![Bojana Novakovic Bojana Novakovic](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqoQYM115ZNp8FbkZ2roxDfKYsks5T2sstATYdwfR43C48-zwtqz-6KooEfujxNfNtvJd97nFL1b6xGFaYik4qeVrhQkhnlbpU-ELoSV81Ycm4jsMbzMGQusD8H7OnaSi276U8nAaVDTw/s1600/demonio02.jpg)
A crítica tem sido cruel com
M. Night Shyamalan. Desde sua estreia arrebatadora, exigem dele não menos que a perfeição. Uma das críticas mais comuns é dele querer ser autor demais, escrevendo, dirigindo e produzindo seus filmes. Ele, então, inovou completamente. Escreveu durante anos anotações em seu caderno pessoal sobre casos e histórias que gostaria de ver como filme, criando a série "The Night Chronicles", que será composta por três filmes, segundo a assessoria de imprensa. O primeiro deles, chegou semana passada ao Brasil com o nome de Demônio. A grande diferença é que Shyamalan criou apenas o argumento e produz o filme. Suas anotações de 14 páginas foram para as mãos de Brian Nelson, de
30 dias de Noite e
Meninamá.com, para virar roteiro. A direção, por sua vez, ficou a cargo de John Erick Dowdle. Se a intenção era fazer um novo clássico do terror, falhou feio, mas o filme tem seus momentos.
A história é tola e o roteiro não consegue nos convencer de que possa ser verdadeira. Isso já é um problema. Embutir a idéia de que o demônio passeia entre nós e por vezes toma a forma humana para castigar pessoas más é meio inverossímil para plateias calejadas em pleno século XXI. Para completar, M. Night Shyamalan declarou que "A trama do filme é centrada em descobrir quem das cinco pessoas no elevador é o personagem que dá título ao filme, então era preciso haver cinco pessoas que pudessem ser o protagonista – ou serem mortas a qualquer momento." Desculpa, mas na primeira análise dos cinco protagonistas ficou claro para mim, e para muitos que conhecem o estilo de filme, quem era o dito cujo. Nem a pegadinha no meio da trama tirou a certeza da escolha.
![Elevador Elevador](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6scGnZEaKOt2gb8TKnd4ua6JIkbDFV5qHCaY_nizNwrv0BGkh6FAfZZyKtSVBKPYKyuNcgYnHs-Asl83tyq1gthXMXeWocK3X2ErNax7e3Y3cHozYZCM5d6D7VdO19_TenP9WAzk9PXU/s320/elevador_demonio.jpg)
A sinopse é simples, cinco pessoas estranhas ficam presas em um elevador entre o andar 21 e 22 de um prédio comercial. Se não bastasse o título do filme, o narrador totalmente dispensável, nos explica que o demônio passeia por nós, podendo tomar a forma humana e que um suicídio é a porta de entrada para ele. Uma pessoa se suicida no tal prédio pouco antes do ocorrido. E esse suicídio só serve para isso mesmo, sendo completamente esquecido depois. Então, temos os cinco personagens presos e um funcionário latino da segurança observando a situação pela câmera do elevador e compreendendo tudo para explicar aos demais personagens. Ele faz a ligação do suicídio, do elevador preso, dos acontecimentos estranhos que começam a acontecer e, para não deixar dúvidas, ainda consegue congelar uma imagem do demo que piscou na câmera. A única cena impactante desse rapaz é quando ele reza em espanhol. Porque a explicação da geléia é demais para inteligência de qualquer um.
![Seguranças Seguranças](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg77nzlw3MxnBJYD-NNASnB6Gc9SIzm5BgRMTHRmxjLue-XEst_C1tj_8nHDmxdDXFp4jrMBfS1imniEW56XQynQ6YbfZOEaO2BB0xw78mgFi544FsU5Nt3nWD3EyuROeo2aKXhinjSp14/s320/demonio01.jpg)
Após destruir o roteiro e alguns detalhes forçados, vamos ao que pode ser positivo no filme. Ele tem um suspense inteligente, principalmente nos primeiros minutos do elevador. A gente sente a claustrofobia dos personagens. O problema é que o roteiro não se sustenta apenas dentro da cabine, nos deixando respirar com as ações do lado de fora. Acompanhamos o Detetive Bowden, vivido por Chris Messina, que acaba de se recuperar da perda de sua família e é designado para acompanhar o caso. Claro que o passado de Messina vai ter importância na história do elevador. Temos os dois seguranças observando pelo painel de controle, um deles o latino. O mecânico que tenta resolver o problema do elevador, que a narração faz questão de antecipar os passos explicando didaticamente que quando o dito cujo escolhe suas vítimas não tem salvação e que pessoas inocentes acabam morrendo tentando ajudar. E a movimentação no
hall do prédio.
![Demônio Demônio](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjawz6AN0IWh3W0GuZt3vn9KhrQDI5mCO6BX98eMOigUgpZ1358V_UINVb7FRBGi9uV-IleX27RWQfS_r5JgL3yHu-xd8cKe_VvIylyFaMXKXkPpbiB9p2B2rLc8SwoDSAjX3CMPdDrBOs/s320/devil-poster.jpg)
Dentro do elevador, os cinco protagonistas brilham ao passar a tensão daquele momento. Geoffrey Arend como o vendedor chato, Bojana Novakovic como a jovem mulher, Jenny O´Hara como a senhora, Bokeem Woodbine como o segurança do prédio, Jacob Vargas como o rapaz calado. Os estereótipos são claros de filmes de terror. Sabemos nas primeiras cenas quem vai ser o primeiro a morrer, quem vai sofrer mais, quem tem chances de redenção, quem é o assassino. Então, a boa interpretação dos atores de acordo com os estereótipos dos personagens acaba nos dando a dica do que deveria ser surpresa. Parece que estamos brincando de
Bang, só falta os participantes piscarem dando pistas.
Destaque para a forma como o filme começa, com as imagens de cabeça para baixo, dando uma intenção de inversão das coisas, com o céu em baixo e o inferno em cima. É apenas um ponto de vista. De qualquer forma, as escolhas de câmera, a forma como a luz apaga e acende com um novo cadáver, o ritmo contrastante em alguns momentos das pessoas correndo do lado de fora e eles espremidos no lado de dentro, a forma como o vão do elevador é construído para não ter saída, já que pararam entre dois andares que aquele elevador não atende. Tudo faz com que sejamos um pouco levados pelas estratégias de suspense, basta esquecer o tom didático do roteiro e dar uma chance ao filme. Torna-se um entretenimento curioso. Não mais do que isso.