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Dona Flor e Seus Dois Maridos
Dona Flor e Seus Dois Maridos
Maior bilheteria do cinema nacional até 2011, quando Tropa de Elite 2 ultrapassou sua marca, Dona Flor e Seus Dois Maridos tem vários pontos que impressionam. A começar pelo seu diretor, Bruno Barreto que o produziu quando tinha apenas 19 anos. E mesmo depois de ter assinado obras como O Beijo No Asfalto e O Que É Isso, Companheiro?, Dona Flor continua a ser sua melhor referência.
Talvez, o sucesso não esteja exatamente nas mãos do Barreto mais famoso, nem mesmo no ótimo elenco encabeçado pelo trio protagonista Sonia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. Mas, nas páginas do livro de Jorge Amado, que sem pudor e com muita honestidade criou um mito instigante da busca pela satisfação de uma mulher.
Afinal, o que Flor quer? Mulher decente, trabalhadora, quituteira de primeira, casou com Vadinho, um boêmio nato e começou o seu calvário. Sempre perdendo dinheiro no jogo, bebendo muito e passando as noites nas farras, Vadinho deixava Flor viver sem perspectivas, solitária, insegura. Mas, na cama, ele a satisfazia e ela o amava profundamente. Com a morte de Vadinho, que nos é mostrada na primeira cena, vem Teodoro, o homem perfeito, trabalhador, responsável, culto, preocupado com o futuro da esposa. O problema é que na cama, ele era também metódico, deixando-a insatisfeita.
Vem, então, da mente de Jorge Amado o que ele consideraria a solução perfeita. O homem sério vivo, para dar conforto e segurança a esposa, e o homem morto para lhe dar prazer. Não por acaso, o espírito de Vadinho anda nu. Sem julgamentos morais, a trama não deixa de ter sua lógica. E mais do que tudo, é conduzida com muito bom humor.
Bruno Barreto acerta ao seguir a cronologia invertida começando o filme pela morte de Vadinho, vestido de baiana em pleno carnaval. Sua história com Flor vem em flashback, depois seguimos com Teodoro, para enfim, encarar a situação do triângulo inusitado. A lamentar-se apenas a duração de cada um dos atos, deixando que os dois maridos convivam por pouco tempo em tela.
Ainda assim, a câmera de Barreto nos dá boas construções de cena, pensando em detalhes. Como no contraste do velório de Vadinho com o carnaval nas ruas do Pelourinho, por exemplo. Ou na construção da personalidade de Vadinho, seja mexendo com a aluna de Flor no meio da aula de culinária, enganando o padre para conseguir dinheiro, ou jogando no cassino. Mesmo as cenas eróticas são construídas com delicadeza, sem apelações desnecessárias. Assim como o humor também é bem dosado, sem exageros.
Não é por acaso que Dona Flor e Seus Dois Maridos fez e ainda faz tanto sucesso. O imaginário popular está ali. Há também o tom irônico e satírico no olhar da sociedade e suas hipocrisias. Nas fofoqueiras "amigas" de Flor, no jogo de mostra e esconde, nos preconceitos e mesmo na atitude de julgar qual seria o homem ideal. No final, fica mesmo é a questão levantada por Chico Buarque na música tema que perpassa todo o filme: "O que será que será, que não tem vergonha, nem nunca terá, o que não tem governo, nem nunca terá, o que não tem juízo".
Dona Flor e Seus Dois Maridos (Dona Flor e Seus Dois Maridos, 1976 / Brasil)
Direção: Bruno Barreto
Roteiro: Bruno Barreto
Com: Sonia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça
Duração: 110 min
Talvez, o sucesso não esteja exatamente nas mãos do Barreto mais famoso, nem mesmo no ótimo elenco encabeçado pelo trio protagonista Sonia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. Mas, nas páginas do livro de Jorge Amado, que sem pudor e com muita honestidade criou um mito instigante da busca pela satisfação de uma mulher.
Afinal, o que Flor quer? Mulher decente, trabalhadora, quituteira de primeira, casou com Vadinho, um boêmio nato e começou o seu calvário. Sempre perdendo dinheiro no jogo, bebendo muito e passando as noites nas farras, Vadinho deixava Flor viver sem perspectivas, solitária, insegura. Mas, na cama, ele a satisfazia e ela o amava profundamente. Com a morte de Vadinho, que nos é mostrada na primeira cena, vem Teodoro, o homem perfeito, trabalhador, responsável, culto, preocupado com o futuro da esposa. O problema é que na cama, ele era também metódico, deixando-a insatisfeita.
Vem, então, da mente de Jorge Amado o que ele consideraria a solução perfeita. O homem sério vivo, para dar conforto e segurança a esposa, e o homem morto para lhe dar prazer. Não por acaso, o espírito de Vadinho anda nu. Sem julgamentos morais, a trama não deixa de ter sua lógica. E mais do que tudo, é conduzida com muito bom humor.
Bruno Barreto acerta ao seguir a cronologia invertida começando o filme pela morte de Vadinho, vestido de baiana em pleno carnaval. Sua história com Flor vem em flashback, depois seguimos com Teodoro, para enfim, encarar a situação do triângulo inusitado. A lamentar-se apenas a duração de cada um dos atos, deixando que os dois maridos convivam por pouco tempo em tela.
Ainda assim, a câmera de Barreto nos dá boas construções de cena, pensando em detalhes. Como no contraste do velório de Vadinho com o carnaval nas ruas do Pelourinho, por exemplo. Ou na construção da personalidade de Vadinho, seja mexendo com a aluna de Flor no meio da aula de culinária, enganando o padre para conseguir dinheiro, ou jogando no cassino. Mesmo as cenas eróticas são construídas com delicadeza, sem apelações desnecessárias. Assim como o humor também é bem dosado, sem exageros.
Não é por acaso que Dona Flor e Seus Dois Maridos fez e ainda faz tanto sucesso. O imaginário popular está ali. Há também o tom irônico e satírico no olhar da sociedade e suas hipocrisias. Nas fofoqueiras "amigas" de Flor, no jogo de mostra e esconde, nos preconceitos e mesmo na atitude de julgar qual seria o homem ideal. No final, fica mesmo é a questão levantada por Chico Buarque na música tema que perpassa todo o filme: "O que será que será, que não tem vergonha, nem nunca terá, o que não tem governo, nem nunca terá, o que não tem juízo".
Dona Flor e Seus Dois Maridos (Dona Flor e Seus Dois Maridos, 1976 / Brasil)
Direção: Bruno Barreto
Roteiro: Bruno Barreto
Com: Sonia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça
Duração: 110 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Dona Flor e Seus Dois Maridos
2012-10-14T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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