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X Panorama Internacional Coisa de Cinema
X Panorama Internacional Coisa de Cinema
O X Panorama Internacional Coisa de Cinema consagrou André Novais como grande vencedor da noite de premiação na última quarta-feira. Não apenas por Ela Volta na Quinta, longametragem que dirige, ter levado o prêmio de Melhor Filme pelo Júri oficial. O filme foi também escolhido para os Festivais Indie Lisboa e Ficunam, no México. Fora isso, o curta-metragem de Maurílio Martins, Quinze, que é produzido por André, levou um prêmio especial do Júri oficial e foi o escolhido pelo Júri Jovem. Isso sem falar em sua presença sempre simpática e tímida, mostrando sua emoção em fazer cinema. Cláudio Marques, organizador do Panorama disse em sua apresentação que desde que eles receberam o primeiro curta-metragem de André, Pouco Mais de um Mês, percebeu que ali estava um cineasta a ser acompanhado.
O diferencial do Panorama é exatamente esse clima familiar que seus realizadores dão ao Festival. Realizadores, público e imprensa se sentem em casa, como uma grande festa de encontros e reencontros em prol do cinema. Vemos filmes, conversamos sobre eles, encontramos amigos e conhecemos outros. Não por acaso salas e foyer estão sempre lotados. As sessões e bate-papos também mantém o clima descontraído, logo após cada sessão, sem tanta formalidade ou coletivas.
Este ano, o Panorama trouxe mais de cem filmes entre competitivas, mostras atuais e retrospectivas. A grande variedade acaba abarcando públicos diversos e não apenas os tradicionais de festivais. Destaque esse ano para a Mostra de Kubrick e de Eisenstein. As exibições se dividiram na cidade de Salvador entre o Espaço Itaú Glauber Rocha, principal ponto de exibição, e a Sala Walter da Silveira. E também na cidade de Cachoeira.
Um projeto que teve sua segunda edição dentro do Panorama foi o PanLab, um laboratório de roteiros com consultoria de três especialistas brasileiros. Este ano foram Aleksei Wrobel, Fabio Meira e Felipe Bragança que conversaram com os roteiristas baianos selecionados. Tive a honra de estar entre eles e foi uma experiência única, com discussões distintas que acrescentaram em muito ao meu processo de criação. Tenho certeza de que o meu curta-metragem Solidão ficará mais maduro após os diversos olhares dos consultores, que muitas vezes pareciam completamente antagônicos, mas traziam sempre algo de novo que me fazia pensar. Claro que não se tem como seguir todos os caminhos, um laboratório serve exatamente para isso, mostrar visões e nos ajudar a fazer escolhas.
Outra oficina marcante que acontece no Panorama desde 2010 é o de Crítica Cinematográfica. Realizado até o ano passado pelo crítico João Carlos Sampaio, este ano foi assumido por Rafael Carvalho após a partida precoce do jornalista do Jornal A Tarde. João foi homenageado com a manutenção do projeto que, como falou Rafael Carvalho, demonstra o interesse do Panorama em manter este pensamento crítico e discursivo sobre o cinema. "Acho que essa é a importância da crítica, este interesse e disposição em olhar para os filmes, perceber o que os cineastas estão fazendo e por que estão fazendo", falou Rafael.
Por falar em críticos, os dois nomes baianos que nos deixaram esse ano se tornaram prêmios especiais. André Setaro se tornou o nome do troféu dado pelo júri da APC Bahia. E João Carlos Sampaio, como não poderia deixar de ser, se tornou o troféu oferecido pelo Júri Jovem saído da Oficina de Crítica.
Apesar da variedade de filmes vistos, a premiação acabou sendo bastante equilibrada, premiando filmes com linguagens próximas, poéticas e sensíveis em um olhar da rotina e dos dramas cotidianos. Destaque para o curta baiano Menino da Gamboa, que tem como um dos diretores Rodrigo Luna. O cineasta baiano se tornou tri-campeão do Panorama, venceu anteriormente com Arremate na Competitiva Baiana de 2012 e Jessy na Competitiva Nacional de 2013. O próprio co-diretor Pedro Perazzo brincou na hora de agradecer ao prêmio "Fala você que já tem experiência, Luna".
Destaco também a escolha do Júri Jovem de melhor longametragem para Brasil S/A que já tinha sido meu preferido em Brasília. Foi bom não vê-lo esquecido por aqui. Apesar de Ela Volta na Quinta também ser um belo filme. Por fim, quero falar da menção honrosa do Júri Jovem, Mater Dolorosa, que aparentemente não parece ter nada de especial em linguagem, sendo apenas um registro de uma manifestação, mas impacta pela força de suas imagens e até pela escolha de apenas deixar que elas falem em vez de forçar um discurso ou narrativa.
O Panorama termina com um saldo positivo, demonstrando que a cada ano só melhora seu olhar. A sensação que fica é apenas a vontade de ter mais tempo para aproveitar tudo.
Premiados:
Competitiva Internacional
Menção Honrosa: Como desaparecer Completamente
Melhor Filme: Nagima
Competitiva Baiana
Prêmio André Setaro: Revoada
Prêmio Especial do Júri: 10-5-2012
Melhor filme baiano: Menino da Gamboa
Júri Jovem
Menção Honrosa: Mater Dolorosa
Melhor curta: Quinze
Melhor longa: Brasil S/A
Competitiva Nacional
Prêmio Especial do Júri - curta: Quinze
Prêmio Especial do Júri - longa: Casa Grande
Melhor Curta: Sem Coração
Melhor Longa: Ela Volta na Quinta
O diferencial do Panorama é exatamente esse clima familiar que seus realizadores dão ao Festival. Realizadores, público e imprensa se sentem em casa, como uma grande festa de encontros e reencontros em prol do cinema. Vemos filmes, conversamos sobre eles, encontramos amigos e conhecemos outros. Não por acaso salas e foyer estão sempre lotados. As sessões e bate-papos também mantém o clima descontraído, logo após cada sessão, sem tanta formalidade ou coletivas.
Este ano, o Panorama trouxe mais de cem filmes entre competitivas, mostras atuais e retrospectivas. A grande variedade acaba abarcando públicos diversos e não apenas os tradicionais de festivais. Destaque esse ano para a Mostra de Kubrick e de Eisenstein. As exibições se dividiram na cidade de Salvador entre o Espaço Itaú Glauber Rocha, principal ponto de exibição, e a Sala Walter da Silveira. E também na cidade de Cachoeira.
Um projeto que teve sua segunda edição dentro do Panorama foi o PanLab, um laboratório de roteiros com consultoria de três especialistas brasileiros. Este ano foram Aleksei Wrobel, Fabio Meira e Felipe Bragança que conversaram com os roteiristas baianos selecionados. Tive a honra de estar entre eles e foi uma experiência única, com discussões distintas que acrescentaram em muito ao meu processo de criação. Tenho certeza de que o meu curta-metragem Solidão ficará mais maduro após os diversos olhares dos consultores, que muitas vezes pareciam completamente antagônicos, mas traziam sempre algo de novo que me fazia pensar. Claro que não se tem como seguir todos os caminhos, um laboratório serve exatamente para isso, mostrar visões e nos ajudar a fazer escolhas.
Outra oficina marcante que acontece no Panorama desde 2010 é o de Crítica Cinematográfica. Realizado até o ano passado pelo crítico João Carlos Sampaio, este ano foi assumido por Rafael Carvalho após a partida precoce do jornalista do Jornal A Tarde. João foi homenageado com a manutenção do projeto que, como falou Rafael Carvalho, demonstra o interesse do Panorama em manter este pensamento crítico e discursivo sobre o cinema. "Acho que essa é a importância da crítica, este interesse e disposição em olhar para os filmes, perceber o que os cineastas estão fazendo e por que estão fazendo", falou Rafael.
Por falar em críticos, os dois nomes baianos que nos deixaram esse ano se tornaram prêmios especiais. André Setaro se tornou o nome do troféu dado pelo júri da APC Bahia. E João Carlos Sampaio, como não poderia deixar de ser, se tornou o troféu oferecido pelo Júri Jovem saído da Oficina de Crítica.
Apesar da variedade de filmes vistos, a premiação acabou sendo bastante equilibrada, premiando filmes com linguagens próximas, poéticas e sensíveis em um olhar da rotina e dos dramas cotidianos. Destaque para o curta baiano Menino da Gamboa, que tem como um dos diretores Rodrigo Luna. O cineasta baiano se tornou tri-campeão do Panorama, venceu anteriormente com Arremate na Competitiva Baiana de 2012 e Jessy na Competitiva Nacional de 2013. O próprio co-diretor Pedro Perazzo brincou na hora de agradecer ao prêmio "Fala você que já tem experiência, Luna".
Destaco também a escolha do Júri Jovem de melhor longametragem para Brasil S/A que já tinha sido meu preferido em Brasília. Foi bom não vê-lo esquecido por aqui. Apesar de Ela Volta na Quinta também ser um belo filme. Por fim, quero falar da menção honrosa do Júri Jovem, Mater Dolorosa, que aparentemente não parece ter nada de especial em linguagem, sendo apenas um registro de uma manifestação, mas impacta pela força de suas imagens e até pela escolha de apenas deixar que elas falem em vez de forçar um discurso ou narrativa.
O Panorama termina com um saldo positivo, demonstrando que a cada ano só melhora seu olhar. A sensação que fica é apenas a vontade de ter mais tempo para aproveitar tudo.
Premiados:
Competitiva Internacional
Menção Honrosa: Como desaparecer Completamente
Melhor Filme: Nagima
Competitiva Baiana
Prêmio André Setaro: Revoada
Prêmio Especial do Júri: 10-5-2012
Melhor filme baiano: Menino da Gamboa
Júri Jovem
Menção Honrosa: Mater Dolorosa
Melhor curta: Quinze
Melhor longa: Brasil S/A
Competitiva Nacional
Prêmio Especial do Júri - curta: Quinze
Prêmio Especial do Júri - longa: Casa Grande
Melhor Curta: Sem Coração
Melhor Longa: Ela Volta na Quinta
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
X Panorama Internacional Coisa de Cinema
2014-11-07T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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