
O argumento de Hasta La Vista é inusitado, mas nem um pouco irreal, afinal, jovens deficientes também têm sonhos e desejos. Da forma como Jozef, Lars e Philip eram tratados por seus pais, seria mesmo muito difícil uma oportunidade de conhecer alguém que os amassem e tivesse um relacionamento normal, principalmente Philip. Claro que nesse caso também entra o preconceito, os medos, as dificuldades normais, que também são tratadas de forma bastante sensível por Geoffrey Enthoven na trama.

Os roteiristas em nenhum momento nos fazem sentir pena deles. São deficientes, sim, mas são pessoas dignas de respeito e compreensão como todas as outras. Sentimos raiva deles em muitos momentos, principalmente do tetraplégico Philip, o mais imaturo de todos. E passamos a observá-los pela ótica de Claude, que os vai conquistando aos poucos, passando da agressividade total quando a chamam de Mamute, até se tornar quase uma mãe do trio, cúmplice no principal objetivo da viagem.

É também uma boa lição para pais superprotetores que acham que podem defender seus filhos do mundo. Em determinado momento do filme, lembrei muito da poesia de Gibran Khalil Gibran, "Vossos filhos não são vossos filhos", pois traduz muito bem essa sensação de que os pais acham que podem poupar os filhos do mundo, quando isso é impossível, é preciso deixá-los seguir seus próprios passos, mesmo que possuam deficiências limitadoras.
Hasta La Vista é, então, uma comédia adolescente atípica, mas nem por isso, completamente diferente. Divertida, emocionante e envolvente na medida certa, pode não te fazer rolar de rir, mas em algum momento vai ter deixar com um sorriso no rosto, além de fazer pensar.
Hasta La Vista (Hasta La Vista, 2012 / Holanda)
Direção: Geoffrey Enthoven
Roteiro: Pierre De Clercq, Asta Philpot e Mariano Vanhoof
Com: Robrecht Vanden Thoren, Gilles De Schrijver, Tom Audenaert e Isabelle de Hertogh
Duração: 115 min.