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Para Minha Amada Morta
Para Minha Amada Morta
Para Minha Amada Morta, o título do novo filme de Aly Muritiba já é uma poesia. Ao mesmo tempo em que traduz bem a ironia do roteiro, que está sempre flertando com o gênero suspense, mas em outra instância.
Fernando é um fotógrafo policial que acabou de perder a esposa. Tendo que lidar com as lembranças, assim como cuidar de seu filho pequeno, ele vai organizando os antigos pertences da falecida sem saber ainda que fim dará a tudo aquilo. Até que uma fita de VHS o perturba profundamente, pois registra a sua traição. Obcecado para descobrir quem é aquele homem com ela, ele vai partir para uma caçada própria.
Não se deixe levar pelos clichês do gênero, ainda que sejam eles que definam o mesmo. Para Minha Amada Morta é tenso e joga com nossas expectativas a todo momento, nos dando algo a mais do que um filme de vingança. Na verdade, a obra não é sobre uma vingança, mas sobre um luto. Como definiu o próprio diretor: para Fernando, sua esposa morre duas vezes, uma de fato e a outra em sentimento.
A imagem daquela mulher amada morre ao vê-la nos braços de outro. A angústia e o desespero é por entender aquilo. Por viver o luto, enquanto ficamos imaginando o que ele fará com aquela família. Afinal, como bom policial e fotógrafo, ele logo descobre o paradeiro de Salvador, ex-presidiário, hoje evangélico, com mulher de duas filhas. A trama não gira em torno da investigação, isso não é o importante.
O importante são as sensações e os sentimentos contidos. Como tudo isso vai acontecendo é que nos prende e envolve, tanto que desculpamos algumas incongruências como o filho que simplesmente é depositado na casa de uma tia, assim como o emprego do qual Fernando parece tirar licença enquanto mora no puxadinho da casa de seu desafeto.
É difícil comentar todas as nuanças da obra sem dar spoilers, porque muito dos artifícios do roteiro estão nas pistas e recompensas que nos vão sendo dadas, sempre em quebras de expectativas. Tentamos nos antecipar a Fernando, mas ele permanece ali como uma incógnita, tanto que a interpretação de Fernando Alves Pinto parece acertadamente monocórdia, escondendo seus sentimentos quase como um psicopata, apesar de sabermos que por dentro ele já chorou e sofreu essas dores.
Para Minha Amada Morta é daqueles filmes intensos que nos envolve e nos deixa em constante angústia. Um filme que merece destaque, assim como os prêmios e menções que vem recebendo pelos festivais por onde passa.
Filme visto no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Para Minha Amada Morta (2015 / Brasil)
Direção: Aly Muritiba
Roteiro: Aly Muritiba
Com: Fernando Alves Pinto, Mayana Neiva, Lourinelson Vladmir
Duração: 140 min.
Fernando é um fotógrafo policial que acabou de perder a esposa. Tendo que lidar com as lembranças, assim como cuidar de seu filho pequeno, ele vai organizando os antigos pertences da falecida sem saber ainda que fim dará a tudo aquilo. Até que uma fita de VHS o perturba profundamente, pois registra a sua traição. Obcecado para descobrir quem é aquele homem com ela, ele vai partir para uma caçada própria.
Não se deixe levar pelos clichês do gênero, ainda que sejam eles que definam o mesmo. Para Minha Amada Morta é tenso e joga com nossas expectativas a todo momento, nos dando algo a mais do que um filme de vingança. Na verdade, a obra não é sobre uma vingança, mas sobre um luto. Como definiu o próprio diretor: para Fernando, sua esposa morre duas vezes, uma de fato e a outra em sentimento.
A imagem daquela mulher amada morre ao vê-la nos braços de outro. A angústia e o desespero é por entender aquilo. Por viver o luto, enquanto ficamos imaginando o que ele fará com aquela família. Afinal, como bom policial e fotógrafo, ele logo descobre o paradeiro de Salvador, ex-presidiário, hoje evangélico, com mulher de duas filhas. A trama não gira em torno da investigação, isso não é o importante.
O importante são as sensações e os sentimentos contidos. Como tudo isso vai acontecendo é que nos prende e envolve, tanto que desculpamos algumas incongruências como o filho que simplesmente é depositado na casa de uma tia, assim como o emprego do qual Fernando parece tirar licença enquanto mora no puxadinho da casa de seu desafeto.
É difícil comentar todas as nuanças da obra sem dar spoilers, porque muito dos artifícios do roteiro estão nas pistas e recompensas que nos vão sendo dadas, sempre em quebras de expectativas. Tentamos nos antecipar a Fernando, mas ele permanece ali como uma incógnita, tanto que a interpretação de Fernando Alves Pinto parece acertadamente monocórdia, escondendo seus sentimentos quase como um psicopata, apesar de sabermos que por dentro ele já chorou e sofreu essas dores.
Para Minha Amada Morta é daqueles filmes intensos que nos envolve e nos deixa em constante angústia. Um filme que merece destaque, assim como os prêmios e menções que vem recebendo pelos festivais por onde passa.
Filme visto no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Para Minha Amada Morta (2015 / Brasil)
Direção: Aly Muritiba
Roteiro: Aly Muritiba
Com: Fernando Alves Pinto, Mayana Neiva, Lourinelson Vladmir
Duração: 140 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Para Minha Amada Morta
2015-11-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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