntimo, apesar de ter conseguido o sucesso com o qual sonhou e até ter vivido com a mulher que sempre o fascinou. No final, ele parecia só e uma cena específica de uma batida policial deixa isso visualmente claro, resumindo a questão do gênio problemático e seu desejo por atenção.
A costura de sua vida, no entanto, soa cansativa em duas horas de projeção. E até repetitiva, principalmente pela construção do texto do narrador que reforça muito do que poderia ser resumido em imagens. A escolha inicial também do paralelo passado e futuro poderia ser mais fluído. O impacto inicial do corte da primeira apresentação da banda da igreja com o show com a Vitória Régia se perde quando começa a intercalar os dois tempos apenas para reforçar a personalidade difícil do artista.
Não podemos, no entanto, deixar de elogiar e enaltecer o trabalho de atores e reconstituição de época. Tanto Robson Nunes quanto Babu Santana nos apresentam um Tim vivo, uma força que vai além da voz potente, mas que tem sua presença própria. Alinne Moraes também está bem como Janaína, o grande amor do artista. E Cauã Reymond defende bem o Fábio. George Sauma e Tito Naville cumpre papel como Roberto e Erasmo, mas quando aparece já caracterizado como o rei, Sauma acaba virando uma caricatura da famosa risada. Destaque ainda para Luis Lobianco como Carlos Imperial.
Mauro Lima consegue ainda nos dar belos momentos, usando muito da profundidade de campo baixa e de planos detalhes que ajudam a construir ambientes e momentos de emoção. Os pés andando apressados no chão, tendo um Tim que espera ser atendido. Ou a profundidade de campo baixa quando ele está no bar olhando o show de Fábio, demonstram uma sensibilidade a mais nas imagens.
No final, Tim Maia cumpre o objetivo de apresentar o artista e o homem por trás dele, mas acaba fazendo isso de maneira cansativa. Poderia ser um recorte mais orgânico, sem querer abraçar todos os detalhes de sua vida. De qualquer maneira, é um filme interessante.
Tim Maia (Tim Maia, 2014 / Brasil)
Direção: Mauro Lima
Roteiro: Mauro Lima e Antônia Pellegrino
Com: Robson Nunes, Babu Santana, Alinne Moraes, Cauã Reymond, Luis Lobianco
Duração: 120 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Tim Maia
2014-10-29T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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