![Homens e Deuses](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCJh-9BoBW3qZeTcdMcjfzK1IXRLAUEMxS2etStzk5G2QIzy6qC8H5EzZ1RL0QF6R8gNWkB7gPNHp0dcxVSPyOo3hfpwXUx-_VsKdP0YlbRX3RhEfP3N8Sxjo29BaToz1gFBG5cyrovFaA/s200/homens-e-deuses.jpg)
Uma montanha na
Argélia.
Monges católicos. Uma comunidade muçulmana. E uma aparente paz.
Homens e Deuses começa com harmonia. Em um mundo perfeito não precisaríamos brigar por
religião, afinal todas elas nos levam a
Deus, só que de maneiras diferentes. As disputas são sempre políticas, disfarçadas de religiosas. Há uma briga constante por quem irá dominar a mente humana, levando-nos como gado. Ou melhor, como ovelhas, em pastos intermináveis de pastores questionáveis.
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Baseado em acontecimentos verídicos, o
filme de
Xavier Beauvois nos mostra a missão desses
monges franceses em meio a conflitos do mundo
muçulmano. Quando um grupo radical começa a ameaçar o entorno, o governo tenta tirá-los de lá, ou pelo menos, manter o exército como proteção. Mas, eles não querem abandonar a comunidade com a qual criaram laços afetivos. E então o clima
tenso começa a crescer até o fatídico resultado que os que conhecem a história já sabem.
O tom do
filme é quase documental, há muitas cenas do cotidiano da comunidade e do mosteiro. Quanto mais a situação avança, mais cenas de
cantos gregorianos são presenciadas. A forma de rezar dos
monges é encantadora e muito bem explorada pela câmera de
Xavier Beauvois. Há uma cena incrivelmente tensa e bela do grupo de mãos dadas, em um canto de
oração, enquanto um helicóptero sobrevoa o mosteiro.
![Homens e Deuses](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjje9xZ7IEwOshD4gvK3y_3wRXnhBW0oCNvHkiLIE8kOtlrQrlDRJLClcsvZrwnTUXXOUjdjJ5RCwDeWxJCfTZI7KaFU62sr6qGYtvVLJq2odqjsgj5_XEHxHj8DL30FtC2kmxGhGfdr7cZ/s320/Homens-e-Deuses-3.jpg)
Além do ritmo, há também um contraste imenso entre a
tensão da situação e as belas paisagens locais. As montanhas, perto dos céus, o silêncio da natureza, o lago, os pássaros em seu ritual de êxodo. A vida segue seu curso, sem pressa, assim como os
monges tentam fazer. Mas, em suas cabeças está o constante alerta de que tudo pode mudar a qualquer momento. Mas, nenhum deles quer sair dali: "um bom pastor não abandona suas ovelhas quando o lobo aparece", diz um deles. E eles tentam seguir isso à risca.
![Homens e Deuses](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIFH5o_4qPGecd9Z2I9rwrbcFJgNrC5r4RuzSZV2jX2XSOQ6_tmo4GJbTU9GU9nB_A-sX8m6EWQUrR_teGIHrKY7jrJQOFLb16ii8juoYZm-7adhj2skaOba2wg3IWcHxYicalbArQ8Q3o/s320/Homens-e-Deuses-Des-Hommes-et-des-Dieux.jpg)
A direção de
Xavier Beauvois é poética, como se quisesse prestar uma homenagem àqueles
homens de fé. Quase como se tivesse receio de atrapalhar aqueles momentos. Uma observadora atenta, mas sem muita interferência. As reuniões, a forma como mostra a rotina de cada um deles, as
orações, os rituais, as visitas às comunidades. E junto com o roteiro sensível nos proporciona momentos de muita emoção, como quando um deles coloca
O Lago dos Cisnes em mais uma metáfora de pássaros em êxodo, armadilhas, pastor e decisões de vida. Além das frases de efeitos como "absolutamente indefeso e já tão ameaçado", para a representação do menino Jesus.
Outra coisa interessante do
filme é não rotular nem estigmatizar ninguém. Nem mesmo os radicais, na figura do líder deles que na primeira invasão ao mosteiro acaba se entendendo com o líder dos
monges, vivido por
Lambert Wilson, quando este cita o
Alcorão para acalmá-lo. Mas, as cenas mais significativas são na vila, em uma casa onde as conversas são praticamente para demonstrar que nem todo
muçulmano é igual e nem todos pensam da mesma maneira.
Homens e Deuses é quase um tratado sobre
religiosidade, boa vontade e respeito ao próximo. Um relato belo sobre a verdadeira relação humana.
Homens e Deuses (Des hommes et des dieux: 2010 / França)
Direção: Xavier Beauvois
Roteiro: Xavier Beauvois
Com: Lambert Wilson, Michael Lonsdale, Olivier Rabourdin
Duração: 122 min.