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A Batalha de Natal

A Batalha de Natal - filme

A Batalha de Natal
veio como uma ambiciosa tentativa de reinventar a comédia natalina tradicional, e há algo profundamente sincero nessa empreitada. Sob a direção de Reginald Hudlin, um cineasta com experiência tanto em comédia quanto em dramas familiares, o filme propõe um casamento entre o sentimental do Natal e uma fantasia estranhamente energética: elfos, feitiços, corridas contra o tempo e até bonecos que ganham vida.

No centro dessa história está Chris (Eddie Murphy), um pai carismático e competitivo, apaixonado por decoração natalina. Sua motivação é simples, mas familiar: ganhar o concurso de enfeites da vizinhança. Quando ele faz um pacto com Pepper (Jillian Bell), uma elfa travessa, para aumentar suas chances, o que parecia um desejo inocente se torna um caos mágico. Os doze dias de Natal trazem, literalmente, criaturas encantadas para a cidade, lançando Chris, sua esposa Carol (Tracee Ellis Ross) e seus filhos numa aventura para restaurar a ordem.

A Batalha de Natal - filme
O filme tem um mérito incontestável no visual: é saturado, colorido, brilhante com enfeites extravagantes e sequências mágicas que evocam uma sensação de espetáculo. Os bonecos de porcelana, em especial, são um achado visual e suas animações não soam artificiais, além do que há um cuidado para torná-los encantadores sem cair no grotesco. Esse esforço de produção compensa, em parte, a fragilidade de algumas escolhas narrativas.

É justamente no roteiro, assinado por Kelly Younger, que a promessa do filme se dilui. Há tanta ambição, com competição, demissão, feitiço e sacrifício familiar, que o longa muitas vezes parece correr para finalizar subtramas antes que tenham sido devidamente desenvolvidas. A sensação é de assistir a vários filmes em um só: ora um terror infantil leve, ora uma comédia familiar, ora um filme de ação com contas a serem pagas. Esse excesso compromete. A estrutura se desfia num novelo de ideias, e algumas delas nunca encontram uma resolução emocional satisfatória. Uma proposta mais simples, como Um Natal Brilhante (2006), me soa mais coesa.

A Batalha de Natal - filme
Ainda assim, Hudlin entrega momentos de sinceridade e calor familiar. O carisma de Eddie Murphy continua sendo um pilar central: ele tem presença, sabe transformar uma cena simples em algo com peso emocional. Sua química com Tracee Ellis Ross funciona bem, reforçando a ideia de uma família unida, mesmo quando tudo está prestes a desabar. Madison Thomas, como filha mais nova, traz leveza e energia, e Jillian Bell tem prazer em ser a vilã elfa, já que Pepper não é só maligna, é imprevisível, e Bell aproveita cada nuance disso.

Mas a mágica fantasiosa, por mais bem trabalhada esteticamente, muitas vezes parece desconectada do universo real da família. A narrativa acelera demais nos momentos de magia, e desacelera mal nos momentos dramáticos, isso torna difícil realmente sentir o peso emocional das consequências do pacto. Há, sim, brilho e boas intenções. Hudlin não aposta apenas no sentimental barato: ele ousa trazer lutas, perseguições e elementos inesperados para um filme de Natal. Esse risco é louvável, porque nem todo longa natalino precisa seguir a fórmula doce e linear. Mas o filme paga caro por essa ambição: a falta de foco no desenvolvimento das tramas faz com que algumas ideias não batam no final com a gravidade que mereciam.

Ainda assim, para um espectador disposto a mergulhar no espetáculo natalino, com doses de humor mágico e uma boa dose de nostalgia familiar, A Batalha de Natal entrega diversão honesta. Não é um clássico imediato que será revisto por gerações, mas também não é um desperdício de talento. Eddie Murphy, mesmo em um roteiro desequilibrado, ainda brilha e, para mim, isso bastou para dar ao filme uma chance.


A Batalha de Natal (Candy Cane Lane, 2023 / Estados Unidos)
Direção: Reginald Hudlin
Roteiro: Kelly Younger
Com: Eddie Murphy, Tracee Ellis Ross, Jillian Bell, Madison Thomas, Thaddeus J. Mixson
Duração: 117 min.

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