Home
Alec Baldwin
critica
drama
Julianne Moore
Kristen Stewart
oscar 2015
Richard Glatzer
Wash Westmoreland
Para Sempre Alice
Para Sempre Alice
Baseado no livro da neurocientista e escritora Lisa Genova, Para Sempre Alice tenta nos apresentar um quadro do mal de Alzheimer. Mas, o que consegue é destacar a atriz Julianne Moore em uma de suas melhores atuações.
A doutora em linguística Alice Howland começa a perceber que algo estranho acontece com ela. É quando consulta um neurologista e é diagnosticada com Alzheimer precoce. A partir daí, ela e sua família vão ter que conviver com a doença. E sua filha Lydia, a que parecia mais distante, é a que acaba a compreendendo melhor.
Em determinado momento da trama, Alice faz um discurso para um grupo de pacientes e familiares do mal de Alzheimer. É o momento mais emocionante do filme, porque ela abre o seu coração e fala do que mais a incomoda na doença. Ela está indo embora, pelo menos a Alice como ela conhecia e de quem se orgulhava. Mas, ela ainda está ali, e precisa fazer algo por isso.
Este é o ponto principal da obra, que está no título original e na versão em português não ficou tão perfeita. Apesar da doença, das confusões mentais, dos incidentes vexatórios como procurar um banheiro e não encontrar, Alice ainda está ali. E essa é a dor com a qual ela e seus familiares tem que lidar. É difícil, não é fácil ver uma pessoas que amamos e admiramos ir sumindo aos poucos, mas não podemos esquecer que ela ainda é Alice Howland.
Lidar com a pena é um dos maiores problemas do paciente. A própria Alice comenta em algum momento que um paciente com câncer todos se mobilizam, fazem campanha, a luta é admirada, mas com o Mal de Alzheimer é diferente. A demência parece assustar mais ao ser humano que qualquer outra coisa, porque ele se torna um incapaz.
O filme de Richard Glatzer e Wash Westmoreland tenta mostrar isso, mas é muito simplório em tudo. O roteiro é frágil, os personagens, com exceção de Alice e Lydia, são mal construídos. A direção tem apenas alguns momentos interessantes, como quando Alice se perde fazendo cooper no Campus da Faculdade e a profundidade de campo extremamente baixa ajuda na construção da confusão mental. Ou quando ela procura um banheiro dentro da própria casa e a decupagem dos planos vai nos revelando aos poucos o que aconteceu. Mas, no geral, é uma direção sem grande criatividade.
O que envolve e impressiona no filme é mesmo a interpretação de Julianne Moore. Ela nos passa os sentimentos de Alice em cada estágio com uma capacidade incrível. É o olhar, os gestos, a postura corporal, tudo nos convence da dor e da doença daquela personagem. Há uma cena em que ela interage com um vídeo dela própria que mostra bem a diferença na interpretação de cada fase.
Sentimos o medo dela quando está começando a perceber os sintomas, o desespero ao constatar o diagnóstico, a confusão e dor a cada deterioração do cérebro e a incapacidade de realizar simples tarefas. A luta por ainda tentar viver em um mundo que não entende. Até a quase entrega completa. A cada momento, a interpretação da atriz é precisa e detalhista, além de extremamente verdadeira.
Para Sempre Alice poderia, então, ser um filme mais intenso e envolvente, construído em torno de uma doença cruel e ingrata que destrói aquilo que a pessoa foi pela simples incapacidade de conectar suas próprias ideias e memórias. Mas, acaba sendo superficial e esquemático, salvando apenas a interpretação intensa de sua protagonista.
Para Sempre Alice (Still Alice, 2014 / EUA)
Direção: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Com: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart
Duração: 10 min.
A doutora em linguística Alice Howland começa a perceber que algo estranho acontece com ela. É quando consulta um neurologista e é diagnosticada com Alzheimer precoce. A partir daí, ela e sua família vão ter que conviver com a doença. E sua filha Lydia, a que parecia mais distante, é a que acaba a compreendendo melhor.
Em determinado momento da trama, Alice faz um discurso para um grupo de pacientes e familiares do mal de Alzheimer. É o momento mais emocionante do filme, porque ela abre o seu coração e fala do que mais a incomoda na doença. Ela está indo embora, pelo menos a Alice como ela conhecia e de quem se orgulhava. Mas, ela ainda está ali, e precisa fazer algo por isso.
Este é o ponto principal da obra, que está no título original e na versão em português não ficou tão perfeita. Apesar da doença, das confusões mentais, dos incidentes vexatórios como procurar um banheiro e não encontrar, Alice ainda está ali. E essa é a dor com a qual ela e seus familiares tem que lidar. É difícil, não é fácil ver uma pessoas que amamos e admiramos ir sumindo aos poucos, mas não podemos esquecer que ela ainda é Alice Howland.
Lidar com a pena é um dos maiores problemas do paciente. A própria Alice comenta em algum momento que um paciente com câncer todos se mobilizam, fazem campanha, a luta é admirada, mas com o Mal de Alzheimer é diferente. A demência parece assustar mais ao ser humano que qualquer outra coisa, porque ele se torna um incapaz.
O filme de Richard Glatzer e Wash Westmoreland tenta mostrar isso, mas é muito simplório em tudo. O roteiro é frágil, os personagens, com exceção de Alice e Lydia, são mal construídos. A direção tem apenas alguns momentos interessantes, como quando Alice se perde fazendo cooper no Campus da Faculdade e a profundidade de campo extremamente baixa ajuda na construção da confusão mental. Ou quando ela procura um banheiro dentro da própria casa e a decupagem dos planos vai nos revelando aos poucos o que aconteceu. Mas, no geral, é uma direção sem grande criatividade.
O que envolve e impressiona no filme é mesmo a interpretação de Julianne Moore. Ela nos passa os sentimentos de Alice em cada estágio com uma capacidade incrível. É o olhar, os gestos, a postura corporal, tudo nos convence da dor e da doença daquela personagem. Há uma cena em que ela interage com um vídeo dela própria que mostra bem a diferença na interpretação de cada fase.
Sentimos o medo dela quando está começando a perceber os sintomas, o desespero ao constatar o diagnóstico, a confusão e dor a cada deterioração do cérebro e a incapacidade de realizar simples tarefas. A luta por ainda tentar viver em um mundo que não entende. Até a quase entrega completa. A cada momento, a interpretação da atriz é precisa e detalhista, além de extremamente verdadeira.
Para Sempre Alice poderia, então, ser um filme mais intenso e envolvente, construído em torno de uma doença cruel e ingrata que destrói aquilo que a pessoa foi pela simples incapacidade de conectar suas próprias ideias e memórias. Mas, acaba sendo superficial e esquemático, salvando apenas a interpretação intensa de sua protagonista.
Para Sempre Alice (Still Alice, 2014 / EUA)
Direção: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Com: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart
Duração: 10 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Para Sempre Alice
2015-03-07T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
Alec Baldwin|critica|drama|Julianne Moore|Kristen Stewart|oscar 2015|Richard Glatzer|Wash Westmoreland|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
Tem uma propaganda em que a Dove demonstra como o padrão de beleza feminino é construído pelo mercado publicitário . Uma jovem com um rost...
-
Muitos filmes eróticos já foram realizados. Fantasias sexuais, jogo entre dominação e dominado, assédios ou simplesmente a descoberta do pr...
-
Brazil , dirigido por Terry Gilliam em 1985, é uma obra que supera todos os rótulos que a enquadrariam como apenas uma distopia . Seu mundo...
-
O desejo de todo ser humano é ser amado e se sentir pertencente a algo. Em um mundo heteronormativo, ser homossexual é um desafio a esse des...
-
Em determinada cena no início da obra, Maria Callas está em pé na cozinha, cantando enquanto sua governanta faz um omelete para o café da m...
-
O dia de hoje marca 133 anos do nascimento de John Ronald Reuel Tolkien e resolvi fazer uma pequena homenagem, me debruçando sobre sua vid...
-
Encarar o seu primeiro longa-metragem não é fácil, ainda mais quando esse projeto carrega tamanha carga emocional de uma obra sobre sua mãe....
-
Em cartaz nos cinemas com o filme Retrato de um Certo Oriente , Marcelo Gomes trouxe à abertura do 57º Festival do Cinema Brasileiro uma ...
-
Agora Seremos Felizes (1944), ou Meet Me in St. Louis , de Vincente Minnelli , é um dos marcos do cinema americano da década de 1940 e exe...