Pra mim é Apenas o começo
Matheus Souza merece o nosso aplauso. Não apenas por ser um jovem cineasta da PUC que conseguiu fazer um filme de baixo orçamento bom. Também porque trouxe ao cinema brasileiro um ponto que faltava ao retratar de forma realista a cultura pop da última década. Em Apenas o Fim, utilizando de metalinguagem e referências diversas, acompanhamos a última hora do relacionamento de Adriana e Antônio. Ela, vivida por Erika Mader, está decidida a ir embora, mas tem uma hora antes de embarcar. Ele, vivido por Gregório Duvivier, aproveita esse tempo final para discutir a relação. Em paralelo, em cenas em preto e branco, vemos os dois em um momento feliz na cama, falando daquilo que os identifica.
Lembrei muito de Antes do Amanhecer e a naturalidade daqueles diálogos e situações vividos por Ethan Hawke e Julie Delpy. E do clima proposto por Quase Famosos. São referências da busca de retratar uma situação realista, representando a própria geração, seus conflitos, suas dúvidas, suas vontades. A cinematografia brasileira ainda não tinha nos proporcionado algo assim.
É até difícil traduzir em palavras aquilo que representa Apenas o Fim. O título já dá uma bela discussão, pois o filme não é sobre o fim, mas sobre o que foi vivido. É gostoso acompanhar discussões bobas sobre Cavaleiros do Zodíaco ou Pokemon. E ver Adriana se irritar ao ouvir de Antônio que ele prefere Transformers a qualquer filme de Bergman. Afinal, ele quer ser cineasta. A brincadeira com estereótipos, com a figura do nerd e sua namorada bonita, as interferências dos dois amigos surreais que aparecem no meio da conversa. O jogo de montagem e o aumento da metalinguagem no final, com os atores ensaiando o filme, ou os personagens dando seus depoimentos para câmera. Tudo é harmônico e não destoa.
O melhor é que, como já falei, a história é a representação de uma geração muito próxima. Onde todos se identificam com aquelas discussões, situações e referências. Não estamos ouvindo algo que só lemos nos livros, mas vivenciamos no dia a dia. Pessoalmente, ainda me identifiquei muito com Antônio na problemática da profissão. Aquela pessoa que era a criativa na escola, escrevia todos os roteiros dos trabalhos de grupos e extra-classe, mas cai no mundo real e vê que existem milhares de outros roteiristas tão ou melhores que si mesmo. Mas, o que fazer? Ele só sabe fazer aquilo.
Todo o roteiro é baseado nos diálogos. E que diálogos. Rápidos, inteligentes, engraçados, reais. Nos identificamos como Antônio e Adriana que parecem nós mesmos ou nossos amigos próximos. Se a fotografia não é perfeita, se o som tem algum problema, pouco importa. Viajamos naquela história e em sua proposta realista. Que bom ver algo assim no cinema brasileiro. E tomara que seja apenas o começo de uma bela trajetória.
Lembrei muito de Antes do Amanhecer e a naturalidade daqueles diálogos e situações vividos por Ethan Hawke e Julie Delpy. E do clima proposto por Quase Famosos. São referências da busca de retratar uma situação realista, representando a própria geração, seus conflitos, suas dúvidas, suas vontades. A cinematografia brasileira ainda não tinha nos proporcionado algo assim.
É até difícil traduzir em palavras aquilo que representa Apenas o Fim. O título já dá uma bela discussão, pois o filme não é sobre o fim, mas sobre o que foi vivido. É gostoso acompanhar discussões bobas sobre Cavaleiros do Zodíaco ou Pokemon. E ver Adriana se irritar ao ouvir de Antônio que ele prefere Transformers a qualquer filme de Bergman. Afinal, ele quer ser cineasta. A brincadeira com estereótipos, com a figura do nerd e sua namorada bonita, as interferências dos dois amigos surreais que aparecem no meio da conversa. O jogo de montagem e o aumento da metalinguagem no final, com os atores ensaiando o filme, ou os personagens dando seus depoimentos para câmera. Tudo é harmônico e não destoa.
O melhor é que, como já falei, a história é a representação de uma geração muito próxima. Onde todos se identificam com aquelas discussões, situações e referências. Não estamos ouvindo algo que só lemos nos livros, mas vivenciamos no dia a dia. Pessoalmente, ainda me identifiquei muito com Antônio na problemática da profissão. Aquela pessoa que era a criativa na escola, escrevia todos os roteiros dos trabalhos de grupos e extra-classe, mas cai no mundo real e vê que existem milhares de outros roteiristas tão ou melhores que si mesmo. Mas, o que fazer? Ele só sabe fazer aquilo.
Todo o roteiro é baseado nos diálogos. E que diálogos. Rápidos, inteligentes, engraçados, reais. Nos identificamos como Antônio e Adriana que parecem nós mesmos ou nossos amigos próximos. Se a fotografia não é perfeita, se o som tem algum problema, pouco importa. Viajamos naquela história e em sua proposta realista. Que bom ver algo assim no cinema brasileiro. E tomara que seja apenas o começo de uma bela trajetória.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Pra mim é Apenas o começo
2010-07-01T15:37:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|critica|drama|filme brasileiro|
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