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Para Sempre Alice

Para Sempre Alice - filmeBaseado no livro da neurocientista e escritora Lisa Genova, Para Sempre Alice tenta nos apresentar um quadro do mal de Alzheimer. Mas, o que consegue é destacar a atriz Julianne Moore em uma de suas melhores atuações.

A doutora em linguística Alice Howland começa a perceber que algo estranho acontece com ela. É quando consulta um neurologista e é diagnosticada com Alzheimer precoce. A partir daí, ela e sua família vão ter que conviver com a doença. E sua filha Lydia, a que parecia mais distante, é a que acaba a compreendendo melhor.

Em determinado momento da trama, Alice faz um discurso para um grupo de pacientes e familiares do mal de Alzheimer. É o momento mais emocionante do filme, porque ela abre o seu coração e fala do que mais a incomoda na doença. Ela está indo embora, pelo menos a Alice como ela conhecia e de quem se orgulhava. Mas, ela ainda está ali, e precisa fazer algo por isso.

Para Sempre Alice - filmeEste é o ponto principal da obra, que está no título original e na versão em português não ficou tão perfeita. Apesar da doença, das confusões mentais, dos incidentes vexatórios como procurar um banheiro e não encontrar, Alice ainda está ali. E essa é a dor com a qual ela e seus familiares tem que lidar. É difícil, não é fácil ver uma pessoas que amamos e admiramos ir sumindo aos poucos, mas não podemos esquecer que ela ainda é Alice Howland.

Lidar com a pena é um dos maiores problemas do paciente. A própria Alice comenta em algum momento que um paciente com câncer todos se mobilizam, fazem campanha, a luta é admirada, mas com o Mal de Alzheimer é diferente. A demência parece assustar mais ao ser humano que qualquer outra coisa, porque ele se torna um incapaz.

Para Sempre Alice - filmeO filme de Richard Glatzer e Wash Westmoreland tenta mostrar isso, mas é muito simplório em tudo. O roteiro é frágil, os personagens, com exceção de Alice e Lydia, são mal construídos. A direção tem apenas alguns momentos interessantes, como quando Alice se perde fazendo cooper no Campus da Faculdade e a profundidade de campo extremamente baixa ajuda na construção da confusão mental. Ou quando ela procura um banheiro dentro da própria casa e a decupagem dos planos vai nos revelando aos poucos o que aconteceu. Mas, no geral, é uma direção sem grande criatividade.

Para Sempre Alice - filmeO que envolve e impressiona no filme é mesmo a interpretação de Julianne Moore. Ela nos passa os sentimentos de Alice em cada estágio com uma capacidade incrível. É o olhar, os gestos, a postura corporal, tudo nos convence da dor e da doença daquela personagem. Há uma cena em que ela interage com um vídeo dela própria que mostra bem a diferença na interpretação de cada fase.

Sentimos o medo dela quando está começando a perceber os sintomas, o desespero ao constatar o diagnóstico, a confusão e dor a cada deterioração do cérebro e a incapacidade de realizar simples tarefas. A luta por ainda tentar viver em um mundo que não entende. Até a quase entrega completa. A cada momento, a interpretação da atriz é precisa e detalhista, além de extremamente verdadeira.

Para Sempre Alice poderia, então, ser um filme mais intenso e envolvente, construído em torno de uma doença cruel e ingrata que destrói aquilo que a pessoa foi pela simples incapacidade de conectar suas próprias ideias e memórias. Mas, acaba sendo superficial e esquemático, salvando apenas a interpretação intensa de sua protagonista.


Para Sempre Alice (Still Alice, 2014 / EUA)
Direção: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Com: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart
Duração: 10 min.

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