
O preconceito é algo cada vez mais combatido. Preconceito de raça, preconceito de gênero. Mas, acho que raramente param para pensar no preconceito em relação à altura. O que você faria se visse um homem de 1,36 m ? E se você se apaixonasse por ele, teria preconceito em manter a relação?
Esse é o dilema de Diane, personagem de Virginie Efira. Uma advogada separada, mas que ainda é sócia do ex-marido e que, ao perder o celular, acaba conhecendo Alexandre. Um homem pequeno, mas um arquiteto bem sucedido, inteligente e agradável. Sua altura, no entanto, a incomoda profundamente, fazendo-a ficar desconfortável diante da possibilidade de assumir um relacionamento com ele.

Muito do preconceito de Diane, sua mãe e boa parte das situações do filmes partem, na verdade, do machismo. A própria Diane verbaliza isso que "toda menina sonha em encontrar um príncipe encantado alto e forte para carregá-la nos braços". Uma mulher baixa é aceitável, um homem baixo é motivo de piada, porque o homem precisa passar segurança.
Há muitas piadas que colocam Alexandre como incapaz por causa de sua altura. Inclusive durante o trabalho quando ele fala de um empreendimento grande e tem que subir na mesa para uma das pessoas parar de rir da situação. É como a altura define também a capacidade do homem que está ali e o tornasse menos por isso.

Jean Dujardin está muito bem como Alexandre. Ele consegue passar nas expressões suas emoções dúbias. Como quando conversa a sério com Diane pela primeira vez sobre o "problema". Ou momentos mais sutis como quando eles estão no cinema. A maneira como ele muda de expressão ao olhá-la, é muito boa.
A direção de Laurent Tirard também traz bons momentos, ainda que não consiga o mesmo timming de O Pequeno Nicolau. Ainda assim, ele consegue dosar momentos cômicos de outros mais reflexivos, fazendo de Um Amor à Altura uma agradável viagem.
Um Amor à Altura (Un homme à la hauteur, 2016 / França)
Direção: Laurent Tirard
Roteiro: Laurent Tirard
Com: Jean Dujardin, Virginie Efira, Cédric Kahn
Duração: 98 min.