Zumbis estão mesmo na moda. De todos os tipos, com as mais diversas regras. Tem até
zumbi namorando no
cinema. Por que não pulando como gatos ariscos? Agora é a vez de
Brad Pitt enfrentá-los em um
filme que se inspira no livro de mesmo nome escrito por
Max Brooks. O universo é o mesmo, mas os roteiristas construíram uma trama para acompanharmos, ao contrário dos depoimentos que podem ser lidos nas páginas de
Guerra Mundial Z.
A trama é muito simples, o mundo sofre com uma
epidemia desconhecida. Cabe ao ex-agente da ONU, Gerry Lane (
Brad Pitt), descobrir a origem de tudo isso e a possível cura. Enquanto ele estiver na ativa, sua
família estará a salvo em um navio em alto mar. Só que à medida que ele vai viajando pelo
mundo, vai percebendo que os
zumbis são praticamente indestrutíveis.

O ponto alto do
filme é a capacidade de criar essa atmosfera do caos. O início da trama é extremamente bem feito, tenso e com sustos pontuais capazes de tirar qualquer um do conforto de sua cadeira. A apresentação da família é rápida e eficiente. Gerry Lane, sua esposa e suas duas filhas estão saindo para mais um dia rotineiro quando um engarrafamento se torna um desespero. Os detalhes de sons, de imagens que nos dão algumas pistas dos problemas, as motos policiais passando de uma maneira desesperadora. A tensão vai sendo construída aos poucos e nos fazendo ir junto com os personagens. Descobrimos junto com eles as primeiras criaturas, os ataques, os segundos necessários para a transformação.

A cena no supermercado é a mais emblemática da situação geral. E sempre brinca com o reverso da expectativa. O rapaz que toma conta da parte dos remédios, o que esperamos e o que ele faz. Os arruaceiros que atacam nas gôndolas. E o policial que chega correndo. Com três situações-chaves, os roteiristas e o diretor
Marc Forster conseguem nos passar a nova ordem mundial. O desespero em meio a uma
epidemia e a luta pela
sobrevivência.
Ainda que economize em alguns efeitos especias (não mostrando detalhes de feridas, por exemplo), o
filme constrói muito bem seus
mortos-vivos. A maquiagem é convincente, assim como os efeitos especiais dos ataques e das transformações. As cenas de ataques e destruição em massa impressionam. E o 3D ajuda na profundidade deste mundo em meio ao
caos. As cenas em cima de um edifício, por exemplo, são bem realistas, assim como os diversos vôos de helicóptero e avião.

Tudo funciona muito bem enquanto temos ação e muita adrenalina. Mas, em determinado ponto, as coisas começam a parecer desandar, caindo em um
humor involuntário que perde muito da
tensão inicial. Há exageros, como todos os
filmes de ação e catástrofes. Mas, em determinado momento, o exagero passa dos limites, acho que nem Chuck Norris ou mesmo Highlander se sairiam tão bem. Mas, não chega a comprometer o pacto ficcional. Queremos acompanhar aquilo. O problema maior é quando os
zumbis começam a ser risíveis. Isso incomoda, já que não estamos falando de mais uma paródia irônica.
Afastado dos blockbusters há algum tempo,
Brad Pitt consegue cumprir o seu papel. E, cá entre nós, este acaba sendo o apelo principal de
Guerra Mundial Z. O novo
filme de
Brad Pitt com
zumbis. Não temos uma interpretação que chame a atenção, mas também não o vemos com má vontade construindo algo no piloto automático como foi em Tróia, por exemplo. É
Pitt em uma boa forma, ainda que nitidamente envelhecido, em uma boa sessão pipoca.
Guerra Mundial Z é aquele
filme genérico que diverte, cria tensão, dá
sustos e nos faz torcer pelos protagonistas. Não muda o mundo, não surpreende, mas cumpre o seu papel. É, então, um bom
filme naquilo que ele se propõe, arrastando milhares de pessoas ao
cinema que sairão de lá satisfeitas com o que viram.
Guerra Mundial Z (World War Z, 2013 / EUA)
Direção: Marc Forster
Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard e Damon Lindelof
Com: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz
Duração: 116 min