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Ernest e Célestine

Ernest e CélestineErnest e CélestineIndicado ao Oscar de Melhor Animação em 2014, Ernest e Célestine é uma fábula sobre amizade que traz uma metáfora interessante sobre o preconceito e convivência entre diferentes.

Em um mundo dominado por ursos, os ratos vivem recolhidos nos esgotos da cidade, e lendas são contadas às crianças sobre o enorme urso mau. A relação entre eles não é bem vista, e até mesmo condenada, mas uma jovem ratinha de nome Célestine irá enfrentar esse sistema, devido ao seu fascínio pelas criaturas da superfície. E quando ela começa uma amizade com Ernest a situação se complica para ambos.

Ernest e CélestineAfinal, por que os diferentes não podem conviver em paz? Ou mesmo se tornar amigos? Esse é o questionamento da jovem Célestine e assim, ela acabará encontrando Ernest, ou melhor, ele a encontrará em uma lata de lixo e os dois acabam trocando favores, até que um sentimento de amizade começa a surgir. Tudo é construído de uma maneira bastante orgânica, não parecendo algo forçado ou pouco crível. Isso é que torna a animação ainda mais interessante.

O traço é simples, mas rico em detalhes de expressões e movimentos, trazendo ainda mais vida para a história. Há cenas muito boas, como as iniciais da velha rata contando a história do urso mau para os ratinhos dormirem. Utilizando de sombras na parede, a construção do terror do narrado ganha vida, não apenas nas formas assustadoras, mas pelos olhares de temor dos pequenos ratinhos escondidos na cama.

Ernest e CélestineEm outro momento, um embate de dois grupos de policiais, um de ratos e outro de ursos, é construído com humor irônico. As expressões de ambos os grupos ao perceber o outro são repletas de significados, reforçando a questão do que é de fato diferente ou não já que há uma aproximação de ideias e atitudes para com o outro. Isso vai ser explicitado ainda na parte final, quando se constrói um paralelo entre o paradeiro de Ernest e de Célestine.

A cumplicidade que surge entre os dois, é acompanhada com ternura, como um pai e uma filha, que cuidam e amam um do outro. Na verdade, tanto Ernest, quanto Célestine eram duas criaturas extremamente sós, que não se adaptavam ao mundo em que viviam. Duas almas de artista, ele com a música, ela com a pintura que não conseguem a se adaptar a trabalhos formais. isso os aproxima e os torna uma família. E isso também é que mais incomoda o sistema vigente.

Ernest e Célestine pode parecer uma animação simples, com diálogos fáceis e linguagem infantil, mas por trás da superfície, traz questões extremamente caras à nossa sociedade, nos fazendo pensar e observar nossas atitudes diante da vida.


Visto no 12º Festival Internacional de Cinema Infantil - FICI

Ernest e Célestine (2012 / França)
Direção: Stéphane Aubier, Vincent Patar, Benjamin Renner
Roteiro: Daniel Pennac
Duração: 80 min.

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