Justin Bieber: Never Say Never
Muitos podem desdenhar, até mesmo não entender como fui ao cinema, mas o título já diz: "Never say never". Então, fomos lá encarar o show em 3D. Devo dizer que não foi nenhuma tortura. Aliás, teve uma coisa, a dublagem brasileira é sofrível, os tímbres são muito diferente das vozes reais, pelos pedaços que podíamos ouvir do som original. Tirando isso, o documentário dirigido por Jon Chu, que ainda nem estreou no Brasil, mas já tem versão extendida estreando nos Estados Unidos e Canadá, é muito bem realizado. Seu único pecado é o mesmo de todo marketing em cima da carreira desse menino: querer nos convencer de que estamos diante de um gênio musical. O filme o compara a Michael Jackson e The Beatles o tempo todo, sempre ressaltando seu talento com os instrumentos musicais, sua voz limpa e o fato dele não ser simplesmente mais um ídolo adolescente efêmero.
Pode até não ser. O garoto canta bem e tem uma excelente força de vontade, desde pequeno sonhando em ser artista e sendo incentivado pelos pais. Mas, como ele, existem milhares por aí. Longe de ser o gênio que foi Michael Jackson ou de ter a inovação dos garotos de Liverpool, diria que Bieber é uma mistura de Sandy com Júnior só que com um fator determinante em sua meteórica carreira: a internet. Na verdade, quem lançou o fenômeno pop que ele é hoje foi o Youtube. Uma frase acertadíssima do filme diz: "as fãs de Justin Bieber sentem-se donas dele, porque todas acham que descobriram ele primeiro". Com doze anos, ele colocou uns seis vídeos na rede social e estes vídeos bombaram, como dizem. Com mais de 100 mil views (na época), o vídeo chamou a atenção de pessoas importantes.
Se fosse um simples garoto bonitinho cantando bem, provavelmente Justin Bieber ainda estaria cantando nas escadarias do Avon Theater que aparecem no filme. Mas, como já tinha um público fiel, era um bom negócio. E investiram pesado no garoto. Aliás, uma das coisas que mais impressionam no documentário é a produção por trás do cantor. Muita gente de peso, com currículo de fazer inveja, fora os astros como Usher, fundamental para o lançamento do garoto. É uma máquina de fazer dinheiro e como tal, extremamente competente. Tanto que força Bieber a cantar em mais shows do que sua garganta aguenta.
Com apenas 16 anos de idade, é óbvio que não há o que contar da vida do protagonista. Fico me perguntando o que existe na biografia do garoto, já que é visível a forçação de barra para tornar sua trajetória algo digno de registro. O filme, então, preenche esse vazio, construindo uma expectativa para a estreia de Bieber no Madison Square Garden, ápice de sua turnê de 2010. Isso é realmente um fenômeno admirável, já que estamos falando da principal casa de shows do mundo, onde um guri com um ano e pouco de carreira conseguiu esgotar os ingressos em menos de meia hora. Com um argumento válido, temos então, um filme.
A construção da histeria das fãs, também é bem feita, apesar da tendência macabra de comparar à Beatlemania. É visível, no entanto, a emoção de cada uma delas ao ver o ídolo de perto. Já fui pré-adolescente e gritei pelos Menudos e Dominó, logo, compreendo as manifestações exageradas. Não entendo é a necessidade de dizer que Justin Bieber está acima de tudo e de todos, como se ele fosse o artista que nunca existiu. O mais talentoso, o predestinado, o insuperável. Este é um problema crônico, ainda que algumas músicas demonstrem talento, já que ele assina a co-autoria de muitas, como mostra os créditos.
O 3D é muito bom. Não digo que seja essencial, mas é divertido ver as projeções do palco, a platéia saltando em nossa frente, os picotes de papel em nossas mãos, a cena em que ele desce sentado em um coração de metal mesmo é excelente. Outro momento fantástico em termos de visual é quando fazem o mosaico das fãs em vídeos cantando uma música e fundindo-as com o palco, onde o astro canta a mesma música. A montagem é bastante feliz ao misturar o tal show no Madison Square Garden com arquivos caseiros e bastidores da preparação para o mesmo.
Antes de um fenômeno pop adolescente, Justin Bieber é um fenômeno das redes sociais. Não por acaso tem mais de 7,5 milhões de seguidores no Twitter, ainda mais depois de mostrar no filme que é ele mesmo quem escreve. Tem tudo nas mãos para continuar por muito tempo. Mas, no mundo em que vivemos, da mesma forma que o sucesso vem, pode ir embora. Ele tem que ser muito assessorado para não se tornar um verdadeiro Macaulay Culkin da música, e ter o mesmo fim.
Justin Bieber, Never Say Never: (Justin Bieber, Never Say Never: 2011 (EUA)
Direção:Jon Chu
Com: Justin Bieber, Miley Cyrus, Shawn Stockman, Wanya Morris.
Duração: 90 min.
Pode até não ser. O garoto canta bem e tem uma excelente força de vontade, desde pequeno sonhando em ser artista e sendo incentivado pelos pais. Mas, como ele, existem milhares por aí. Longe de ser o gênio que foi Michael Jackson ou de ter a inovação dos garotos de Liverpool, diria que Bieber é uma mistura de Sandy com Júnior só que com um fator determinante em sua meteórica carreira: a internet. Na verdade, quem lançou o fenômeno pop que ele é hoje foi o Youtube. Uma frase acertadíssima do filme diz: "as fãs de Justin Bieber sentem-se donas dele, porque todas acham que descobriram ele primeiro". Com doze anos, ele colocou uns seis vídeos na rede social e estes vídeos bombaram, como dizem. Com mais de 100 mil views (na época), o vídeo chamou a atenção de pessoas importantes.
Se fosse um simples garoto bonitinho cantando bem, provavelmente Justin Bieber ainda estaria cantando nas escadarias do Avon Theater que aparecem no filme. Mas, como já tinha um público fiel, era um bom negócio. E investiram pesado no garoto. Aliás, uma das coisas que mais impressionam no documentário é a produção por trás do cantor. Muita gente de peso, com currículo de fazer inveja, fora os astros como Usher, fundamental para o lançamento do garoto. É uma máquina de fazer dinheiro e como tal, extremamente competente. Tanto que força Bieber a cantar em mais shows do que sua garganta aguenta.
Com apenas 16 anos de idade, é óbvio que não há o que contar da vida do protagonista. Fico me perguntando o que existe na biografia do garoto, já que é visível a forçação de barra para tornar sua trajetória algo digno de registro. O filme, então, preenche esse vazio, construindo uma expectativa para a estreia de Bieber no Madison Square Garden, ápice de sua turnê de 2010. Isso é realmente um fenômeno admirável, já que estamos falando da principal casa de shows do mundo, onde um guri com um ano e pouco de carreira conseguiu esgotar os ingressos em menos de meia hora. Com um argumento válido, temos então, um filme.
A construção da histeria das fãs, também é bem feita, apesar da tendência macabra de comparar à Beatlemania. É visível, no entanto, a emoção de cada uma delas ao ver o ídolo de perto. Já fui pré-adolescente e gritei pelos Menudos e Dominó, logo, compreendo as manifestações exageradas. Não entendo é a necessidade de dizer que Justin Bieber está acima de tudo e de todos, como se ele fosse o artista que nunca existiu. O mais talentoso, o predestinado, o insuperável. Este é um problema crônico, ainda que algumas músicas demonstrem talento, já que ele assina a co-autoria de muitas, como mostra os créditos.
O 3D é muito bom. Não digo que seja essencial, mas é divertido ver as projeções do palco, a platéia saltando em nossa frente, os picotes de papel em nossas mãos, a cena em que ele desce sentado em um coração de metal mesmo é excelente. Outro momento fantástico em termos de visual é quando fazem o mosaico das fãs em vídeos cantando uma música e fundindo-as com o palco, onde o astro canta a mesma música. A montagem é bastante feliz ao misturar o tal show no Madison Square Garden com arquivos caseiros e bastidores da preparação para o mesmo.
Antes de um fenômeno pop adolescente, Justin Bieber é um fenômeno das redes sociais. Não por acaso tem mais de 7,5 milhões de seguidores no Twitter, ainda mais depois de mostrar no filme que é ele mesmo quem escreve. Tem tudo nas mãos para continuar por muito tempo. Mas, no mundo em que vivemos, da mesma forma que o sucesso vem, pode ir embora. Ele tem que ser muito assessorado para não se tornar um verdadeiro Macaulay Culkin da música, e ter o mesmo fim.
Justin Bieber, Never Say Never: (Justin Bieber, Never Say Never: 2011 (EUA)
Direção:Jon Chu
Com: Justin Bieber, Miley Cyrus, Shawn Stockman, Wanya Morris.
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Justin Bieber: Never Say Never
2011-02-24T16:32:00-03:00
Amanda Aouad
critica|documentario|musical|
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