
Não posso dizer que esta era a intenção do diretor ao criar a história de Burke Ryan, mas durante toda a projeção tem alguns indícios de crítica à fórmula fácil de se ganhar dinheiro com a dor e fé alheia. Principalmente, quando o empresário do "guru" apresenta uma proposta milionária com um determinado grupo que irá lançar vários produtos com a marca do rapaz, incluindo um método de emagrecer com o slogan surreal de "finalmente uma perda que vale a pena". Há também algumas práticas questionáveis como o ritual de andar em brasas ou a própria terapia grupal feita no workshop por uma pessoa que não é um psicólogo.


Aaron Eckhart está bem no papel do guru cheio de traumas. Sofre, ri e nos convence com aquele papo de "você pode", "eu sei que é difícil, eu passei por isso". Ao mesmo tempo, vemos desde o início o quão complicado ele é, afinal tem medo de elevador, tendo que subir vários lances de escada. Esse problema lembra Richard Gere em Uma Linda Mulher, que morria de medo de altura, mas ficava sempre na cobertura do hotel, porque "eram os melhores quartos". Já Eloise é totalmente bem resolvida, sem medos, nem traumas. Algo completamente irreal. Seu único defeito é não encontrar o homem perfeito. Apesar da pouca plausibilidade da personagem, no entanto, como boa fã da série Friends, não posso deixar de simpatizar com personagens de Jennifer Aniston.
No geral, O amor acontece é um filme interessante, com pontos fortes e fracos, bons e maus momentos. Nada de especial, marcante, nem que mereça fazer parte de uma filmoteca seleta. Ainda assim, uma experiência válida para quem não tem preconceitos com histórias de alto-ajuda.