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Cinderela
Cinderela
É interessante que em uma época em que os contos de fadas tem sido subvertidos, exista um filme como Cinderela. Um verdadeiro clássico, onde poucas coisas foram alteradas, inclusive o valor da mocinha gentil e corajosa com seu príncipe encantado.
De novidade do clássico desenho da Disney, temos apenas o início. O Era Uma Vez começa um pouco antes do costume e podemos conhecer um pouco mais de Ella criança, com sua mãe e seu pai, em um lar feliz. Vemos a morte da mãe, o novo casamento do pai, a morte do pai e, finalmente, a moça se tornando a escrava de sua madrasta e as duas filhas.
Este prólogo que era apenas citado nas histórias ganha seu espaço subvertendo outra tradição recente das obras, onde tudo já começa com a adrenalina alta. Aqui, Kenneth Branagh dedica mais de 30 minutos de projeção a essa apresentação inicial, o que é curioso, pois já sabemos como termina, mas acaba sendo interessante conhecer essa parte da história.
Outra função fundamental dessa primeira parte é compreender melhor quem é Cinderela e o porquê dela aceitar tão pacatamente as maldades de madrasta e suas filhas. Os valores construídos por sua mãe que reforça o tempo todo a necessidade da filha ser gentil e corajosa a tornam resignada diante da dor. Fora a paixão por aquele local que não a deixa abandonar sua casa.
Isso justifica sua posição passiva diante da vida, aceitando sofrer, aceitando que o príncipe não seja seu, aceitando que todos a usem. Mas, analisando um pouco mais a fundo, isso acaba também lhe dando o poder de decisão. Não é uma simples gata borralheira frágil à espera da salvação. Tudo acontece a partir de escolhas dela. Desde o momento na floresta, quando pede para salvar o alce.
Porém, ainda que com essas sutilezas que podem desagradar um pouco as feministas mais radicais, quando chegamos à parte conhecida da trama, no entanto, tem-se pouco a acrescentar. Apenas um detalhe interessante no relacionamento e na forma como Cinderela conhece o príncipe. Mas, que muda pouca coisa em relação à história tradicional.
Além do início ampliado, talvez o que chame mais a atenção dessa versão seja a participação de Cate Blanchett como a madrasta. Em suas poucas cenas, ela consegue passar toda a perversidade da personagem com muita classe e sutileza, sem se tornar caricata. Por outro lado, Helena Bonham Carter constrói uma exótica fada madrinha, mas que acaba sendo um show a parte na cena da transformação. Já na narração do filme, chega a ser tradicional demais, poderia até brincar um pouco mais.
De qualquer maneira, Cinderela é um filme bem feito, que traz o clima dos antigos contos de fadas para o live action podendo agradar crianças e adultos que ainda acreditam na magia e no ideal romântico.
Cinderela (Cinderella, 2015 / EUA)
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Chris Weitz
Com: Lily James, Cate Blanchett, Richard Madden, Helena Bonham Carter
Duração: 105 min.
De novidade do clássico desenho da Disney, temos apenas o início. O Era Uma Vez começa um pouco antes do costume e podemos conhecer um pouco mais de Ella criança, com sua mãe e seu pai, em um lar feliz. Vemos a morte da mãe, o novo casamento do pai, a morte do pai e, finalmente, a moça se tornando a escrava de sua madrasta e as duas filhas.
Este prólogo que era apenas citado nas histórias ganha seu espaço subvertendo outra tradição recente das obras, onde tudo já começa com a adrenalina alta. Aqui, Kenneth Branagh dedica mais de 30 minutos de projeção a essa apresentação inicial, o que é curioso, pois já sabemos como termina, mas acaba sendo interessante conhecer essa parte da história.
Outra função fundamental dessa primeira parte é compreender melhor quem é Cinderela e o porquê dela aceitar tão pacatamente as maldades de madrasta e suas filhas. Os valores construídos por sua mãe que reforça o tempo todo a necessidade da filha ser gentil e corajosa a tornam resignada diante da dor. Fora a paixão por aquele local que não a deixa abandonar sua casa.
Isso justifica sua posição passiva diante da vida, aceitando sofrer, aceitando que o príncipe não seja seu, aceitando que todos a usem. Mas, analisando um pouco mais a fundo, isso acaba também lhe dando o poder de decisão. Não é uma simples gata borralheira frágil à espera da salvação. Tudo acontece a partir de escolhas dela. Desde o momento na floresta, quando pede para salvar o alce.
Porém, ainda que com essas sutilezas que podem desagradar um pouco as feministas mais radicais, quando chegamos à parte conhecida da trama, no entanto, tem-se pouco a acrescentar. Apenas um detalhe interessante no relacionamento e na forma como Cinderela conhece o príncipe. Mas, que muda pouca coisa em relação à história tradicional.
Além do início ampliado, talvez o que chame mais a atenção dessa versão seja a participação de Cate Blanchett como a madrasta. Em suas poucas cenas, ela consegue passar toda a perversidade da personagem com muita classe e sutileza, sem se tornar caricata. Por outro lado, Helena Bonham Carter constrói uma exótica fada madrinha, mas que acaba sendo um show a parte na cena da transformação. Já na narração do filme, chega a ser tradicional demais, poderia até brincar um pouco mais.
De qualquer maneira, Cinderela é um filme bem feito, que traz o clima dos antigos contos de fadas para o live action podendo agradar crianças e adultos que ainda acreditam na magia e no ideal romântico.
Cinderela (Cinderella, 2015 / EUA)
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Chris Weitz
Com: Lily James, Cate Blanchett, Richard Madden, Helena Bonham Carter
Duração: 105 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Cinderela
2015-03-25T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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