Persona
Persona vem do latim e significa máscara. Era a máscara utilizada pelos atores no teatro grego, daí a origem do nome personagem. Jung se utilizou do termo para designar a personalidade de cada ser que é moldada em busca da adaptação social. Foi na essência desse termo que Ingmar Bergman se baseou para criar sua obra-prima cinematográfica. É válido ainda dizer que, no Brasil, o filme ganhou o singelo título de "quando duas mulheres pecam", talvez os tradutores locais achassem que o brasileiro não entenderia tanta psicologia e apelou para outro ponto forte tanto do diretor quanto do filme. A questão do pecado, da culpa, da auto-punição. Persona é tudo isso e um pouco mais.
Elisabet Vogler é uma atriz renomada que para de falar inexplicavelmente durante a apresentação de uma peça. Em uma clínica de reabilitação, ela conhece a enfermeira Irma Alma. Por ordens da coordenadora local, as duas se isolam em uma casa de praia para o tratamento. Começa, então, o melhor roteiro de cunho psicológico já visto.
O texto é denso, forte, angustiante, assim como a situação em si. Bibi Andersson, a enfermeira Alma, conduz o seu monólogo de forma brilhante, expondo as fraquezas de sua personagem e buscando reflexões sobre a natureza humana. Liv Ullman por sua vez é ainda mais impressionante interpretando uma Vogler completamente muda, mas que se expressa com o olhar de uma forma tão intensa que fala mais que qualquer outro. Por fim, a câmera angustiante de Bergman que conduz o nosso olhar de uma forma brilhante. Escolhendo os planos de maneira peculiar, sem contra-planos comuns, com longas durações e closes perturbadores.
Enquanto o senso comum coloca a pessoa que fala em foco e o ouvinte em contra-plano rápido. Bergman deixa sua câmera em quem ouve, apenas com um vulto do interlocutor. Há longos planos também de contemplação, como o que Elisabet Vogler está deitada angustiada e a luz vai caindo aos poucos até ficar tudo escuro. E há o clímax do filme, onde tudo começa a ser revelado (que não vou detalhar aqui, para não dar spoiler) em que ele repete a cena trocando o plano. Primeiro apenas ouvimos a voz de Alma e vemos a reação de Vogler. Depois vemos e ouvimos Alma repetindo todo o texto. A expressão das duas atrizes são fundamentais para compreender o que o diretor quer passar nesse filme.
Aos que não gostam de filmes psicológicos, Bergman nunca é uma boa opção. Podem considerar lento e cansativo. Para os que adoram, como eu, vão perceber todas as sutilezas desse gênio. Uma obra fundamental.
Elisabet Vogler é uma atriz renomada que para de falar inexplicavelmente durante a apresentação de uma peça. Em uma clínica de reabilitação, ela conhece a enfermeira Irma Alma. Por ordens da coordenadora local, as duas se isolam em uma casa de praia para o tratamento. Começa, então, o melhor roteiro de cunho psicológico já visto.
O texto é denso, forte, angustiante, assim como a situação em si. Bibi Andersson, a enfermeira Alma, conduz o seu monólogo de forma brilhante, expondo as fraquezas de sua personagem e buscando reflexões sobre a natureza humana. Liv Ullman por sua vez é ainda mais impressionante interpretando uma Vogler completamente muda, mas que se expressa com o olhar de uma forma tão intensa que fala mais que qualquer outro. Por fim, a câmera angustiante de Bergman que conduz o nosso olhar de uma forma brilhante. Escolhendo os planos de maneira peculiar, sem contra-planos comuns, com longas durações e closes perturbadores.
Enquanto o senso comum coloca a pessoa que fala em foco e o ouvinte em contra-plano rápido. Bergman deixa sua câmera em quem ouve, apenas com um vulto do interlocutor. Há longos planos também de contemplação, como o que Elisabet Vogler está deitada angustiada e a luz vai caindo aos poucos até ficar tudo escuro. E há o clímax do filme, onde tudo começa a ser revelado (que não vou detalhar aqui, para não dar spoiler) em que ele repete a cena trocando o plano. Primeiro apenas ouvimos a voz de Alma e vemos a reação de Vogler. Depois vemos e ouvimos Alma repetindo todo o texto. A expressão das duas atrizes são fundamentais para compreender o que o diretor quer passar nesse filme.
Aos que não gostam de filmes psicológicos, Bergman nunca é uma boa opção. Podem considerar lento e cansativo. Para os que adoram, como eu, vão perceber todas as sutilezas desse gênio. Uma obra fundamental.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Persona
2010-01-23T23:49:00-03:00
Amanda Aouad
cinema europeu|critica|drama|grandes cineastas|Ingmar Bergman|Liv Ullman|
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