Dália Negra
Em 2006, chegou aos cinemas o filme Dália Negra, baseado no livro de James Ellroy, inspirado no famoso caso do assassinato de Elizabeth Short. O longa tem duas idéias geniais. Primeiro, a escolha do diretor, ninguém melhor do que Brian de Palma, autor de clássicos como Scarface, Dublê de Corpo, Vestida para Matar, Os Intocáveis, ou Fogueira das Vaidades. Segundo, a escolha pelo estilo noir que caiu como uma luva para a narrativa dessa sinistra história.
Baseado nos livros policiais de capa preta, o noir chegou aos cinemas na década de 40. Alguns indícios indicam as suas escolhas. São sempre histórias de suspense, com uma suspensão da moral, atmosfera sombria, narração over do personagem principal, uma mulher fatal misteriosa e uma tensão constante. Ao primeiro ato de Dália Negra parece que voltamos no tempo e estamos vendo um daqueles filmes. No segundo ato, isso se perde um pouco, tornando o filme mais contemporâneo. Ainda assim, o clima permanece.
Na parte final, Brian de Palma acrescenta alguns detalhes de câmera muito interessantes que ajudam no clima de suspense e na força da revelação final. A exemplo da câmera subjetiva do detetive Bucky Bleichert ouvindo as revelações finais, ou o toque voyeur, onde vemos a cena sendo observada por uma terceira pessoa que na verdade não existe. A trilha sonora também ajuda muito a construir a atmosfera sombria.
A história real de Elizabeth Short, que foi encontrava morta, com o corpo dilacerado, sangue drenado e orgãos retirados, ficou sem solução e permanece um mistério até hoje. O caso ficou conhecido como Dália Negra, porque a moça, aspirante a atriz, sempre se vestia de preto e os jornais associaram ao filme do momento: A Dália Azul. O livro de James Ellroy floreia essa história, acrescentando bastidores do submundo com filmes pornográficos, empresários doentios, e uma mulher misteriosa. Foi com essa história que Josh Friedman escreveu o seu roteiro.
O elemento Femme Fatale (mulher fatal) é um dos mais interessantes nesse filme. Temos duas nesse longa. Primeiro Scarlett Johansson, vivendo a aparente mulher perfeita Kay Lake, namorada do Sargento Lee Blanchard, vivido por Aaron Eckhart, que flerta com o detetive Bucky Bleichert, vivido por Josh Hartnett. Depois, a surpreendentemente sexy Hilary Swank, que vive a misteriosa Madeleine Linscott, uma luz em toda a história. É muito interessante o jogo feito com essas duas mulheres no percurso da investigação de Bleichert.
O ponto fraco fica por conta do roteiro. Confuso e com muitos elementos, ele acaba dispersando a atenção do espectador que não sabe se segue as pistas do serial killer apresentado no início, do detalhe da vida dos detetives e ex-boxeadores, com direito a luta comprada e tudo. Ou, a tal história da Dália Negra. Tantas tramas paralelas, tantas informações ao mesmo tempo, fora o tempo gasto no início com coisas de menos importância para trama que fazem a resolução ser jogada na tela de vez, sem dar tempo de assimilar completamente.
Para quem gosta do estilo, Dália Negra é um deleite, interessante, repleto de emoção e com cenas memoráveis. Uma boa obra para um diretor que se diz fã de Alfred Hitchcock e é apontado como o sucessor do mestre do suspense.
Baseado nos livros policiais de capa preta, o noir chegou aos cinemas na década de 40. Alguns indícios indicam as suas escolhas. São sempre histórias de suspense, com uma suspensão da moral, atmosfera sombria, narração over do personagem principal, uma mulher fatal misteriosa e uma tensão constante. Ao primeiro ato de Dália Negra parece que voltamos no tempo e estamos vendo um daqueles filmes. No segundo ato, isso se perde um pouco, tornando o filme mais contemporâneo. Ainda assim, o clima permanece.
Na parte final, Brian de Palma acrescenta alguns detalhes de câmera muito interessantes que ajudam no clima de suspense e na força da revelação final. A exemplo da câmera subjetiva do detetive Bucky Bleichert ouvindo as revelações finais, ou o toque voyeur, onde vemos a cena sendo observada por uma terceira pessoa que na verdade não existe. A trilha sonora também ajuda muito a construir a atmosfera sombria.
A história real de Elizabeth Short, que foi encontrava morta, com o corpo dilacerado, sangue drenado e orgãos retirados, ficou sem solução e permanece um mistério até hoje. O caso ficou conhecido como Dália Negra, porque a moça, aspirante a atriz, sempre se vestia de preto e os jornais associaram ao filme do momento: A Dália Azul. O livro de James Ellroy floreia essa história, acrescentando bastidores do submundo com filmes pornográficos, empresários doentios, e uma mulher misteriosa. Foi com essa história que Josh Friedman escreveu o seu roteiro.
O elemento Femme Fatale (mulher fatal) é um dos mais interessantes nesse filme. Temos duas nesse longa. Primeiro Scarlett Johansson, vivendo a aparente mulher perfeita Kay Lake, namorada do Sargento Lee Blanchard, vivido por Aaron Eckhart, que flerta com o detetive Bucky Bleichert, vivido por Josh Hartnett. Depois, a surpreendentemente sexy Hilary Swank, que vive a misteriosa Madeleine Linscott, uma luz em toda a história. É muito interessante o jogo feito com essas duas mulheres no percurso da investigação de Bleichert.
O ponto fraco fica por conta do roteiro. Confuso e com muitos elementos, ele acaba dispersando a atenção do espectador que não sabe se segue as pistas do serial killer apresentado no início, do detalhe da vida dos detetives e ex-boxeadores, com direito a luta comprada e tudo. Ou, a tal história da Dália Negra. Tantas tramas paralelas, tantas informações ao mesmo tempo, fora o tempo gasto no início com coisas de menos importância para trama que fazem a resolução ser jogada na tela de vez, sem dar tempo de assimilar completamente.
Para quem gosta do estilo, Dália Negra é um deleite, interessante, repleto de emoção e com cenas memoráveis. Uma boa obra para um diretor que se diz fã de Alfred Hitchcock e é apontado como o sucessor do mestre do suspense.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Dália Negra
2010-07-03T13:42:00-03:00
Amanda Aouad
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