
Lembrei muito de Antes do Amanhecer e a naturalidade daqueles diálogos e situações vividos por Ethan Hawke e Julie Delpy. E do clima proposto por Quase Famosos. São referências da busca de retratar uma situação realista, representando a própria geração, seus conflitos, suas dúvidas, suas vontades. A cinematografia brasileira ainda não tinha nos proporcionado algo assim.

É até difícil traduzir em palavras aquilo que representa Apenas o Fim. O título já dá uma bela discussão, pois o filme não é sobre o fim, mas sobre o que foi vivido. É gostoso acompanhar discussões bobas sobre Cavaleiros do Zodíaco ou Pokemon. E ver Adriana se irritar ao ouvir de Antônio que ele prefere Transformers a qualquer filme de Bergman. Afinal, ele quer ser cineasta. A brincadeira com estereótipos, com a figura do nerd e sua namorada bonita, as interferências dos dois amigos surreais que aparecem no meio da conversa. O jogo de montagem e o aumento da metalinguagem no final, com os atores ensaiando o filme, ou os personagens dando seus depoimentos para câmera. Tudo é harmônico e não destoa.

Todo o roteiro é baseado nos diálogos. E que diálogos. Rápidos, inteligentes, engraçados, reais. Nos identificamos como Antônio e Adriana que parecem nós mesmos ou nossos amigos próximos. Se a fotografia não é perfeita, se o som tem algum problema, pouco importa. Viajamos naquela história e em sua proposta realista. Que bom ver algo assim no cinema brasileiro. E tomara que seja apenas o começo de uma bela trajetória.