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Judy: Muito Além do Arco-Íris
Judy: Muito Além do Arco-Íris
O subtítulo da distribuidora brasileira para Judy não deixa de ser uma ironia curiosa. Apesar da extensa carreira como atriz, cantora e dançarina, Judy Garland sempre é apresentada pela imprensa como a Dorothy de O Mágico de Oz.
Muito Além do Arco-íris não é uma cinebiografia tradicional, daquelas que busca contar toda a vida de uma artista. O filme narra um período final da vida de Judy, quando ela faz uma turnê em Londres quase obrigada, porque é a única forma de conseguir dinheiro e tentar recuperar a guarda dos filhos. Em paralelo acompanhamos os bastidores da gravação de O Mágico de Oz.
O roteiro busca de alguma forma explicar o processo de dependência de remédios e álcool no fim da vida da artista a partir da rígida maneira como ela foi tratada nas gravações da obra. Não deixa de ser uma construção intrigante, mas a obra não parece querer aprofundar o tema, sendo apenas uma organização superficial que vai forçando pontos de encontro durante a projeção.
Há uma reconstituição de época bem cuidada. Os números musicais nos envolvem. A direção busca construir uma aura especial no palco e constrói uma boa dinâmica na construção do entorno. Os flashbacks, apesar de estereotipados, também são bem cuidados em reconstituição de época e bastidores de um filme tão icônico. Mas nada parece especial, é algo quase burocrático, cumpre sua função, mas nunca chega a se destacar completamente.
O que se destaca mesmo é a interpretação de Renée Zellweger. A atriz constrói trejeitos próprios para não ser uma simples imitação do ícone, tendo a sensibilidade para passar a emoção daquela mulher sofrida. Chama a atenção como há diferença também corporal da Judy no dia a dia e de quanto ela está no palco.
Ainda que o filme não busque a reflexão sobre o show business, é possível não perceber o quão cruel ele pode ser. Não apenas pelo que a garota passou no início, como a maneira como lidam com aquela mulher doente que já tinha brilhado tanto. O vício é uma doença que muitas vezes não é compreendida, vista como descaso, com preconceito, faz com que a pessoa acusada por algo que não consegue controlar.
Construir um retrato da decadência de uma estrela que é símbolo de esperança não deixa de ser corajoso. Diante da complexidade da personagem título, no entanto, Judy acaba sendo pouco para o que poderia ser. Não que queiramos com isso julgar o que não foi feito. O fato é que, ao assistir à trama, a gente sente uma angústia e necessidade de mais. Emociona, nos tira do lugar de conforto, mas parece faltar algo para ir de fato muito além do arco-íris.
Judy: Muito Além do Arco-Íris (Judy, 2020 / EUA)
Direção: Rupert Goold
Roteiro: Tom Edge
Com: Renée Zellweger, Jessie Buckley, Finn Wittrock
Duração: 118 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Judy: Muito Além do Arco-Íris
2020-01-26T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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