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Os Penetras
Os Penetras
A capacidade de Andrucha Waddington passear por diversos estilos é mesmo algo que chama a atenção. Um diretor que tem em sua filmografia filmes tão díspares quanto Eu, tu, Eles, Casa de Areia e Lope, é, no mínimo, curioso. E, mais uma vez, ele traz uma novidade em seu novo filme, Os Penetras.
Uma comédia rasgada protagonizada por dois comediantes bem atuais, Marcelo Adnet da MTV e Eduardo Sterblitch do Pânico. O inusitado encontro dos dois se dá em pleno passeio turístico no Rio de Janeiro. Sterblitch é Beto, um homem inseguro que sofre com a rejeição de Laura, sua grande paixão. Ele está prestes a se suicidar, quando Marco Polo (Adnet) o salva e passa a ajudar na missão de reconquistar a moça. Pelo menos, é nisso que Beto acredita. E nessa jornada, eles vão filando festas badaladas no fim de ano da cidade maravilhosa.
Essa premissa não deixa de ser interessante. O ritmo do texto e dos comediantes nos levam a situações engraçadas quando eles se passam por comendadores, seguranças, garçons e até artistas internacionais. Adnet, Sterblitch e Stepan Nercessian possuem times diferentes de comédia e acabam se complementando em um jogo interessante e divertido. Há algumas boas pistas e recompensas. Além de momentos inusitados que nos levam ao riso fácil. O problema é que o filme não se sustenta apenas nisso.
Em uma tentativa de espichar as aventuras, o roteiro acaba caindo em excessos cansativos, como toda a trama da russa Svetlana ou a cansativa ida e volta do milionário Anchieta (Luiz Gustavo) e o casal vivido por Miele e Suzana Vieira. Ou mesmo, a tentativa de suicídio que exagera na resolução forçando um riso que não existiria. Isso sem falar em toda a sequência que envolve os policiais. Desde a exagerada blitz, passando pelas confusões com o remédio para garganta, até a resolução na praia. Tudo é cansativo, exagerado, buscando soluções fáceis pastelão e estereotipadas. E nem vou comentar a lamentável sequência final.
Há problemas também de roteiro, com alguns furos, como ele simplesmente sair do hotel e entrar no jipe turístico no início do filme. Ou o próprio fato dele ter tanto dinheiro e não poder se hospedar no hotel de Laura para facilitar a comunicação. Mas, ao mesmo tempo é criativa a forma como eles penetram nas festas, dando um ritmo interessante a cada começo de cena. Além de toda a situação com Laura e a resolução dessa aparente complicada trama.
Nesse ponto, vale destacar o elenco feminino, a começar por Mariana Ximenes que consegue convencer em sua sensualidade e personalidade dúbia. Da mesma forma que Elena Sopova, apesar de sua personagem Svetlana ser uma inserção cansativa, ela está a vontade em cena. Suzana Vieira também cumpre o seu papel de perua madura. E Andrea Beltrão acaba sendo uma ótima surpresa, mérito da atriz e da virada no roteiro.
Os Penetras acaba sendo um filme instável. Com momentos de comédia inteligente e outros cansativos em sua fórmula tola de apelar para o riso fácil com situações pastelão. A trama é frouxa, sem possibilidade de camadas dentro do texto, usando muitos estereótipos e algumas tentativas de inovação. Há algo de interessante na premissa, como foi dito, mas fica mais na intenção que na realização. Uma pena.
Ah, e como já se tornou costume nas comédias brasileiras, nos créditos vemos divertidos vídeos de gravação.
Os Penetras (Os Penetras, 2012 / Brasil)
Direção: Andrucha Waddington
Roteiro: Andrucha Waddington, Rafael Dragaud, Marcelo Vindicato e Nina Crintzs
Com: Marcelo Adnet, Eduardo Sterblitch,Stepan Nercessian, Mariana Ximenes, Andrea Beltrão, Susana Vieira e Luiz Gustavo
Duração: 88 min
Uma comédia rasgada protagonizada por dois comediantes bem atuais, Marcelo Adnet da MTV e Eduardo Sterblitch do Pânico. O inusitado encontro dos dois se dá em pleno passeio turístico no Rio de Janeiro. Sterblitch é Beto, um homem inseguro que sofre com a rejeição de Laura, sua grande paixão. Ele está prestes a se suicidar, quando Marco Polo (Adnet) o salva e passa a ajudar na missão de reconquistar a moça. Pelo menos, é nisso que Beto acredita. E nessa jornada, eles vão filando festas badaladas no fim de ano da cidade maravilhosa.
Essa premissa não deixa de ser interessante. O ritmo do texto e dos comediantes nos levam a situações engraçadas quando eles se passam por comendadores, seguranças, garçons e até artistas internacionais. Adnet, Sterblitch e Stepan Nercessian possuem times diferentes de comédia e acabam se complementando em um jogo interessante e divertido. Há algumas boas pistas e recompensas. Além de momentos inusitados que nos levam ao riso fácil. O problema é que o filme não se sustenta apenas nisso.
Em uma tentativa de espichar as aventuras, o roteiro acaba caindo em excessos cansativos, como toda a trama da russa Svetlana ou a cansativa ida e volta do milionário Anchieta (Luiz Gustavo) e o casal vivido por Miele e Suzana Vieira. Ou mesmo, a tentativa de suicídio que exagera na resolução forçando um riso que não existiria. Isso sem falar em toda a sequência que envolve os policiais. Desde a exagerada blitz, passando pelas confusões com o remédio para garganta, até a resolução na praia. Tudo é cansativo, exagerado, buscando soluções fáceis pastelão e estereotipadas. E nem vou comentar a lamentável sequência final.
Há problemas também de roteiro, com alguns furos, como ele simplesmente sair do hotel e entrar no jipe turístico no início do filme. Ou o próprio fato dele ter tanto dinheiro e não poder se hospedar no hotel de Laura para facilitar a comunicação. Mas, ao mesmo tempo é criativa a forma como eles penetram nas festas, dando um ritmo interessante a cada começo de cena. Além de toda a situação com Laura e a resolução dessa aparente complicada trama.
Nesse ponto, vale destacar o elenco feminino, a começar por Mariana Ximenes que consegue convencer em sua sensualidade e personalidade dúbia. Da mesma forma que Elena Sopova, apesar de sua personagem Svetlana ser uma inserção cansativa, ela está a vontade em cena. Suzana Vieira também cumpre o seu papel de perua madura. E Andrea Beltrão acaba sendo uma ótima surpresa, mérito da atriz e da virada no roteiro.
Os Penetras acaba sendo um filme instável. Com momentos de comédia inteligente e outros cansativos em sua fórmula tola de apelar para o riso fácil com situações pastelão. A trama é frouxa, sem possibilidade de camadas dentro do texto, usando muitos estereótipos e algumas tentativas de inovação. Há algo de interessante na premissa, como foi dito, mas fica mais na intenção que na realização. Uma pena.
Ah, e como já se tornou costume nas comédias brasileiras, nos créditos vemos divertidos vídeos de gravação.
Os Penetras (Os Penetras, 2012 / Brasil)
Direção: Andrucha Waddington
Roteiro: Andrucha Waddington, Rafael Dragaud, Marcelo Vindicato e Nina Crintzs
Com: Marcelo Adnet, Eduardo Sterblitch,Stepan Nercessian, Mariana Ximenes, Andrea Beltrão, Susana Vieira e Luiz Gustavo
Duração: 88 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Os Penetras
2012-11-27T09:00:00-03:00
Amanda Aouad
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