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Entrevista Exclusiva com Luís Miranda

Luís MirandaO ator baiano Luís Miranda esteve em Salvador essa semana para lançar o filme Cilada.com, onde faz uma cena engraçadíssima. Natural de Santo Antonio de Jesus, Miranda ficou conhecido nacionalmente com a peça 7 Contos e com personagens em séries como Sob Nova Direção e A Grande Família. No cinema, sua carreira começou em Bicho de Sete Cabeças, tendo feito filmes como Carandiru, Meu nome não é Johnny, Jean Charles e Quincas Berro D´Água. Recentemente, esteve também na comédia Muita Calma Nessa Hora, escrito por Bruno Mazzeo que volta assinar um roteiro em Cilada.com, só que dessa vez também como protagonista. Na pré-estreia, Luís Miranda nos concedeu essa entrevista, confira.

Como você vê o filme Cilada.com ?
– Eu acho que na verdade o Cilada, parece uma American Pie (risos). É uma sucessão de encontros de vários comediantes que foram escolhidos para fazer determinados papéis. Eu fui escolhido para trazer o filme para Salvador, porque sou baiano e fico muito honrado de estar representando essa comédia aqui na minha Terra.

Luís MirandaO Pai Amâncio, seu personagem, é, na verdade, uma esquete dentro do filme. Como foi interpretá-lo?
– Quando o Bruno (Mazzeo) me chamou para fazer o Cilada ele disse “olha eu queria te dar um papel, eu já tenho o elenco fechado, mas eu quero muito você no filme. Eu tinha escrito o Buba para você em Muita Calma Nessa Hora e eu queria fazer um papel pra você, você topa?” Aí eu falei: "Ah, Bruno, vamos fazer". Aí ele escreveu esse papel pra mim, eu achei ótimo porque era na verdade uma brincadeira, uma esquete. E o que foi mais inusitado é que a gente fez a cena em um take praticamente. A gente deu uma ensaiada, entrou para gravar, o Alvarenga (José Alvarenga Jr. - diretor) começou a rodar e a cena aconteceu. Isso foi incrível. Só pode ser porque o papel foi bem escolhido. Eu acho divertido também, fazer pequenos papéis. Uma vez me perguntaram se eu me incomodava com isso, acho que não. Tem pequenos papéis que rendem um filme.

Esse está até no trailer, então, tem força.
– Claro.

Luís Miranda
E essa brincadeira com o baiano, ele é uma espécie de Pai de Santo estilizado, te incomoda?
– Não, na verdade a gente tentou fugir do estigma de Pai de Santo, você vê que ele joga cartas, tarô, não é um pai de santo, é um místico. A gente gosta de brincar um pouco com isso. Eles escreveram agora n'A Grande Família para mim um pajé Muricy, que vai e volta na trama, achei muito divertido isso. Eu fiz, também, um pastor no filme de João Rodrigo (diretor baiano), Trampolim do Forte. Eu tenho muito respeito por todas as religiões, então, é uma construção completamente diferente, eu não me incomodo com isso não. E não acho que as religiões possam se incomodar, também, porque a gente não aprofunda, é uma brincadeira, uma diversão e não tem essa conotação negativa.

E trabalhar com Bruno Mazzeo, como é?
– Eu digo que é uma cilada (risos). Ele é um amigo, um querido amigo. A gente já trabalhou junto no "Sob Nova Direção". Foi um encontro muito feliz. Aí, nos encontramos de novo no Muita Calma Nessa Hora com o Bruno escrevendo. E agora, novamente no Cilada. A gente tem outros projetos assim juntos, eu tenho também um carinho imenso por ele e eu acho que é uma coisa mesmo de time que a gente acaba montando, a tendência de trabalhar com quem a gente gosta.

Luís Miranda
Você já trabalhou em vários papéis dramáticos, mas parece que é sempre lembrado pelo humor.
– Eu tenho uma veia de humor muito forte, eu gosto, sou um dos criadores do Terça Insana. Eu acho que é uma coisa que chama muito atenção, não tem problema, eu acho que o importante é a gente não carregar muito rótulo. "Luis Miranda um ator de comédia, um comediante", mas eu acho que é uma variante do trabalho de ator, fazer comédia e drama.

Mas, você prefere fazer comédia?
– Não, necessariamente. Por exemplo, a gente pode citar o Meu Nome Não é Johnny como um papel dramático, mas tem humor ali, por conta do inusitado. O próprio Carandiru. É uma tendência mundial de fazer com que os filmes fiquem um pouco mais leves.

E tem algum papel que você gostaria de fazer?
– Eu não tenho muito isso de papel não, mas eu gostaria de fazer ainda uma comédia da minha peça no cinema (7 Contos). Eu acho que ainda vai acontecer uma hora ou outra. Mas, eu preciso conceber um roteiro em que os personagens tenham um porquê de verdade de existir. Eu estou construindo isso com alguns roteiristas, discutindo bastante. Mas, acho que vai acontecer uma hora ou outra.

Gostaria de resgatar um pouco o filme Quincas Berro D´Água, dirigido por Sérgio Machado que você participou. Como foi a experiência?
– Eu fiquei muito feliz. Por ser baiano a gente tem uma paixão muito grande por Jorge (Amado). Eu adorei o convite do Sérgio (Machado), que foi um grande parceiro. Ele brinca que, do elenco original, eu era a única pessoa que continuou. Ele tinha a idéia de fazer com os meninos, o Lázaro, o Wagner e o João Miguel. Os quatro amigos. E acabou ficando apenas eu. Foi um encontro feliz, um trabalho duro, árduo. Sete semanas intensas de trabalho, mas eu fiquei muito feliz com o resultado.

Luís Miranda
E sobre cinema baiano. Você falou de Trampolim do Forte. Como você vê o cinema baiano atualmente?
- Fazer cinema na Bahia eu já acho uma grande vitória em meio ao caos que está a cultura baiana. Ausência de teatro, ausência de cineclubes, as grandes salas ficaram restritas apenas aos shoppings. Tem o Gláuber Rocha, mas perdemos um cinema importante no Rio Vermelho. A gente sofre um pouco com isso, mas acho extremamente importante. Eu acompanho as coisas do Edgar (Navarro), do Pola (Ribeiro) também. Eu espero muito fazer cada vez mais cinema na Bahia, eu moro aqui, trabalho muito fora, mas moro aqui. Então, espero que o cinema cresça cada vez mais. E eu vou fazer o que puder para o cinema baiano crescer.

E trabalhar em O Trampolim do Forte, com uma equipe totalmente baiana, teve alguma diferença?
- Não. Foi tão profissional quanto, acho que as equipes tem crescido. Acho que as pessoas tem vontade de fazer com todas as possibilidades possíveis de levar até as salas. Temos ainda uma barreira muito grande que é a distribuição, prejudica muito o cinema de chegar ao público. Mas, é uma coisa que daqui a pouco vai começar a acontecer, a abrir espaço para o cinema nacional.

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