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Larissa Manoela
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Carrossel, o filme
Carrossel, o filme
Nos anos 90, uma telenovela mexicana, que por sua vez era baseada em um original argentino, se tornou um grande fenômeno no Brasil. Carrossel era uma novelinha ingênua com crianças e seus problemas diários amparados pela doce professora Helena. Anos depois, o SBT criou um remake que fez igual sucesso, e agora, essa turminha chega aos cinemas.
Adaptação é sempre um processo delicado. Não conheço o original argentino, mas a passagem da telenovela mexicana para brasileira já trouxe mudanças significativas. Ainda que a essência do arco de cada personagem continuasse o mesmo, eles atualizaram a realidade para os anos 2000 e inseriram uma vilã fixa, que não existia na anterior. Crer que esse tipo de recurso seja necessário, talvez seja o maior problema da versão cinematográfica.
Carrossel, o filme, não é uma obra ruim. É construída para um público específico e funciona para ele. As crianças cresceram um pouco, mas continuam com suas personalidades, divertindo e criando conflitos em um acampamento de férias que parece mesmo ser uma experiência incrível para elas. Quem não gostaria de férias entre amigos em um local daqueles?
O problema da trama começa quando inserem dois vilões caricaturais com um plano que gera uma trama extremamente clichê e pouco desenvolvida. Os personagens de Paulo Miklos e Oscar Filho são maus por que são e pronto. E querem comprar o acampamento para construir uma fábrica bastante poluente para transformar todo "o verde em cinza". Isso é tão raso que chega a ser uma afronta à inteligência das crianças.
Então, toda vez que o filme foca na trama dos vilões o tom é exagerado e tolo. Mesmo os demais adultos, a diretora, a funcionária Graça e o dono do acampamento trazem traços desse exagero como aquele adulto que ao falar com uma criança faz voz de bobo e tenta "conversar" como quem fala com alguém que considera intelectualmente inferior. O sucesso da professora Helena era exatamente o fato dela tratar as crianças como iguais e valorizar os problemas delas. Pena que a atriz Rosanne Mulholland foi para a Globo e a personagem ficou de fora da trama. Talvez, ela equilibrasse um pouco o time dos adultos.
Porque a diferença é gritante quando as crianças estão em cena. E são elas que importam ao público. Falam a mesma língua deles. Tem seus próprios problemas como superar um medo ou achar que o menino de quem gosta não gosta mais dela. E, nisso, elas se entendem, se identificam e se divertem juntas. Além disso, o roteiro do filme traz um recurso extra da gincana, onde os personagens são divididos em dois grupos enfrentando provas diárias. Ou seja, há conflito suficiente ali para um filme divertido e não precisava mesmo dos tais vilões.
De qualquer maneira, Carrossel é um filme para as crianças se divertirem e, nesse quesito, acredito que tenha êxito. É também uma forma de matar a saudade dos personagens e atores que aprenderam a amar. E neste ponto, temos que dar méritos ao SBT de ter aproveitado ao máximo a febre Carrossel. A julgar pela empolgação das crianças na pré-estreia, deve ser um sucesso de bilheteria.
Carrossel, o filme (2015, Brasil)
Direção: Alexandre Boury, Mauricio Eça
Roteiro: Márcio Alemão, Erez Milgrom, Mirna Nogueira
Com: Jean Paulo Campos, Larissa Manoela, Maísa Silva, Noemi Gerbelli, Márcia De Oliveira, Paulo Miklos, Oscar Filho, Gabriel Calamari, Matheus Ueta, Nicholas Torres, Lucas Santos, Thomaz Costa, Guilherme Seta, Stefany Vaz, Orival Pessini, Aysha Benelli, Fernanda Concon
Duração: 98 min.
Adaptação é sempre um processo delicado. Não conheço o original argentino, mas a passagem da telenovela mexicana para brasileira já trouxe mudanças significativas. Ainda que a essência do arco de cada personagem continuasse o mesmo, eles atualizaram a realidade para os anos 2000 e inseriram uma vilã fixa, que não existia na anterior. Crer que esse tipo de recurso seja necessário, talvez seja o maior problema da versão cinematográfica.
Carrossel, o filme, não é uma obra ruim. É construída para um público específico e funciona para ele. As crianças cresceram um pouco, mas continuam com suas personalidades, divertindo e criando conflitos em um acampamento de férias que parece mesmo ser uma experiência incrível para elas. Quem não gostaria de férias entre amigos em um local daqueles?
O problema da trama começa quando inserem dois vilões caricaturais com um plano que gera uma trama extremamente clichê e pouco desenvolvida. Os personagens de Paulo Miklos e Oscar Filho são maus por que são e pronto. E querem comprar o acampamento para construir uma fábrica bastante poluente para transformar todo "o verde em cinza". Isso é tão raso que chega a ser uma afronta à inteligência das crianças.
Então, toda vez que o filme foca na trama dos vilões o tom é exagerado e tolo. Mesmo os demais adultos, a diretora, a funcionária Graça e o dono do acampamento trazem traços desse exagero como aquele adulto que ao falar com uma criança faz voz de bobo e tenta "conversar" como quem fala com alguém que considera intelectualmente inferior. O sucesso da professora Helena era exatamente o fato dela tratar as crianças como iguais e valorizar os problemas delas. Pena que a atriz Rosanne Mulholland foi para a Globo e a personagem ficou de fora da trama. Talvez, ela equilibrasse um pouco o time dos adultos.
Porque a diferença é gritante quando as crianças estão em cena. E são elas que importam ao público. Falam a mesma língua deles. Tem seus próprios problemas como superar um medo ou achar que o menino de quem gosta não gosta mais dela. E, nisso, elas se entendem, se identificam e se divertem juntas. Além disso, o roteiro do filme traz um recurso extra da gincana, onde os personagens são divididos em dois grupos enfrentando provas diárias. Ou seja, há conflito suficiente ali para um filme divertido e não precisava mesmo dos tais vilões.
De qualquer maneira, Carrossel é um filme para as crianças se divertirem e, nesse quesito, acredito que tenha êxito. É também uma forma de matar a saudade dos personagens e atores que aprenderam a amar. E neste ponto, temos que dar méritos ao SBT de ter aproveitado ao máximo a febre Carrossel. A julgar pela empolgação das crianças na pré-estreia, deve ser um sucesso de bilheteria.
Carrossel, o filme (2015, Brasil)
Direção: Alexandre Boury, Mauricio Eça
Roteiro: Márcio Alemão, Erez Milgrom, Mirna Nogueira
Com: Jean Paulo Campos, Larissa Manoela, Maísa Silva, Noemi Gerbelli, Márcia De Oliveira, Paulo Miklos, Oscar Filho, Gabriel Calamari, Matheus Ueta, Nicholas Torres, Lucas Santos, Thomaz Costa, Guilherme Seta, Stefany Vaz, Orival Pessini, Aysha Benelli, Fernanda Concon
Duração: 98 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Carrossel, o filme
2015-07-21T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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